“Que sufoco”, me diz um amigo de verde quando saio da cabine do Allianz Parque, onde transmiti pelo Facebook da Conmebol. Respondo:
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“Que Palmeiras”!
Mais do que sinônimo, constatação.
Sina. Senha. Sanha.
Que Palmeiras esse que está dando orgulho de torcer. Muitas vezes prazer de ver. Para não dizer respeito, temor e raiva de torcer contra.
Apenas em um momento dos 180 minutos mais 12 pênaltis o Palmeiras superou o Galo: na cobrança de Murilo. A sexta que venceu Everson e fez pela primeira vez Abel ganhar uma disputa de pênaltis pelo Palmeiras. Do Mineirão até o Allianz Parque iluminado pela torcida que canta o jogo todo mesmo, e vibra além dele, só no pênalti do zagueiro que havia feito contra e a favor em BH o bicampeão da América esteve à frente do campeão do Brasil e da Copa do Brasil de 2021.
Vencendo enfim o pavor dos pênaltis. Com Weverton defendendo uma cobrança infeliz de Rubens. O substituto de Arana no jogo tenso onde o Galo teve sete chances e o Palmeiras apenas duas. Também por Danilo ter se perdido ao ser expulso aos 29 por entrada dura como a de Scarpa, que também foi expulso aos 36 da segunda etapa.
Palmeiras que jogou quase todo o tempo num 4-4-1 sem a bola, e no 4-3-2 quando a teve. Buscando mais do que o esperado o ataque. E com frieza e respeito ao jogo administrando o tempo sem fazer cera. Tão louvável quanto notável. Contra um Galo que não teve o apetite necessário. A confiança e a capacidade de criar espaços e lances contra a solidez da armada de Abel.
Teve uma cabeçada de Jair rasante à trave, o gol que Hulk perdeu aos 46 diante da ótima saída de Weverton, e poucos lances claros. Criativos. O Atlético seguiu sem se achar como time. Um punhado de ótimos nomes que não se conectam.
Diferente desse Palmeiras que se supera iluminado e plugado em 330 como Rony. Palmeirense que faz linda e brilhante festa de luz de celulares como a sua torcida que cola adesivos nas cadeiras para deixar tudo mais verde.
Mancha Alviverde que, como toda organizada, tem seus pecados pela violência e virulência dentro e fora dos campos. Mas que nos momentos de dificuldade do time, ou melhor, em todos os momentos e fases do clube, em todos os lugares onde ele está, é a torcida que liga a chama que inflama tudo quando o Palmeiras perdeu o primeiro e o segundo expulsos. O que pediu e viu meu caçula no intervalo: “A gente tem que ter voz, e eles têm que ter gás”.
O Palmeiras também teve fôlego para ganhar mais uma e seguir a série sem derrotas na Libertadores pela torcida que puxou o estádio e levantou o jardim suspenso do Allianz Parque no gogó. No grito. No gol.
Caiu Danilo de modo mezzo juvenil mezzo FM? A Mancha levantou a voz e criou mais um no gramado. Caiu Scarpinha no final? O parque da aliança fechou o corpo e abriu a glote para garantir na garganta o barulho que alimenta e insufla.
Não tenho palavras para mais uma noite épica com espírito de porco e alma de periquito. Das lindas bandeiras de volta às bancadas. Mas teve o canto em cada canto do Velho Palestra dos palmeirenses que honraram o hino. Dos alviverdes como a minha mulher que não conseguiu ver os pênaltis. Da minha filhota que viu com o manto da sorte por baixo do agasalho na noite mais fria do ano. No dia dos ventos mais fortes paulistanos em tempos.
Em outra jornada em que o vento não cala ninguém que grita com gosto. Em outra epopeia de um time que joga a favor dele.
Ou melhor: Palmeiras que faz o vento soprar a favor. Verga, mas não quebra. Veiga, Scarpa, Gómez e companhia ilimitada. Verdão que te quero ver sempre assim.
Histórico.
Não contra tudo e contra todos. Mas a favor de tudo e de todos que são nossos.
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