Neto de jogador do Palestra Italia recorda foto rara de 1915 e visita a Academia de Futebol

Natural de um vilarejo perto de Parma, na Itália, Luiz Salvatore Fabbi nasceu em 1890 e rumou ainda muito jovem ao Brasil. Tendo a funilaria como profissão, aceitou trabalho na obra do Theatro Municipal de São Paulo, concluída em 1911.

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Ao mesmo tempo que se dedicava às obras, Fabbi também foi um dos fundadores do Corinthians, em 1910, e o autor do primeiro gol da história alvinegra, em 14 de setembro daquele ano, contra o Estrela Polar, clube amador da cidade de São Paulo. No entanto, uma briga com a diretoria do rival fez com que Luiz e o irmão Arturo viessem ao Palestra Italia em 1915.

– Ele tinha sangue quente […] Um homem muito rico se ofereceu para ajudar o Corinthians, comprando uniformes e materiais esportivos, desde que o filho dele fosse escalado. Meu avô ficou tão bravo com a situação que foi à sede corintiana e quebrou tudo – disse o aposentado José Marcos Fabi, de 68 anos, neto de Luiz, ao site oficial do Palmeiras.

Com a camisa palestrina, Luiz (também conhecido como Luigi, Fabbi I e Nanni) disputou 11 partidas pela equipe principal do clube. Ligado à agremiação pelo campo e pela origem italiana, guardou com carinho uma foto rara, que foi levada pelo neto à Academia de Futebol, no início de outubro.

A foto, tirada em 29 de junho de 1915, é reconhecida como o primeiro registro fotográfico de um jogo do Palestra Italia na cidade de São Paulo, diante do Paulistano. O confronto foi o terceiro da história palmeirense – os anteriores ocorreram em Votorantim (então um distrito de Sorocaba), contra o Savoia, e na capital paulista (sem registro fotográfico), diante do São José do Liceu Sagrado Coração de Jesus.

Naquela data, o Palestra realizou um amistoso com o Paulistano, grande força do futebol paulista, e perdeu por 4 a 1, no Velódromo, onde se localiza atualmente a Rua Nestor Pestana, na região central da cidade. Na foto, tirada antes do pontapé inicial do prélio, mostra a equipe já perfilada no gramado com Luiz Fabbi (o terceiro sentado, da esquerda para a direita) à frente do irmão Arturo Fabbi (o penúltimo agachado) e ao lado do capitão Bianco (com a bola).

– Entre todas as milhares e milhares de imagens que compõem a nossa história, essa é uma das mais extraordinárias. Em 1915, o Palestra acabara de nascer; era impossível saber que logo se tornaria uma potência esportiva. Portanto, são poucos os registros fotográficos daquela temporada – afirma o coordenador do Departamento de Acervo Histórico e Memória do Palmeiras, Miro Moraes.

A descoberta da imagem foi feita pelo Palmeiras através de um vídeo publicado pelo aposentado no YouTube. José Fabi havia herdado a relíquia do pai, Luiz Fabbi Júnior, filho de ex-atleta, que morreu em abril de 2012.

– Quando fiz aquela postagem em homenagem ao meu avô, não tinha ideia de que a foto tinha tamanho valor histórico. Nos anos 1960, o Corinthians o presenteou com uma carteirinha de sócio remido, mas ele se recusava a ir buscá-la. Era palestrino e fez com que os quatro filhos, incluindo o meu pai, também torcessem pelo Palmeiras – completou José, de 68 anos.

– A partir do uniforme do time já é possível constatar que o jogo foi disputado em 1915. Além disso, o Police (primeiro em pé) participou de apenas três partidas pelo Palestra, todas em 1915. Já as árvores indicam que o estádio era o Velódromo – diz Moraes.

– Naquele ano, jogamos duas vezes no Velódromo, contra Paulistano e Santos. O atleta adversário ao fundo está de roupa branca e, na época, o primeiro uniforme do Santos era listrado. Para completar, o Bianco esteve em campo contra o Paulistano, mas não enfrentou o Santos. Logo, esse é o jogo diante do Paulistano – completou o historiador.

Além de Luiz, seu irmão, Arturo Fabbi (também chamado de Fabbi II e Matturio) que chegou ao lado do ex-atleta no Palestra em 1915, foi posteriormente treinador Alviverde na primeira vez que o clube disputou uma final contra o Corinthians, pelo Campeonato Paulista de 1936. Com dois triunfos na final, a equipe foi campeã do certame estadual daquela temporada, coroando uma década que marcou o tricampeonato palestrino entre 1932 e 1934.

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