Mauro Beting: ‘Não pode’

Não “pode” uma semifinal de Libertadores entre o atual campeão contra o time de melhor campanha da competição só ter uma finalização em gol

Não “pode” uma semifinal de Libertadores entre o atual campeão contra o time de melhor campanha da competição só ter uma finalização em gol – e essa foi um lance que Rony escapou sozinho por quilômetros (como ficou quase todo atacante alviverde durante a chata partida) e deu um peteleco de fora da área que Everson dominou com os pés… O lance da foto na reprodução da imagem do SBT.

Não “deve” o grande líder do Brasileirão não acertar a meta do adversário em 90 minutos. Não “pode” o mandante (o brasileiro que mais jogou a Libertadores desde 1960, a equipe invicta 14 partidas como visitante) não criar uma chance de gol em 90 minutos.

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Não “deve” o ainda favorito Atlético de tanto investimento e qualidade ter apenas quatro oportunidades: um belo lance de Arana (sempre perseguido por Rony) que mandou pra fora aos 13; o pênalti que Hulk mandou na trave de Weverton, e mais dois tiros de longe do melhor jogador em campo pra fora. Um deles numa cobrança de falta.

Até “pode” um time inferiorizado técnica e taticamente ficar mais plantado, atrás, com Marcos Rocha como zagueiro, especulando no contragolpe. Desde que produza alguma coisa de perigo em 90 minutos.

E agora chega de aspas. Não pode e não deve ser jogo tão fraco e improdutivo como foi.

Não é surpresa o que fez Abel, até na escolha inicial: com Felipe Melo dando mais robustez na cabeça da área e na caça a Hulk no lugar do baleado Danilo, com Zé Rafael deixando o meio-campo ainda mais encorpado e lento, e com Luiz Adriano mais uma vez distante do grande centroavante que já foi.

Cuca pela primeira vez escalou desde o início Diego Costa na frente, Hulk por todos os lados, e Nacho mais atrás para organizar o jogo com Zaracho. Mas o Palmeiras mais uma vez não concedeu espaços. Já havia sido assim na grande vitória sobre o São Paulo pela Libertadores (a melhor atuação das 88 partidas de Abel comandando o Palmeiras). Então, o São Paulo não acertou a meta de Weverton- também por Pablo ter perdido um gol impressionante no segundo tempo… Pela segunda partida consecutiva, o Palmeiras não recebeu chutes na sua meta em 90 minutos de mata-mata da Libertadores.

É um feito inegável, prova de excelência defensiva. Mas um time como Palmeiras, mais uma vez semifinalista, não pode pensar apenas em não tomar gol. Jogando por nenhuma bola em casa.

Claro que um golzão paulista no Mineirão obrigará o campeão mineiro a vencer o jogo. Mas quem garante que em BH o time de Abel vai fazer o gol que o Galo não sofre há impressionantes sete jogos pela Libertadores? Atlético que só levou três gols em 11 jogos.

Só especular a decisão para os pênaltis pode ser mais uma penalidade máxima para o Palmeiras que perdeu em 2021 o terceiro lugar no Mundial, a Supercopa do Brasil, a Recopa Sul-Americana e até a vaga na Copa do Brasil nos tiros livres da marca penal.

O jogo não foi bom. O primeiro tempo ainda foi mais interessante e intenso, com o Atlético ficando com a bola, circulando-a e mexendo bastante o time, e achando eventualmente alguns espaços. Como no lance do pênalti em belo lançamento de Allan às costas do instável Piquerez, para o afobado Gómez derrubar Diego Costa. Mas ainda foi muito pouco para a qualidade do Atlético, e ainda menos para o tamanho do Palmeiras e para as possibilidades do elenco que Abel tem.

O treinador que teve a mudança da vida e de vida na Glória Eterna ao escalar Breno Lopes no Maracanã. Mas, desde então, muitas das escolhas iniciais e várias mudanças durante os jogos merecem as críticas que o time recebeu por mais uma atuação ofensivamente nula.

A saída de Dudu na segunda etapa (ainda que o craque do time não estivesse jogando bem, como toda a equipe muito acanhada) não é coisa que se faça. É quase um dogma. O craque do time não se tira até quando não está legal. Ainda mais com alguém tão irritadiço como Dudu. Mexida que não criou a solução dentro de campo, e cria mais problemas para administrar fora.

Não é por isso que o Palmeiras não jogou bem. Mas é mais uma questão para o Verdão ter que lidar para o jogo de volta. Onde até passou a ter mais chances do que tinha antes. Mas desde que o Palmeiras resolva jogar como Palmeiras.

O Galo ainda é favorito. Mas já foi mais. Um placar realmente perigoso no futebol que não é o 2 a 0 a favor;
é o zero a zero como visitante da primeira partida de um torneio com o regulamento do gol marcado fora de casa. É o que o Galo precisa se atentar para a volta do Mineirão. Quando teremos a volta do futebol que não se viu no Allianz Parque.

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