Noite de escrever a nossa história

Não acreditei no chute de Gustavo Scarpa. Também não acreditei no de Cleiton Xavier ou no de Mazinho. Imagine só se acreditei na cabeçada do Betinho. O problema é que acredito na camisa. Nas cores. Na tradição. Coisas que não se compram.

Temos.

Sempre tivemos. O verde, o branco e o vermelho. Vicio que nos faz sair de casa, abandonar trabalho, gastar o dinheiro que não temos. Distância, medo, tempo, grana. Tudo fica pra trás quando se tem fé no amor. A incerteza se faz desejo e a comunhão da nossa melhor versão. A que constrói junto. A crença da arquibancada, o esforço no gramado.

Quando Dudu se arrasta por três vezes seguidas, exaurido, aos 95’ de jogo, foi por nós. Foram as vozes que estavam em Porto Alegre. As 40 mil que os esperam na próxima terça. Em cada dividida, um algo a mais. Um pouco de nós neles. Muito deles em nós. Por melhor que fosse o sofá não acompanhamos sentados. Quem sabe, não ajudasse?

Unidos.

Quando a expulsão aconteceu, o choro falou bastante. Não foi indolência, não foi imprudência. Foi futebol. Foi rigor, talvez. Ainda assim, é uma circunstância. A reação do elenco, não. A subida de volume da torcida, também não. Era um sinal vertiginoso, alto e claro de que ali aconteceu algo a mais. Existia um desejo de conjunto, de um pela outro e todos pelo Palmeiras.

É preciso ter orgulho de Copar o estádio do Grêmio. Lembramos do dia em que Copamos o Olímpico e hoje podemos escrever em linhas aliviadas, felizes e agradecidas, que aconteceu de novo. História não se encontra na prateleira. Ela se escreve e se eterniza em noites como a deste jogo.

Deste Palmeiras.