Arquivos tag-Família - Nosso Palestra https://nossopalestra.com.br/assunto/tag-familia/ Palmeirenses que escrevem, analisam, gravam, opinam e noticiam o Palmeiras. Paixão e honestidade. Mon, 02 Apr 2018 16:20:34 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.5.3 Lembranças de um neto qualquer https://nossopalestra.com.br/palmeiras/noticias/lembrancas-de-um-neto-qualquer/ https://nossopalestra.com.br/palmeiras/noticias/lembrancas-de-um-neto-qualquer/#respond Mon, 02 Apr 2018 16:20:34 +0000 https://nossopalestra.com.br/2018/04/02/lembrancas-de-um-neto-qualquer/

Futebol era de terça e quinta. Na última aula, com o pessoal da sala, a alegria era intensa. Eu chutava forte e essa era minha única qualidade. Mas nem precisava de muito: a quadra era pequena e quase não cabia nela meu sonho. O meu e o de todos aqueles moleques. O professor escolhia sempre […]

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Futebol era de terça e quinta. Na última aula, com o pessoal da sala, a alegria era intensa. Eu chutava forte e essa era minha única qualidade. Mas nem precisava de muito: a quadra era pequena e quase não cabia nela meu sonho. O meu e o de todos aqueles moleques. O professor escolhia sempre os dois ou três times e a brincadeira começava. Na escola fui artilheiro e perna de pau; fui bom goleiro e frangueiro no mesmo dia. A bola, claro, era figura fundamental nos sorrisos das crianças. E a bola nova tinha uma magia diferente: o cheiro, a textura, a cor.

 

Eu chegava em casa suado. Tinha bastante cabelo e era tigela: liso e esparramado. Meu uniforme molhado era o símbolo máximo e singelo de felicidade. Depois de almoçar ainda tinha espaço para jogar futebol na rua. Era o time da Elias Vitta contra o da rua de baixo. Um dos gols era a diferença física entre dois postes; o outro era o portão de um terreno do meu amigo, o Affonso. Lá quebrei vidros, ralei o joelho e machuquei alguns amigos. Naqueles dias, já faz mais de década, destruí lâmpadas e sujei portões. Meus avós puxavam minhas orelhas.

 

O paterno e o materno moravam quase no mesmo endereço. Um quarteirão separava as duas casas. E isso fazia com que eu frequentasse os dois lugares todos os dias. ‘Como foi hoje, Guigui?’, perguntava um deles. ‘Já aprendeu a chutar de esquerda’, questionava o outro. E a gente sempre se abraçava e a gente sempre ria. Um era palmeirense e o outro era corintiano. ‘Mas precisa estudar, hein? Não estão boas as suas notas’. Essa última era opinião unanime na família, seguida sempre pela tradicional ‘já sabe o que vai fazer na faculdade?’. E eu dizia: jornalismo, Yeye (apelido do avô materno). Jornalismo, Neneu (apelido do paterno). Falava com a certeza de um menino naturalmente cheio de incertezas.

 

Hoje cedo passei pela Rua Elias Vitta, onde minha avó ainda mora. Passei, de carro, pela lombada que eu era obrigado a driblar antes de chutar contra o portão da casa do Affonso. O guardinha da rua é o mesmo, mas o vizinho já se mudou e faz tempo. A vizinhança toda já não é a mesma. O próprio Affonso, meu grande amigo, foi para o interior. Só ficou a rua, com o concreto e a lembrança. Só restou o carinho daqueles tempos. É uma dor leve, mas que remete a um sorriso de canto de boca, sabe?

 

Meus avôs, já não mais nesse mundo, torciam muito pelos moleques da rua. Eles foram embora junto com o meu sonho de jogar bola profissionalmente. Foram de repente, do nada, assim como nosso time da Elias Vitta. E o time do clube. E o da escola. E foram com os abraços depois de todos os jogos.

 

Hoje sei o que quero ser quando crescer: quero ser o abraço deles – e como eles.

 

*Texto também publicado no iG

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Invicto em 3/9/1972, inferno em 3/9/1986, eterno em 3/9/1998 https://nossopalestra.com.br/palmeiras/noticias/invicto-em-391972-inferno-em-391986-eterno-em-391998/ https://nossopalestra.com.br/palmeiras/noticias/invicto-em-391972-inferno-em-391986-eterno-em-391998/#respond Sun, 03 Sep 2017 10:20:39 +0000 https://nossopalestra.com.br/2017/09/03/invicto-em-391972-inferno-em-391986-eterno-em-391998/

Foi num 3 de setembro que eu vi pela primeira vez o Palmeiras ser campeão. 1972. Pela TV em preto e branco o Verdão empatou com o São Paulo no Pacaembu e celebrei meu primeiro título paulista. Invicto. Com a Segunda Academia. RelacionadasVeja quem Palmeiras enfrenta pela terceira fase da Copa do BrasilPalmeiras treina antes […]

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Foi num 3 de setembro que eu vi pela primeira vez o Palmeiras ser campeão. 1972. Pela TV em preto e branco o Verdão empatou com o São Paulo no Pacaembu e celebrei meu primeiro título paulista. Invicto. Com a Segunda Academia.

Foi num 3 de setembro que eu vi pela primeira vez o Palmeiras não ser campeão de um campeonato que já estava vencido. 1986. Perdeu para a Inter de Limeira no Morumbi. E eu perdi o chão. Como o goleiro Martorelli. O último a deixar o vestiário. Direto para a maternidade para ver o filho nascer. A mãe se enervara com a decisão. O garoto nasceu antes.

Foi às 14h04 de um 3 de setembro que meu Luca mudou todos os 3 se setembro. 1998. O Palmeiras voltara a ser Palmeiras. Era o campeão da Copa do Brasil. Seria o campeão da Mercosul. Ganharia a Libertadores de 1999 nove meses depois.

Quando o meu Luca foi acordado de madrugada pelo pai alucinado, ganhou um beijo na testa, e uma faixa de campeão da América maior do que ele no berço.

Em 2008 o Luca estava no Palestra campeão paulista no camarote abaixo da minha cabine. Celebrando cada um dos cinco gols com o sorriso que só ele e o Gabriel têm. Que só este Babbo babão conhece.

Em 2012 os irmãos saíram com o pai de madrugada para celebrar a Copa do Brasil pela gelada São Paulo. Mal dormiram e desde 8 da manhã estavam na Academia, esperando a delegação chegar para a festa no gramado que o pai apresentou. Anunciando cada campeão como se fosse um filho.

Porque só o futebol faz de cada palmeirense um filho. Como viramos criança celebrando na madrugada a Copa de 2015, até o sol nascer depois da festa com espumante na Paulista, e o brinde no Tônico. Como viramos outra noite no Trio Elétrico por 2016, em outra festa de título que apresentei com meus filhos, minha mulher, e a Nonna.

Vão brincar que, como o pai, o Luca nasceu dia primeiro de setembro e só foi registrado depois. Só para não…

Mas quem conhece o avô que tem frase no nosso estádio.

Mas quem conhece o pai das duas alegrias da foto.

E quem conhece o amor dos nossos do Nonno, sabe que a nossa vida é você, Palmeiras.

Mas eu sei ainda mais que as três coisas que amo antes de eu nascer são os meus filhos e o nosso Palmeiras.

Não digo “parabéns”, Luca. Apenas obrigado.

Seus 19 anos e os futuros 16 do Gabriel são os anos que abençoam os meus 51.

Felizes 19 anos, Luca.

O seu pai te ama cada dia mais. Mesmo que nem toda noite eu possa te beijar a testa e colocar uma faixa de campeão sobre a cama.

Mas toda noite e todo o dia eu estou com você. Dando o beijo à distância que o Nonno me ensina a cada noite a dar.

Te amo.

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Vitória de pais e filhos no Choque-Rei https://nossopalestra.com.br/palmeiras/noticias/vitoria-pais-filhos/ https://nossopalestra.com.br/palmeiras/noticias/vitoria-pais-filhos/#respond Sun, 27 Aug 2017 21:58:51 +0000 https://nossopalestra.com.br/2017/08/27/vitoria-pais-filhos/

André, em novembro de 2003, você tinha três anos, eu escrevi o texto da foto, pra edição especial da Revista Placar, que contava a volta do Palmeiras para a Série A, em 2004. Era a vitória contra o Marília, no Palestra. Sábado à noite. 2 a 0. No seguinte, virada por 2 a 1 em […]

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André, em novembro de 2003, você tinha três anos, eu escrevi o texto da foto, pra edição especial da Revista Placar, que contava a volta do Palmeiras para a Série A, em 2004. Era a vitória contra o Marília, no Palestra. Sábado à noite. 2 a 0. No seguinte, virada por 2 a 1 em Garanhuns contra o Sport garantiu antecipadamente o título da Série B.

O texto da foto eu escrevi antes da mais que provável volta. Era uma crônica a respeito do Palmeiras em 2003. Mas era muito sobre paixão desde 1914. Pais e filhos. Amigos. Rivalidade. E respeito ao futebol, à amizade, e à família.

Era uma enorme torcida colorida pelo seu pai. Da minha parte, também pelo

Palmeiras. E por você, pelo time do seu pai, pelo clube do seu avô.

André, leia o texto da foto que soube na véspera do Choque-Rei do returno do BR-17, 4 x 2 Palmeiras, que você nunca havia lido. Leia agora. Depois volte aqui.

A família inteira da sua mãe é são-paulina. Seu avô, já o conheci, muito tricolor. Difícil manter a paixão do pai. Ainda mais quando em 2005, você com cinco anos, viu o clube que você adotou ir ao Japão e ganhar do Liverpool.

Como o seu pai viveu a vida inteira ao lado do banco vendo a gente jogar como o nosso Palmeiras, nem sempre podemos ser o que sonhamos. Sei que meu amigo JP está feliz com o belo filho que a Paula criou. E sei ainda mais que o coração enorme dele aguentaria um filho não-palmeirense.

JP não pôde te levar na estreia na Série A em 2004. Ele trocou o coração que não aguentou. Morreu logo depois. Seu pai, André, não viu o tri do seu time. Mundial, continental e brasileiro. Amaria ter visto o nosso paulista de 2008. Valdivia que ele nem soube quem foi. A Copa do Brasil de 2012 que a gente ainda não sabe quem é Betinho. A volta pra B em Volta Redonda no fim do ano em que meu pai foi encontrar o seu pai, André. O Prass de 2015. O enea de 2016. Tantas coberturas. A virada de hoje.

Uma que ele iria te zoar até você dormir neste domingo – se você fosse o que virou desde 2005. E o JP aceitaria numa ótima. Como ele levou a vida sempre na boa e pra cima.

Mas todo esse textão, André, não é pra te cobrar pela casaca compreensivelmente virada. É só para você saber que, desde 2004, os amigos de credo e de cores de seu pai sempre lembram dele. E eu, de você.

Este texto é só pra você dormir menos triste, André. Sabendo que o Papai do Céu, e o seu pai no céu, estão sempre contigo.

E todos nós, sempre com o Nosso Palestra.

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https://nossopalestra.com.br/palmeiras/noticias/vitoria-pais-filhos/feed/ 0 Especial Primeira Academia 1965: Palmeiras 2 x 0 São Paulo
Dia de estar presente https://nossopalestra.com.br/palmeiras/noticias/dia-estar-presente/ https://nossopalestra.com.br/palmeiras/noticias/dia-estar-presente/#respond Sat, 12 Aug 2017 10:44:31 +0000 https://nossopalestra.com.br/2017/08/12/dia-estar-presente/

  Cinco anos do último Dia dos Pais. Dias antes lançamos o livro que escrevi do São Marcos. Mais de 7 mil foram até a Saraiva do Eldorado. Por isso não vi meu pai naquela noite-madrugada que acabou três da manhã. RelacionadasMarcos Rocha se torna jogador com mais participações consecutivas na história da LibertadoresEspecialista em […]

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Cinco anos do último Dia dos Pais. Dias antes lançamos o livro que escrevi do São Marcos. Mais de 7 mil foram até a Saraiva do Eldorado. Por isso não vi meu pai naquela noite-madrugada que acabou três da manhã.

Ele até conseguiu chegar à porta antes de ela se espatifar com tanta pressão e gente. Mas nem ele conseguiu chegar na loja. Era mais fácil o Marcos levar um gol de pênalti que meus pais me abraçarem na livraria. Não passava nada. Parecia o Marcos na nossa meta.

Poucas imagens eu vi do meu pai naquela terça de agosto de 2012. A última que saiu de casa sem ser para trabalhar. O penúltimo passeio com os netos. O último seria quatro dias depois, véspera do Dia dos Pais, para as obras do estádio que ainda era Palestra. Velho como o meu Babbo. Naquela manhã ele teve de sair de cadeira de rodas. Pela primeira vez senti que talvez ele não pudesse estar na reinauguração do Allianz Parque que hoje tem uma sala com o nome dele – onde são feitas as entrevistas. Onde tem uma foto dele. A frase eterna dele do Palmeiras.

A colega Ana Nery tirou essa foto do filho Marcus Vinicius. Ele ao lado do meu pai e do bonequinho que ganhou do sobrinho Ulisses. Vendo o que não vi há cinco anos, vejo o bonequinho mais próximo da lembrança que tenho do meu pai. Ele já debilitado pelo que o levaria três meses depois.

Mais fácil ver à distância. Por mais difícil que seja essa separação. Não dói menos com o tempo. Mas a memória seletiva ameniza. A patogenia Palmeiras inoculada, como ele gostava de dizer, cura. É DNA. Dona dos nossos destinos.

Vendo a foto dele no dia em que não pudemos nos ver, na noite em que nós não cabíamos no shopping e de felicidade por colocar no papel tamanha história de tamanha gente que nos defende, só posso agradecer aos dois caras que melhor me defenderam na vida. Meu pai e nosso Marcos.

Hoje, cinco anos sem o Babbo para agradecer a ele e a Mamma por tudo, ainda me sinto como naquela noite. Sei que ele está bem perto. Mas sei que também não posso abraçá-lo.

Mas o que a gente sente é maior do que a gente sabe. Babbo, você continua aqui. Nem preciso te ver ou te falar para me sentir bem cuidado.

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