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JP Sampaio admite ter deixado de ganhar mais com propostas, mas explica: 'O Palmeiras é viciante'

Em entrevista ao NOSSO PALESTRA, coordenador das categorias de base do Verdão afirmou não ter sonho de assumir cargo no profissional

João Paulo Sampaio é o principal nome por trás do sucesso das categorias de base do Palmeiras (Foto: Arquivo Pessoal)
João Paulo Sampaio é o principal nome por trás do sucesso das categorias de base do Palmeiras (Foto: Arquivo Pessoal)

O Palmeiras dominou os campeonatos de base em 2022 e o principal nome por trás disso é João Paulo Sampaio. Em entrevista exclusiva ao NOSSO PALESTRA, o coordenador geral das categorias de base do Verdão contou bastidores do trabalho no clube.

Devido ao sucesso no Alviverde, Sampaio passou a chamar atenção de outros times no Brasil ao longo dos últimos anos. Cobiçado para integrar departamentos de futebol profissional, o coordenador admitiu ter recebido propostas, inclsuive com vantagens financeiras, mas optou por permanecer no Palmeiras.

– Já tive e ando tendo propostas e sondagens. Falo que, se eu fosse pensar financeiramente, deixei de ganhar dinheiro desde 2017. Tenho propostas cada dia melhores, mas não é isso que me segura. Estar feliz no projeto, com a mesma fome que cheguei é o que me deixa contente – explicou.

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A autonomia para desempenhar sua função e o trato no cotidiano com os colegas são os principais fatores que convenceram o dirigente a seguir no Maior Campeão Nacional. Para além da estrutura, ele rasgou elogios aos profissionais do clube:

– Minha motivação é o dia a dia, a fome que eu tenho. É importante estar feliz com as pessoas que trabalho e com a autonomia que tenho. Falo que o Palmeiras é viciante por isso. Tem muita gente boa em todos os setores. Ótimas pessoas e ótimos profissionais. Tem a estrutura, mas o que faz a diferença são as pessoas. É muito bom estar naquele ambiente de trabalho.

Os funcionários qualificados não se restringem à parte administrativa no Verdão. A principal joia do time, Endrick, também foi enaltecida pelo coordenador, que destacou não apenas a disciplina como atleta, mas o caráter do jovem de 16 anos.

– Além de ótimo profissional, Endrick tem uma índole ímpar. Às vezes você dá a mesma estrutura para todos e, igual na família, os filhos tem a mesma criação, mas um sai para o caminho errado e outro para o caminho certo. Endrick é um exemplo difícil de ser batido.

Os jogadores da base palmeirense ao lado do diretor João Paulo (abaixo), durante reconhecimento de campo, no estádio do Maracanã. (Foto: Cesar Greco)

Para encontrar promessas como o atacante, o Alviverde realiza um trabalho de captação desde as primeiras etapas da formação na base. Endrick, por exemplo, chegou ao clube em 2016, aos 10 anos.

Ao NP, João Paulo Sampaio contou como é feito o processo de observação e aquisição desses atletas, e ressaltou porque o Palmeiras se destaca nesse campo.

– A captação é agressiva, vai em todos os lugares, clubes e projetos. Às vezes tem clubes que, devido à gestão, dão uns vacilos e perdem jogadores livres. Não é a quantidade, o Palmeiras com certeza não está entre os dez times com mais captadores observadores. Tem clubes que tem trinta, quarenta, e a gente tem seis. O importante é a qualidade desses captadores.

Especialista em categorias de base, o dirigente trabalha nesse setor há anos e está satisfeito com isso. Questionado a respeito da possibilidade de assumir um cargo no profissional do Verdão, ele afirmou que não é algo que ele tem em mente no momento.

– Não tenho esse sonho. Não sou um cara de objetivos, sonhos e próximos passos. “Tem que evoluir, tem que fazer, tem que aprender todo dia”. Isso é o que a mídia vende é o que dá pressão para muita gente cair em depressão, ficar mal por não ter conseguido. Eu não. Sou muito contente do que eu faço, é uma felicidade contribuir com o clube. Um dia pode acontecer? Sim, mas a decisão vai ser minha. Se eu fosse vaidoso, já teria ido para equipes profissionais.

O coordenador geral de base João Paulo, da SE Palmeiras, durante assinatura de parceria, na Academia de Futebol. (Foto: Cesar Greco)

Confira outros trechos da entrevista.

Evolução da base do Palmeiras

– A base nos últimos quatro anos tem se mantido no topo em conquistas e revelações. É mais fácil você subir do que se manter. O Palmeiras nunca foi referência, não estava nem entre os dez melhores trabalhos de base do país e hoje está entre os três mais importantes. Acho que vai ter muitos anos no topo

Contratação de atletas

– Também a gestão quando esses meninos chegam de dar oportunidade para jogar, dar autonomia aos captadores. Sem muito processo, sem muita burocracia. Tem muitos clubes que perdem para a gente porque têm muita burocracia, muitos relatórios… Aqui, não. Falou, trás para fazer teste, ver jogar. Eu digo que sou olheiro na coordenação. Vejo os jogos e já é mais fácil, porque estou com a caneta e decido ali.

Trato com os jovens

– O clube tem toda a estrutura para esses meninos, tem pedagoga, assistente social, psicóloga, treinadores formados. A gente se preocupa muito com isso, com a imagem deles. Você não vê jogador do Palmeiras com cabelo pintado na base. Temos situações de dar mais autonomia a eles. Mesmo você fazendo isso tudo, acontece de alguns desviarem do caminho. Faz parte da idade. Temos que enxergá-los, na hora dessa discussão, com a cabeça que tínhamos naquela idade. É natural da fase

Relação com pessoas do clube

– Eu tento tratar igual sem saber o que ele faz ou qual o cartão dele de visita. Já conquistei muita coisa só por tratar bem. Faço isso na minha vida, por isso acho que posso ter a admiração de todos. Sou muito verdadeiro, não corto caminho. Quando tenho falar, falo na cara e isso faz falta hoje no mundo.

Futuro da carreira

– Meu futuro é Palmeiras! Mas no dia que for sair do clube – não sei esse dia – espero sair pela porta da frente, não quero sair brigado nunca. A gente fala clube, mas quem faz o clube são as pessoas. Para se tornar o que o clube é hoje, foi uma batalha. Mas quando cai nas mãos de pessoas erradas é muito rápido. Aconteceu com vários clubes e, para voltar para o caminho, é muito difícil

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