Neto,

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Não tenho um programa de televisão que movimenta milhões de pessoas e de reais, tampouco sou adorado por uma torcida. Não tenho visibilidade e força de fala, tampouco centenas de milhares de seguidores. Não tenho, Neto, o canhão da comunicação a meu serviço, algo que te sobra, mas tenho responsabilidade pra comunicar, o que tanto te faltou.

Vou me ater ao atual caso, quando você usou de seu programa na TV Band para ofender a nacionalidade, a índole e a família de Abel Ferreira, treinador do Palmeiras, e figura que recebe de você, com enorme frequência, críticas destonadas, palavras ofensivas, zombaria e desrespeito, mas isso creditaremos ao suposto ‘bom humor’.

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O departamento jurídico do Palmeiras certamente está estudando as falas ofensivas feitas e imagino que possa levar o caso à justiça, mas isso é o de menos para você, Neto, que tem dinheiro o suficiente para lidar. Dinheiro esse que vem do seu espaço na televisão aberta do país, paga pelo brasileiro, consumida pelo jovem e pelo idoso, que assistem a tanto destrato.

Logo na televisão, que deve dar exemplo, como você já fez outras vezes, falando sobre homofobia, sobre racismo, sobre comportamento. Parece que você é um quando o assunto é o mundo e outro quando o assunto é Palmeiras. Entendo a rivalidade, mas jamais a hostilidade. Não é esse é o futebol que precisamos. A figura pública deve mostrar que a civilidade é o passo primordial.

Como explicar para um jovem que ele erra ao ofender o seu rival quando no almoço, na sua casa, há alguém falando ao vivo coisas dessa magnitude – baixa e triste. Estar no jornalismo sem ser jornalista não é o problema, mas usar do espaço da informação para desinformar, deseducar, descuidar e desinformar é um problemaço, gravíssimo, que tem consequências de ordem moral e ética.

Vestir-se em uma fantasia rosa, emulando um porco, é uma escolha, ainda que patética, mas uma escolha. Ofender a nacionalidade de uma pessoa que nem no futebol está é só violência gratuita e falta de hombridade. O futebol é feito por todos nós, Neto. Por mim, de pouco espaço, pouca relevância e pouca voz, e por você, que tem o mundo ao alcance do microfone.

Use melhor. Honre sua função.

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