#SomosTodosVizinhosDoAbel – Atlético Mineiro 1 x 1 Palmeiras

Tem como discutir muito. Criticar bastante. Mas respeitar sempre. E não duvidar dessa camisa. Ainda mais quando não é favorita.

O Atlético Mineiro foi na volta da semifinal da Libertadores o mesmo time dos pênaltis perdidos para o São Paulo na decisão do BR-77. Tinha melhor campanha. Futebol. Time. Mais opções. Mais ofensivo e vistoso. Jogava em casa com torcida. E perdeu a classificação para a final da Libertadores-21 para o Palmeiras sem perder um jogo na campanha. Invicto há 13 partidas. Sofreu apenas 4 gols no torneio.

Mas que gol sofrido foi o de Dudu, do atual campeão da América!

Gol do clube brasileiro que mais gols fez, mais jogos disputou, mais vitórias tem na Libertadores que decide pela sexta vez. Agora ostentando históricos 15 jogos sem derrota como visitante.

Palmeiras que se classificou pelo gol fora como Palmeiras. Gigante. Mas ainda sem jogar a bola que amassou o São Paulo. Especulando mais no contragolpe em BH do que na pálida partida no Allianz Parque. Mas com sabedoria e humildade para entender as qualidades rivais. E aproveitar-se de um vacilo do ótimo Nathan Silva para fazer mais uma vez história no Mineirão.

Como nas históricas classificações contra o Cruzeiro, na Mercosul-00 e Liberta de 2001. No primeiro show de Gabriel Jesus na Copa do Brasil de 2015 contra o mesmo rival – início desse virtuoso e vencedor ciclo alviverde.

Mineirão palco do Palmeiras com a amarelinha – jamais amarelando – em 1965, inaugurando o estádio vestido como se fosse o que era – a seleção.

Palmeiras que foi amassado pelo rival, mas muito bem defendido pelo seu goleiro de seleção, e que no final do jogo acabou vencendo com gol do seu ponta. Esse era o Palmeiras de Brandão que ganhou do ótimo Cruzeiro no quadrangular final do BR-73. Foi 1 a 0. Gol de Edu Bala.

O mesmo Palmeiras de Abel Ferreira que em 2021 empatou como se vencesse o Atlético com gol de Dudu. Em ponto de bola.

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O problema palmeirense na ida em SP não foi se defender muito bem, o que é sempre uma solução. Foi abdicar do ataque. Foi só acertar um chute em gol. Foi jogar pequeno com a bola. Foi errar quase todos os passes. Foi apostar demais no regulamento debaixo nas chuteiras. O mesmo critério de desempate que acabou fazendo mais uma vez muito feliz o treinador Abel. E feliz de uma maneira que muitos palmeirenses já não acreditavam ser possível no Mineirão. Pelas qualidades do time do Cuca. E pelo Palmeiras também ficar muito atrás. Até demais reconhecendo a força do adversário. Mas, mesmo assim, chegando mais uma vez à decisão continental.

O jogo de volta foi bem melhor do que o da ida – como se imaginava. Muito pelo Galo que ficou com a bola mais vezes. Mas sem a ótima movimentação usual de Nacho por dentro, Vargas caindo da esquerda e chegando no atacante Hulk, e Zaracho, desta vez tímido, na movimentação a partir da direita. Arana apoiando menos do que o usual, mesmo tendo mais espaço do que teve em São Paulo, quando teve Rony a persegui-lo.

Era o Galo usual no 4-2-3-1 de Cuca. O mesmo time da grande vitória sobre o Fortaleza no BR-21. Já o Palmeiras, como de hábito de Abel, mudou de novo. Como a escalação até então não usada. Em que de novo (queiram os corneteiros ou não) conseguiu a 13ª classificação de Abel em 19 disputas de mata-mata em 90 partidas, desde novembro do ano passado.

Abel voltou com o mais eficiente sistema que tem pra se defender: Luan, Gómez e um ótimo Renan na zaga esquerda; Marcos Rocha foi o ala pela direita, e Piquerez se redimindo como ala pela esquerda; Felipe Melo, dos melhores em campo mais uma vez, líder de todos os fundamentos, fechando a cabeça da área, com Veiga (o melhor palmeirense em campo) a partir da direita e em todos os lugares, e Danilo mais solto como meia e não como grande o volante que é; na frente, Roni mais espetado e muitas vezes isolado, e Dudu dando um pé a Veiga, mas jogando menos do que sabge do que pode.

Em número, um 3-3-2-2. Na prática, um Palmeiras que teve apenas uma chance no primeiro tempo, no lançamento espetacular de Weverton – mais uma vez – para Piquerez.

O Galo teve três oportunidades nos 45 iniciais. Todas elas em bolas recuperadas no ataque como muito bem faz o time do cuca. Na segunda etapa, o Galo voltou ainda melhor, mais incisivo, e merecidamente abriu o placar, aos 6, em bela enfiada de Mariano para o cruzamento do ótimo Jair na cabeça de Vargas.

Na sequência, linda jogada do discreto Nacho fez com que Vargas perdesse outro gol impressionante, mandando a bola raspando a trave direita de Weverton, que mais uma vez foi gigante para fechar a meta.

Abel demorou mais uma vez para mudar. E, quando mudou, não fez “muita coisa”…

Tirou o solitário Rony e colocou Gabriel Veron para jogar mais centralizado numa função que não é a dele. Era o caso, sim, de se colocar o veloz ponta. Mas não sacando o mais agudo atacante, o Rony vice-artilheiro histórico do Palmeiras em Libertadores. Era o caso de, com o o Palmeiras perdendo e jogando menos que um time que era melhor, que o treinador soltasse mais a equipe. Buscando ser mais ousado para tentar o resultado que não era dele. Abel poderia ser sacado Luan, que errava mais uma vez lances pontuais. O português foi mais conservador pra não dizer precavido demais: trocou o atacante por outro.

Mas, exatos 50 segundos depois da entrada necessária de Veron (no lugar da incompreensível saída de Rony), mais uma vez, baixou o espírito da Glória Eterna do Maracanã, quando Abel colocou Bruno Lopes em campo quando se esperava Willian. Ou até seria o mesmo Veron – se não estivesse lesionado.

Então, foi Breno Lopes, o que faria o que fez; desta vez foi Veron que foi ao fundo na primeira bola, contando com a infelicidade de Nathan Silva. Com a frieza e a categoria que tem, Veron achou o Dudu que Abel havia sacado de modo infeliz na ida, no Allianz Parque. Craque do time não se tira. Dudu em decisão é isso.

Abel, mais uma vez, também é isso.

A celebração do gol em que ele é contido pela comissão técnica já é clássica como o Palmeiras em decisão de Libertadores. Já deve virar meme como aquele do anjinho seguro pra não sair na porrada.

Na coletiva, o treinador disse que era pro seu vizinho a celebração. Mais parecia que o vizinho era cameraman da Conmebol. Era cada corneteiro como ele próprio também se definiu. Como palmeirense é a definição perfeita da corneta. Pra não dizer que a corneta é a definição perfeita do Palmeiras.

Como o Palmeiras em decisão.

Deve ser o grande Flamengo pela frente. O time que não perde desde 2017 para o Palmeiras. Um time melhor, com mais e melhores opções técnicas.

Mas é futebol. Liberta.

Tem como discutir muito. Criticar bastante.

Mas respeitar sempre. E não duvidar dessa camisa. Ainda mais quando não é favorita.

O Flamengo deve chegar como favorito. Mas o Palmeiras também pode chegar além.

Mais uma vez.

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