A proposta de 19 clubes da Série A para a CBF para fundar uma liga com intuito de organizar o próximo Campeonato Brasileiro provocou repercussões distintas entres as partes. Ainda que de forma implícita, a Federação se mostra contrária à decisão e tem buscado enfraquecer o projeto nos bastidores. Em paralelo a isso, os clubes já preparam formação de uma nova entidade que possa conduzir a Liga. A informação foi noticiada pelo portal ‘ge’.
A ideia da CBF é minar alguns pontos da proposta para conseguir manter a organização do Brasileirão no modelo atual, no qual detém autonomia quase total sobre o campeonato. Além disso, há também a compreensão de que são os clubes que devem ir atrás para concretizar o plano.
Nesse sentido, os dirigentes pretendem fazer exatamente isso. A movimentação para estruturar ainda mais o projeto deve seguir nas próximas três a quatro semanas. Sendo assim, apenas quando os moldes da nova organização da competição estiverem prontos que os dirigentes devem retomar as negociações com a entidade.
Aproveitando a ocasião, outro documento foi entregue na mesma data com um requerimento de maior participação nas deliberações da entidade. A pressão é para que clubes tenham maior autonomia diante das federações, como com votos igualitários para todos – atualmente, as confederações estaduais têm peso 3, agremiações da Série A têm peso 2 e, por fim, da Série B têm peso 1.
Este fato gerou discordância por parte da CBF, uma vez que a instituição entende que é incoerente exigir maior poder de decisão e, simultaneamente, articular uma liga própria. Os clubes, por sua vez, defendem que a medida não é contraditória, por se tratar de um produto específico, o Campeonato Brasileiro, enquanto as demais competições seguiriam sob competência da confederação.
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Há, por parte dos presidentes, o reconhecimento de que a atitude foi tomada neste momento em decorrência do cenário interno conturbado na CBF. Recentemente, o presidente Rogério Caboclo foi afastado do cargo por causa de uma denúncia de assédio contra uma funcionária. Apesar disso, a intenção é manter a parceria com a confederação, inclusive, por ela servir como ponte para questões da Conmebol e da FIFA.
Em relação ao principal foco de dúvidas no dia de apresentação da proposta, o comando da nova instituição deve ficar a cargo de um CEO executivo sem ligação direta com qualquer equipe. Para tal, ele irá responder a um conselho formado pelos representantes das agremiações, que deverão ter isonomia nas decisões.
Um problema ainda não resolvido é a negociação com as federações dos estados. Envolvendo uma discussão estrutural no futebol brasileiro, a relação do calendário com os campeonatos estaduais ainda é posta como entrave. Compreende-se, pelo lado das equipes que é inviável manter o esquema atual, porém as federações contestam. Das instituições que se manifestaram, a maioria evitou tomar partido antes de ter noção do projeto em detalhes.
Para o ‘ge’, a Federação Paulista de Futebol (FPF) posicionou-se de forma favorável à criação da Liga.
– A FPF entende o movimento dos clubes, torce para que dê certo e espera que a liga tenha uma gestão profissional – declarou Reinado Carneiro Bastos, presidente da instituição.
O Palmeiras também se manifestou, explicando o objetivo da proposta entregue na última terça-feira (15) e citou as expectativas com a realização do projeto.
– Existe consenso entre os clubes de que é necessário evoluir. Os clubes têm que participar da organização e estruturação da competição. Além de aumentar a capacidade de captação de investimentos, o objetivo da Liga é fazer com que os clubes determinem todo o processo de criação, regulamentação, calendário e também façam a administração e distribuição destes recursos. Esse movimento não caracteriza uma ruptura, mas, sim, um processo necessário de crescimento e amadurecimento para o futebol brasileiro – afirmou o clube.
Não é a primeira vez vez que o Palmeiras se une com os principais clubes do país em função de novas estruturas para o futebol brasileiro. A Copa União, criada em 1987, foi um das tentativas dos times de se organizarem para defenderem seus próprios interesses esportivos, políticos e econômicos.
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