Lições estaduais para a América do Sul – por Diego Iwata Lima

ESCREVE DIEGO IWATA LIMA

Na minha frente, vejo o Brasileiro e a Libertadores. E é só para frente que desejo olhar.

O Paulista acabou. Podemos reclamar, nos indignarmos, romper com a Federação. Nada mais vai mudar o resultado do jogo de domingo. Talvez, só um áudio de alguém dizendo ao árbitro que a TV mostra que não houve penal. Ou nem isso. A história recente do Brasil mostra que, às vezes, nem áudios comprometedores bastam para impedir alguns interesses.

De modo que, do jogo de domingo, vale olharmos os aspectos cujas melhorias dependem exclusivamente do Palmeiras – e, aqui, incluo a torcida, que, em jogos decisivos, não necessariamente joga junto, mas ajuda ou atrapalha com a atmosfera que constrói e alimenta.

Sai o Estadual, entra o Continental. E se o futebol não engole alguns vacilos, a Libertadores engole ainda menos. E o Boca Juniors, menos ainda.

Em que pese tudo de errado que aconteceu, não dá para negar que o Palmeiras começou a desmoronar ao sofrer um gol com um minuto de bola rolando. Era tudo que não podia ter acontecido. O Corinthians é mestre em se fechar. E o Palmeiras deu a eles essa possibilidade. Com o Boca, não será diferente. Se os argentinos fizerem 1 a 0 logo cedo, não haverá mais jogo no Allianz Parque.

Ok, é dureza ter um pênalti desmarcado em casa. Mas, nos oito minutos de “negociação”, o Palmeiras saiu do sério, perdeu seu foco. Jogadores se desesperaram. Controle emocional é fundamental na Libertadores. É óbvio, né? Mesmo assim, há anos, argentinos e uruguaios nos dobram com provocações, milongas, reclamações, gestos e quetais. No domingo, de longe, eu só pensava, “pelo amor de Deus, vamos bater logo esse escanteio, temos 20 minutos ainda…”.

Isso vale para a torcida também. Eu sei, a vontade de vencer era enorme. A raiva pelo absurdo que rolava no gramado, também. Mas, no lado Sul do estádio, que foi de onde vi a final, houve muito torcedor xingando o time, o juiz, a mãe, o Roger, o corrimão da escada, as lâmpadas do telão que se queimaram, um ao outro. Como disse Michael Corleone a seu irmão Fredo em “O Poderoso Chefão 2”, você nunca deve se voltar contra sua famiglia.

Ainda há oito meses e dois campeonatos em disputa. Final com Dérbi à parte, a verdade é que o Paulista era o que valia menos. Se o Palmeiras não decidir sair do lugar, incluindo a torcida, nosso ano terá mesmo se encerrado em abril. E aí, a lambança do senhor juiz não terá nos tirado apenas um troféu, mas três.

Não nos esqueçamos de que o Corinthians também joga a Libertadores. Se tudo correr como esperado, em algum momento, poderemos, no Sul-americano, ter a chance de devolver a eles o resultado do Paulista. Mas, para isso, temos de começar a deixar o domingo para trás.

ESCREVEU DIEGO IWATA LIMA