Cem anos de Oberdan Cattani

(Fotos: Acervo Palmeiras)

“Bom dia aos ouvintes”. Era assim que Oberdan Cattani iniciava todas as entrevistas, independentemente se fossem para rádio, tv, jornal ou site. Sentado na cadeira de seu quarto, vivia e respirava Palmeiras em um museu particular.

Pegava a faixa de campeão paulista de 1942 com a mesma naturalidade com que cortava os cruzamentos com a mão gigante. Viveu o Palestra, celebrou o Palmeiras e virou busto, mesmo que não tenha visto a homenagem em vida.

São cem anos do primeiro a liderar a Academia de Goleiros. São cinco sem ele, que mora ao lado dos companheiros Waldemar Fiume e Junqueira. Os mesmos a quem recorreu para pedir ajuda no antigo clube social na hora dos pênaltis decisivos da Libertadores de 1999, quando desceu dos camarotes e se juntou aos bustos dos dois enquanto escutava a reação do velho Palestra Italia até a explosão do título.

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Oberdan era daqueles que ficava na porta de casa, sentado na garagem observando as pessoas passarem na calçada. Bastava ver alguém com a camisa alviverde que logo convidava para entrar e ver o seu museu particular. Não precisava conhecer. Bastava ser Palmeiras.

Não esquecia um companheiro sequer na hora da reza diária antes de dormir. Escalava um a um, além da esposa Marcília, com quem se casou em 1945 e viveu até 1977.

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Oberdan se foi quando o seu Palmeiras estava mal de saúde. A homenagem que demorou a sair, hoje está ao lado de outros ícones verdes em lugar de destaque na sede social, remodelada com o Allianz Parque.

O Dia da Paixão Palmeirense também é dia de Oberdan Cattani. Sorte do torcedor que pode celebrar o 12 de junho duplamente.