JG Falcade: ‘Endrick é passado, presente e futuro’

Existem pessoas que ignoram o tempo. Pra elas, ele funciona de forma muito particular e um tanto anacrônica. Costumeiramente, essas pessoas não seguem prognósticos e acontecem à sua maneira e muito antes do que deveriam, em tese. Teses, inclusive, não explicam esse tipo de pessoa. Só o futuro, e olhe lá.

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Endrick é uma história que já tem louros antes mesmo de começar. Sejamos cá muito honestos sobre o torneio Sub-17 que aconteceu na França. Não é desses que movimentam televisões e torcedores. Estádio modesto, relevância muito específica e pouco acesso. Por conta de Endrick, todos nós estávamos de olhos muito abertos. E o mundo também.

Uma foto pós título foi prontamente comparada com uma de um tal de Edson, anos e anos atrás. E ele tem 15 anos. Nunca esteve num time profissional, mal sabe a dimensão de quem é e do que faz. Faz muitíssimo bem, assombra pela qualidade, mas é menino e logo depois de tantos gols e conquistas, vai se sentar frente ao seu videogame para viver a vida cronológica.

Astros, estrelas, fenômenos são assim. Super-herói no trabalho e cidadãos comuns fora dele. Mas como podemos já vislumbrar o heroísmo pra um menino? Uma criança? Não é exatamente justa a pressão, mas ela é proporcional à realidade, que já causa tanto barulho, e análises, e crônicas, e textos, e projeções, e fascínio, e fotos. E dinheiros.

Endrick me encanta pela simplicidade. Um touro de forte, um sorriso de moleque, divididas de um gigante, felicidade de uma criança. Gols de craque, vida de menino. Talento de pouquíssimos, humildade de raríssimos. Endrick é como sua família, que fez de tudo para que ele pudesse se provar em campo. Sem ajuda, sem escala, sem caminhos mais fáceis. Se ele é o 9 da Seleção(zinha) é porque ele conquistou jogando futebol, coisa tão simples – e tão incomum.

No país que foi o do nosso esporte preferido, Endrick me lembra do porque gosto tanto desse jogo. Me lembra por que estamos aqui. E como ainda é possível ver um jogo de torneio que nem sei o nome e torcer como se fosse Copa. Por ele. Por Luís Guilherme. Por dois meninos simples, que tem a cor de Pelé na pele, a cor do Palmeiras no coração e certeza de um futuro feliz, seja onde e como for.

Jogar futebol é para meninos como Endrick.

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