Um craque

BR-96. Palmeiras perdendo no Palestra um jogo fácil. Jogador visitante fazendo cera no gramado. Olho pra cabine ao lado da minha. Antero Greco comentando pela ESPN. Ele me olha comentando pelo SporTV ao lado do inesquecível Deva Pascovicci. Faz aquela cara de que tá difícil. Concordo. Então lembro do filho dele que estava invicto em jogos do Palmeiras em estádios.

Pergunto a Antero se o filho tinha vindo. Ele confirma com a cabeça. Peço a palavra a Deva e mudo meu palpite de minutos antes. Digo algo do tipo: “tem coisas, Deva, que não tem como explicar. Mas algo (ou alguém) me diz que o Palmeiras vai acabar empatando”.

Errei. Virou. Do nada. Ou melhor: pela presença do filho do Antero na arquibancada. Não foi lá que o conheci. Foi nas páginas do ESTADÃO onde hoje ele se despediu depois de 44 anos da primeira vez. Onde foi tudo. E foi dos melhores em tudo.

O ouvi na BAND comentando Italiano. Conheci mesmo em 1989, quando eu era repórter de política da FT, e ele primo da caríssima Adriana Marmo, numa festa em Santos. Falamos do ofício, dos ofídicos, do que nos uniu mais desde então. Pra não falar do berço. E dos berros na tribuna de imprensa na final de 99 que vimos lado a lado. Eu berrando com os jornalistas de Cali que mais retorciam que trabalhavam. Eu, em nome da Sociedade Esportiva Jornalismo, apenas respondi ao final.

Mas sozinho. Porque meu companheiro de jornada “viu” os pênaltis nas escadas do velho Palestra.

Não sei se eu podia contar isso tudo por aqui. E ainda é pouco. Mas como ele sabe contar tudo como poucos, acho que vale dizer que o Antero, como ótimo calabrês de São Paulo, merece tudo de ótimo. Como jornalista que não deixa de ser torcedor. Como torcedor que sabe ser jornalista. E o melhor: como pessoa.

A mesma que eu conheci em 1989. A mesma que onde estiver vai ser sempre reconhecida com o que há de mais importante na vida: ser uma boa pessoa.

Ser um baita Antero.