Por que é tão difícil alguns jornalistas considerarem que havia país antes de 1990 e futebol antes de 1971?

O corintiano foi o único torcedor no Brasil a gritar “heptacampeão”. E mesmo com o que disse Alberto Dualib a respeito do campeonato conquistado em 2005, os demais foram vencidos de modo incontestável. Até o de 1990, pelo regulamento que levou o oitavo colocado da fase inicial até a decisão, teve méritos na arrancada final puxada por Neto, Craque.

O Palmeiras ganhou seu sétimo brasileiro em 1993. O Santos, em 2002. Ninguém gritou que era “hepta” porque os clubes sabiam o que haviam conquistado nos anos 60, a Era de Ouro do futebol brasileiro. Esses títulos só seriam unificados em 2010. Logo, ninguém gritaria o que ainda não era nosso. Nem deles.

Aqui ninguém ganha no grito. Nem mente.

Questão de respeito. O que falta a muitos que ignoram por ignorância, por jactância, por despeito, por clubismo, por bairrismo.

Sou legalista. Se o cartório Fifa diz que o Mundial de 2000 foi Mundial, e foi mesmo, cumpra-se.

Se o cartório CBF unifica os títulos, e tinha mais de fazer isso desde 1971 em relação ao Robertão, e mesmo sendo possível discutir muito mais a questão em relação à Taça Brasil, também se cumpra.

Ponto.

Vergonhoso são veículos e jornalistas que desconhecem ou discordam e não explicam. Ou porque não sabem. Ou porque não querem nem saber.

Contrapõe fax aos fatos. Feitos às pesquisas mal feitas deles.

A PLACAR, talvez por ter nascido em 1970, acha que o mundo começou no número um. Embora eu tenha aprendido a ler com ela e tenha um carinho enorme pela revista e por quem a fez, sobretudo pela coragem em muitos momentos difíceis, a publicação da Abril peca muitas vezes por passar a impressão de viver em um planeta só dela. Só a conta dela vale. Só a “verdade” dela vale. No caso da Copa União, até entendo. Ela foi parceira do Clube dos 13, precisava pagar as contas, vender figurinhas e textos carimbados.

Mas a teima em não dar a menor pelota ao Robertão e Taça Brasil parece a mesma birra que tem em relação ao nome do estádio do Palmeiras. Lá sempre foi Parque Antarctica. Nunca Palestra Italia. Manual de redação. Abaixo da média e da mídia.

Não entendo. Do mesmo jeito que tem quem não sabe e não quer saber o que foi a Taça Brasil. Alguns, pelo visto e não lido, porque seu time não só não a venceu como jamais participou do primeiro torneio nacional não justifica. Jornalista não pode ser tão clubista assim. Nem tão prepotente para dizer que, nas contas “dele”, o Palmeiras não é enea. Como se ele fosse a CBF, a Fifa, a Liga da Justiça ou a Fofa.

A unificação dos títulos em 2010 também foi politiqueira. Feita por cartolas sem credibilidade. Mas unificar fatos e feitos independe do moral de quem a fez. Desmoralizar as conquistas por clubismo ou ignorância é tão inominável quanto.

Se a ditadura militar dissesse que o Sol era quente ele seria frio só por falta de crédito de quem disse?

Vivemos dias tristes. Quem conhece a história a ignora e desinforma. Em vez de debater, bate papo e bola como se estivesse no boteco.

Desaprecie sem moderação.