Os sonhos e os heróis

Não queira entender, agora, que a vida já passou algumas vezes pelo seu calendário, os sonhos que uma criança carrega. Você já teve os seus, mas talvez não se lembre mais tão bem. Ou não queira confessar que eles residem disfarçadamente no seu coração. Heróis convivem conosco. 

Nossas maiores dificuldades, aquelas que mais doem, são vencidas, tantas e tantas vezes, com a inspiração naquele fictício personagem que encanta de forma tão concreta e real. Ele extrapola o senso de lógica, ele se materializa no ideal de cada um. Cada gesto, cada vestimenta, cada cumprimento. Cada conquista, cada dor. Ele representa.

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De braços cruzados, punhos serrados, olhos serenos e concentrados, energias compartilhadas, o Black Panther estrelou nas telas o heroísmo negro. Guerreiro, humilde, honesto, amável e cheio de honra. Liderou seu povo. Gritou do fundo da alma, com sangue nas palavras, que eles todos se pertenciam. Wakanda Forever. 

Quando um garoto, nos rincões do país ou no ricaços campos de condomínio, usa uma camisetinha esburacada ou mesmo um uniforme patrocinado, ele sonha em ser quem estampa a parte de trás daquela representação. Sonha em ser aquele sucesso encarnado. Sonha ser a parte pelo todo de seu povo. É a conquista em forma de desejo infantil. 

Ou mesmo o mais experiente. Ele usa gestos, se assemelha na forma de se vestir, usa bordões, cumprimentos, ouve trilhas sonoras. Finge ser aquele personagem, comemora como aquele jogador. Imita, homenageia, se inspira. O ser humano depende de heróis. Sejam de verdade, sejam os que foram concebidos pela dramaturgia. Heróis não morrem, nunca. Eles mudam de plano. E se eternizam no coração de cada um.