Arquivos Voz Palestrina - Nosso Palestra https://nossopalestra.com.br/assunto/voz-palestrina/ Palmeirenses que escrevem, analisam, gravam, opinam e noticiam o Palmeiras. Paixão e honestidade. Mon, 01 Feb 2021 16:57:01 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.5.3 Libertadora https://nossopalestra.com.br/palmeiras/colunas/libertadora/ https://nossopalestra.com.br/palmeiras/colunas/libertadora/#respond Mon, 01 Feb 2021 16:56:15 +0000 https://nossopalestra.com.br/?p=25654

Por Caio Carrieri O antebraço em riste e o punho cerrado se erguem irrefutáveis: Avanti, Palestra! RelacionadasLei da ex? Contra Cruzeiro, Palmeiras encontra atletas que foram campeãs pelo clubeRômulo comemora primeiro jogo na Libertadores e destaca classificação do PalmeirasPalmeiras empata sem gols com Botafogo-SP e avança às oitavas da Copa do BrasilO gesto e a […]

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Por Caio Carrieri

O antebraço em riste e o punho cerrado se erguem irrefutáveis: Avanti, Palestra!

O gesto e a frase podem ser triviais na vida de muitos palmeirenses, mas isso não se faz realidade para Neide Carrieri, torcedora de 80 anos tardiamente diagnosticada com Alzheimer.

A poucos dias da final da Libertadores de 2020, ela se senta no sofá da sala, imóvel por causa das desorientações no tempo e no espaço que infelizmente tomaram conta do corpo e da mente da minha amada avó.

Tento perguntar a ela o nome do apresentador famoso na TV, mas, como de costume, ela permanece estática, com o olhar vago, desinteressada por tudo o que a cerca naquela tarde quente de janeiro.

Até que recorro ao emocional: “Avanti, Palestra!”.

Ela diz nada. Mas levanta o braço para mostrar que, se não está ali de corpo, está de alma. E coração.

Adepto de dezenas de superstições que sou, abro um sorriso esperançoso diante da reação mais genuína que recebo dela em pouco mais de um mês de visita.

Paulistano, moro há seis anos na Inglaterra. Com a pandemia do coronavírus e o iminente anúncio de mais um lockdown em dezembro, decido vir de surpresa ao Brasil no início de dezembro de 2020.

A intenção é comemorar ao lado da família, de uma tacada só, o meu aniversário no início daquele mês e, mais importante, a existência da Neide na minha vida. Afinal, o quadro é crítico e não sei por mais quanto tempo poderei contar com, depois da minha mãe, a maior referência da minha vida.

Com muito orgulho, fui criado também pela avó. A minha mãe, Maria Augusta, trabalha desde sempre. Por conta disso, passei grande parte da minha infância com a Neide, responsável pelo melhor macarrão com molho de brachola que esse planeta já viu.

Ela parou de estudar no ensino fundamental, mas são inesquecíveis as tardes em que me ajudava a aprender a somar, subtrair e dividir. Do jeito dela e com aquela letra redondinha, aprendi.

O aprendizado também se estende ao futebol. Ao Palmeiras.

O chute cruzado de Edmundo, no Morumbi, contra o Vitória, no título brasileiro de 1993, marca a minha primeira memória de vida. De outra sala, daquela vez em Santana, na Zona Norte de São Paulo, assisti ao Animal estufar as redes, para alegria do meu avô José Carrieri Neto.

Filho de italianos, o Zé Galinha, com o apoio imprescindível da Neide, firmou de vez as bases da família no Brasil. Malandro do Brás, o Zé Galinha estabeleceu um comércio que, depois de muitos anos, proporcionaria à família uma estabilidade financeira muito acima da média no país – condição privilegiada que atualmente me permite cruzar o Atlântico com certa frequência.

O seu legado no círculo familiar, inegavelmente, passa pela alma festeira, mas, acima de tudo, reluz verde e branco. À exceção do meu irmão Diego, simpatizante pouco entusiasmado do clube da fila, mas por quem daria a minha vida e de quem tenho eterna saudades, todos somos palmeirenses.

Em 1999, tivemos o privilégio de assistir, da numerada descoberta do Palestra Itália, ao Palmeiras levantar a Copa Libertadores. Nos gols de Evair e de Oseas, e no pênalti cobrado fora por Zapata, abracei o meu irmão, a minha mãe e a minha avó. Ao lado deles, senti o sabor de pintar a América de verde. O Zé Galinha tinha nos deixado havia três anos, precocemente, aos 56 anos.

Ali ele estivesse, haveria apenas um grito: “Chupa que a cana é doce!”.

Quis o destino, a vida, São Marcos e o Divino Ademir da Guia que, 22 anos depois, eu estivesse ao lado da Neide em mais uma decisão de Libertadores.

Em condições normais, eu não estaria no Brasil. Não haveria pandemia. Lockdown não faria parte do meu vocabulário. O meu voo de volta para a Inglaterra, previsto para 10 de janeiro, não teria sido cancelado. O Reino Unido não teria suspendido a entrada de passageiros de toda a América do Sul. O Brasil não seria governado por um genocida entusiasta da tortura.

Todos esses fatores infelizes me aproximaram de quem mais me quer por perto e com quem mais me interessa compartilhar conquistas – de preferência do Palmeiras!

A cada FaceTime, a Neide me pergunta, do jeito dela e com a ajuda da minha mãe para se comunicar, por que ela não me achou na TV. Faço cobertura de futebol há 12 anos, mas no imaginário dela, o neto está no campo. Ou pelo menos deveria estar.

Amor de vó é o mais puro, genuíno e lindo. O coração trinca mais um pouco a cada pergunta por causa da ausência.

Antes da final no Maracanã, faço questão de pegar a minha vó pelo braço e a levo de frente para a TV. Pergunto sobre a decisão de 1999, e ela abre um sorrisão, dizendo que lembra.

Diante daquele semblante radiante de vó e com o inesperado “Avanti, Palestra!” de punho em riste do meio da semana, nem Pelé impediria a América de voltar a ser VERDE de novo.

Fica na conta de Abel Ferreira e na cabeça de Breno Lopes o meu primeiro abraço na Neide na pandemia. O de campões da Libertadores.

(PS: dedico esse relato a Felipe Buonamici Monte Oliva, meu amigo-irmão alvinegro que pouco se importa com futebol, mas que é o parceiro que qualquer pessoa gostaria de ter perto de si. Foi em uma noite às vésperas da final do Maracanã e regada a 30 litros de chope, para aliviar a minha ansiedade, que conversamos mais uma vez sobre a vida e, como sempre, nossos avós. Seu avô, onde quer que ele esteja, sente muito orgulho de você e da Canana. Te amo, Fefo!)

*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do NOSSO PALESTRA.

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Não se sabe bem o que vem pela frente https://nossopalestra.com.br/palmeiras/noticias/nao-se-sabe-bem-o-que-vem-pela-frente/ https://nossopalestra.com.br/palmeiras/noticias/nao-se-sabe-bem-o-que-vem-pela-frente/#respond Fri, 30 Aug 2019 19:30:43 +0000 https://nossopalestra.com.br/2019/08/30/nao-se-sabe-bem-o-que-vem-pela-frente/

Foto: Cesar Greco/Ag. Palmeiras Por Marco Sirangelo 1996 foi um ano chave para a parceria Palmeiras-Parmalat. Iniciada em 1992 e com previsão para durar oito anos, a cogestão, como era chamada, já estava consolidada como um caso de sucesso, graças aos grandes craques que vestiram verde e branco durante as conquistas entre 1993 e 1994. […]

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Foto: Cesar Greco/Ag. Palmeiras

  • Por Marco Sirangelo

1996 foi um ano chave para a parceria Palmeiras-Parmalat. Iniciada em 1992 e com previsão para durar oito anos, a cogestão, como era chamada, já estava consolidada como um caso de sucesso, graças aos grandes craques que vestiram verde e branco durante as conquistas entre 1993 e 1994. Vanderlei Luxemburgo retornava ao clube e montaria um time inesquecível, o melhor Palmeiras desde os tempos de Academia. O histórico título paulista é relembrado até hoje, assim como a dura e inesperada derrota na final da Copa do Brasil. No segundo semestre, após as saídas de peças importantes como Amaral, Flávio Conceição, Rivaldo e Müller, o time decepcionou e foi eliminado nas quartas de final do Campeonato Brasileiro.

Desta maneira, apesar das conquistas nacionais e do futebol bem jogado, o Palmeiras iniciava a metade final de sua ambiciosa parceria sem cumprir um objetivo claro traçado pela multinacional italiana – vencer a Copa Libertadores. Grandes esforços, portanto, seriam voltados para a conquista continental, a começar por uma mudança na composição do time, considerado vistoso demais para a catimbada competição. Dois meses antes de levantar seu primeiro Campeonato Brasileiro e finalizar o vitorioso ciclo no comando do Grêmio, Luiz Felipe Scolari já havia assumido um compromisso para treinar o Jubilo Iwata, da então emergente liga japonesa. Apesar de forte insistência da Parmalat para contar com seus serviços, Felipão iniciaria 1997 na Ásia.

Frustrados, os dirigentes palmeirenses voltaram seus esforços para a contratação de Telê Santana, bicampeão mundial com o São Paulo anos antes. Confirmado em janeiro de 1997, Telê não conseguiu assumir o clube por conta de problemas de saúde, e teve o vínculo rescindido a pedido de seu filho em abril. Após um primeiro semestre ruim, com direito a goleadas sofridas diante de Corinthians e São Paulo, a Parmalat finalmente conseguiria tirar Scolari do Japão, que afirmou, em sua apresentação oficial no dia 2 de junho, “Jogando feio e ganhando, tudo fica lindo”. De fato, tudo foi lindo.

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Foto: Evelson de Freitas/FolhaPress

A conquista da Libertadores de 1999 foi sofrida, mas consagrou Scolari e marcou toda uma nova geração de palmeirenses, unindo ídolos do primeiro período da Parmalat, como Zinho, César Sampaio e Evair, aos novos símbolos como Marcos, Alex e Paulo Nunes. Apesar dos anos de bonança técnica, foi na raça que o clube conseguiu atingir seu principal objetivo.

Vinte anos depois, o cenário é parecido. Há dinheiro, conquistas nacionais recentes e ambição pela taça continental. Administrativamente o clube faz um bom trabalho, com indicativos de que será possível manter-se em destaque no cenário nacional por um bom tempo. A ressalva está, como sempre, em seu aspecto político. Atual presidente, Maurício Galiotte tomou uma decisão extremamente questionável do ponto de vista gerencial ao realizar o pagamento integral da dívida com seu antecessor e desafeto Paulo Nobre sete anos antes do prazo mínimo de pagamento estipulado.

Com recursos corrigidos apenas pelo CDI, a obrigação com o fundo de investimento em direitos creditórios (FIDC) de Nobre era a dívida que toda empresa gostaria de ter, tendo como garantia a destinação de até 10% do faturamento bruto do clube durante um período entre dez e quinze anos. Adiantar esse pagamento reduziu poder de investimento do Palmeiras, fora que dívidas mais custosas, como por exemplo impostos e débitos operacionais com clubes e atletas, poderiam ter sido priorizadas. Para piorar, os recursos anteriormente doados pela patrocinadora para aquisição de jogadores passaram a ser considerados dívida, constando no balanço do clube, mas sem que informações a respeito dos custos e prazos de pagamento fossem bem divulgadas.

Sob o comando de Alexandre Mattos, o departamento de futebol do clube é o que mais investe há tempos entre os clubes brasileiros. Segundo análise realizada pelo Itaú BBA, apenas nos últimos 4 anos foram direcionados R$ 557 milhões em contratação de jogadores para o elenco profissional. O custo do futebol palmeirense também é bastante acima dos demais. De acordo com estudo da consultoria Ernst & Young, o futebol do clube custou 35% (quase R$ 150 milhões em números absolutos) a mais do que o do Corinthians, segundo no ranking no último ano de 2018.

É inegável o sucesso dentro de campo, com dois títulos e um vice-campeonato do Brasileirão, torneio que o clube não vencia desde 1994, nos últimos três anos, além da memorável Copa do Brasil de 2015. Porém, os seguidos fracassos na Libertadores, o excesso de contratações e, principalmente, a baixa qualidade de futebol apresentado colocam em xeque o trabalho de Mattos. Tido como moderno, o dirigente ainda não completou um ano sem demitir um treinador, prática antiga e que, no mínimo, representa fragilidade no planejamento da temporada.

Além disso, também houve considerável crescimento nos investimentos nas categorias de base, que atingiram R$ 102 milhões desde 2015. Diferentemente de clubes como Santos, São Paulo e Fluminense, o Palmeiras nunca foi reconhecido como bom revelador de talentos. A situação parece estar se modificando graças a um trabalho sólido realizado pelo clube, comprovado pelos 64 títulos conquistados a partir de 2014, incluindo o Mundial de Clubes Sub-17, o Brasileiro Sub-20 e as Copas do Brasil Sub-20 e Sub-17. Desde a categoria sub-11 até a sub-20, 31 atletas do Palmeiras serviram a seleção brasileira apenas em 2018.

Porém, não existe previsão para que esses jovens ganhem espaço no elenco principal, ficando restritos aos times juvenis, ou, na melhor das hipóteses, a empréstimos e vendas. A política de contratações desenfreada de Alexandre Mattos, aliado ao pouco incentivo dado tanto pela comissão técnica, quanto pelo presidente Galiotte para que jovens talentos ganhem espaço faz com que o time perca uma boa oportunidade de lançar novos jogadores.

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Embora se trate do treinador mais importante da história do clube, com Scolari o Palmeiras vive de resultados e seu futebol ora sobe, ora desce. Foto: Cesar Greco/Ag. Palmeiras/Divulgação.

Dentro de campo, Scolari permanece fiel ao estilo que o tornou imensamente vitorioso, sem que o jogo essencialmente ofensivo seja prioridade. Não é absurdo dizer que se trata do mais importante treinador da história do Palmeiras, aquele que obteve sucesso ao desafiar a identidade histórica do clube e acrescentando a ela doses cavalares de carisma e suor. Porém, a crescente preocupação com a estética do jogo que permeia as grandes ligas europeias há um tempo e que finalmente parece ter chegado ao Brasil, parece caminhar para exigências além do resultadismo puro, algo que provavelmente (e infelizmente) Scolari não é mais capaz de entregar.

Para o início de 2020, o Palmeiras deveria priorizar um esquema que, embora mais arriscado, potencializasse a qualidade ofensiva de seus jogadores, além de fazer mais uso efetivo de sua categoria de base. Seria uma ruptura contrária, mas igualmente necessária, àquela ocorrida no fim de 1996. As tentativas frustradas com Eduardo Baptista e Roger Machado tiveram em comum a pouca experiência ao lado desses comandantes, de modo que, assim como Flamengo e Santos encontraram nas figuras de Jorge Jesus e Jorge Sampaoli, um nome de mais peso se faz necessário.

Quanto a Scolari, é obrigação do clube tratá-lo como merece, seja com um busto, ou com qualquer outro símbolo que o eternize na forma que estatuto do clube permita. Já a diretoria deveria procurar combater o claro sentimento de antipatia associado ao clube, como bem levantou Walter Casagrande e corroborado com as frequentes associações entre o Palmeiras e o presidente Bolsonaro, o Ministério Público e a Polícia Militar, além de maus tratos óbvios aos torcedores visitantes. A começar por melhorar a relação entre clube e seus próprios torcedores, cada vez menos pacientes, e enjaulados dentro do arbitrário cerco em volta da Rua Palestra Itália.

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Palmeiras que você odeia deve ser o mesmo que eu odeio. Mas o seu ódio só atinge o Palmeiras que eu amo. https://nossopalestra.com.br/palmeiras/noticias/palmeiras-que-voce-odeia-deve-ser-o-mesmo-que-eu-odeio-mas-o-seu-odio-so-atinge-o-palmeiras-que-eu-amo/ https://nossopalestra.com.br/palmeiras/noticias/palmeiras-que-voce-odeia-deve-ser-o-mesmo-que-eu-odeio-mas-o-seu-odio-so-atinge-o-palmeiras-que-eu-amo/#respond Thu, 29 Aug 2019 11:00:00 +0000 https://nossopalestra.com.br/2019/08/29/palmeiras-que-voce-odeia-deve-ser-o-mesmo-que-eu-odeio-mas-o-seu-odio-so-atinge-o-palmeiras-que-eu-amo/

Foto: Futebol de Campo.net Por Raylson Araújo RelacionadasEndrick treina em reapresentação do Palmeiras após vitória na LibertadoresEndrick relembra conselho de Abel sobre ir à Disney: ‘Levei para a vida toda’Endrick celebra convocação para Seleção, e Palmeiras treina de olho no Athletico-PRMinhas primeiras lembranças com o Palmeiras são de 1999. O ano da conquista da América […]

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Foto: Futebol de Campo.net

Por Raylson Araújo

Minhas primeiras lembranças com o Palmeiras são de 1999. O ano da conquista da América e da tristeza no Japão. Conviver com as derrotas nunca foi algo estranho, aliás, foi algo bem rotineiro. São dois rebaixamentos na história desse clube e eu acompanhei bem de perto cada um deles, além de um quase em 2014. Em todas essas situações, estava lá, firme e forte, “ostentando a fibra” como diz o hino.

O período 2002-2014 não foi nada fácil. Rebaixamentos, derrotas, goleadas, etc. Eu seguia lá, “transformando a lealdade em padrão”. Quando o time levou a Copa, apenas cinco meses depois lá estava ele novamente no fundo do poço. Estes momentos estão bem guardados na minha memória, assim como os jornais esportivos desse período que faço questão de guardar.

Nem sempre tive palmeirenses por perto, muitas vezes sofri sozinho, mas nunca me envergonhei (sou desses que usa a camisa no dia seguinte da derrota), pelo menos pelos desastres em campo, não. Respiramos novos ares, um novo tempo se aproximava, mesmo batendo na trave aquele paulistão (sempre será “ão”, lamento quem chama de “paulistinha”). A redenção chegou em dezembro (“Se o Prass fizer o Palmeiras é campeão!”) e eu como um maluco correndo sozinho pelas ruas do bairro.

Era tanta coisa que eu estava colocando pra fora naquele dia, mas principalmente “mostrar que, de fato, é campeão”.
O Palmeiras foi mudando, ou melhor, retomando o seu protagonismo no cenário do futebol nacional conquistando dois dos últimos três campeonatos nacionais. Aquele moleque que chorava as derrotas no colo do pai também mudou, amadureceu e passou a enxergar de outro modo aquele esporte. É possível olhar para o futebol apenas como entretenimento, mas também tem aqueles que enxergam algo mais profundo.

Comecei a fazer essa transição e perceber que a minha relação com esse time e com o esporte não pode ser apenas sobre vencer ou perder, mas que vai além, e que os bastidores e principalmente os arredores do campo também importam. O futebol tem um aspecto social importantíssimo, então não pode ser aceitável que exista lugares no qual “ninguém passa” (alô cerco na Rua Caraíbas!).

A “nova era” do Palmeiras, com Arena, renda alta, programas de sócio e o patrocinador/conselheira levaram o Palmeiras para uma prateleira muito alta, e não digo alta porque está acima de outros clubes, nada disso. Mas sim porque se colocou distante do seu torcedor e isso é inaceitável, isso sim que me envergonha.

O clube fechou a rua, fechou o treino, elevou o preço dos ingressos, preço do sócio torcedor, parou de falar com a imprensa e ainda teve a audácia de se afastar da TV aberta. Sem falar nas alianças de bastidores. Poxa, é demais viu. O clube se transforma cada vez mais num Football Manager da vida real, onde os olhos estão focados em cada cifra que entra no caixa, pouco importando se o resultado dentro das quatro linhas virá ou não.

Claro que podemos ressaltar inúmeras coisas nesse novo período de gestão mais profissional e não posso negar que eles ajudaram na construção dos resultados. Mas isso não pode ser uma cortina para mascarar certas coisas que estão “embutidas” nesse pacote.

Essa fase tem contribuído para um Palmeiras cada vez mais elitizado e soberbo e desse eu não posso dizer que tenho orgulho.

É esse o “Palmeiras” que é odiado pela imprensa e rivais. E no fundo, nós também não gostamos muito dessa versão. Essa versão de “Palmeiras” ostenta outra coisa, e não a sua “fibra” como indica o hino. O problema é que a manifestação de ódio não chega até a versão específica de “Palmeiras” que merece. São aqueles da parte de cima da prateleira. Ela afeta nós que estamos na parte de baixo. Chegam até nossos ouvidos, nossos aplicativos de mensagens e redes sociais.

Nós que amamos o verdadeiro Palmeiras e não essa caricatura que desenharam por aí.

Existe uma “torcida que canta e vibra” e ela está muito acima do cartola que vende e lucra.

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Dérbi: uma história de rivalidade em família https://nossopalestra.com.br/palmeiras/noticias/derbi-uma-historia-de-rivalidade-em-familia/ https://nossopalestra.com.br/palmeiras/noticias/derbi-uma-historia-de-rivalidade-em-familia/#respond Wed, 31 Jul 2019 18:07:15 +0000 https://nossopalestra.com.br/2019/07/31/derbi-uma-historia-de-rivalidade-em-familia/

Fotos: Arquivo pessoal *Por Nathalia Ferrari RelacionadasOpinião: ‘Ao mestre, com carinho’Endrick relembra conselho de Abel sobre ir à Disney: ‘Levei para a vida toda’Contratado pelo Palmeiras, Felipe Anderson já tem data de despedida na LazioAvenida Paes de Barros, 1340. No coração da Mooca, em frente à deliciosa Padaria Monte Líbano. No décimo terceiro andar, o […]

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Fotos: Arquivo pessoal

*Por Nathalia Ferrari

Avenida Paes de Barros, 1340. No coração da Mooca, em frente à deliciosa Padaria Monte Líbano. No décimo terceiro andar, o radinho estava sempre ligado, no volume mais alto. Osmar Santos narra um jogo de futebol. O som, que vem do banheiro, ecoa por todo o apartamento, que não era exatamente grande. Tinha uns 80 ou 90 metros quadrados, dois quartos, sala, cozinha e uma lavanderia que dava para conversar com a vizinha pela janela. Ainda éramos só três, mas meu irmão não demoraria a nascer.

A vida era simples no início da década de 90. Tínhamos uma vida confortável. Não tínhamos coletado grandes traumas neste ponto. Todos estavam bem, com saúde. Sobre a parte Ferrari que sempre foi mais próxima de mim, até meus bisavôs eram vivos. Uma família majoritariamente corintiana. Quase uma unanimidade. Tinha um ou dois são-paulinos, mas todo o resto? Corinthians. O nome de batismo do meu avô: Ferrucio Ferrari Netto. E mesmo assim, corintiano.

Os gritos de “Animal” de Osmar Santos passaram a fazer parte do meu vocabulário, por volta dos três anos de idade. Chegaram a colocar uma camisa do Corinthians quando eu ainda não podia rejeitar. E eu encantada com Osmar no rádio e Evair, de braços abertos, na televisão.

A final do Paulista de 93, lembro de ter visto sentada no sofá da sala, ao lado do meu pai, Aurélio. Ele vestia sua camisa, aquela que tinha “Kalunga” em escritas garrafais. E o Palmeiras, verde e branco vencia de goleada. Campeão! E eu comemorei!

Eles achavam que era coisa de criança, que logo ia passar. Deve ser pela cor da camisa, que chama atenção. Ou a culpa é daquela vaquinha verde de pano que tem ao lado do berço. Ou ainda, pelo entusiasmo de Osmar Santos narrando os gols e lances do Edmundo. Até que virou febre, literalmente.

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Numa noite qualquer, depois de atingir 38 graus de temperatura, minha mãe, Solange, resolveu interceder: “Aurelio, leve ela agora na loja e compre uma camisa do Palmeiras!”

“Eu quero a camisa do Animal”, disse ao vendedor da extinta Estação do Esporte, que ficava na Rua Juventus.

Meu pai disse que não tinha coragem de dizer o que eu queria, portanto deixou que eu mesma falasse.

Aliás, quando eu comecei a falar? Reza a lenda que aos seis ou sete meses, mas a veracidade disso vocês precisarão confirmar com a minha mãe.

Passou a febre. Começou uma paixão que me acompanha até hoje. Apesar das inúmeras propostas para virar casaca. Você diria não para uma caixa de Kinder Ovo? Eu disse. Você rejeitaria a fortuna de dez reais para gastar na cantina do Colégio São Judas? Eu rejeitei.

Chorei com o primeiro rebaixamento, aguentei todo tipo de piada e provocação. Ri muitas vezes graças ao São Marcos de Palestra Itália. Fiz cara feia todas as vezes que me obrigaram a almoçar no Parque São Jorge. Fiquei emocionada quando vi o Allianz Parque pela primeira vez. Nunca cedi. Nem por um segundo.

Conheci o antigo Palestra perto dos meus 15 anos e a família toda foi junto, inclusive o conformado pai corintiano. Neste ponto, fazíamos tudo juntos. Íamos a todo e qualquer jogo de futebol. Ainda é assim. Copa do Mundo, Copa América, Juventus na Javari… o que tiver! Mas naquele Palmeiras 2 X 1 Santo André, nosso hino subiu e ouvi da minha mãe que ela também era palmeirense.

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Depois de uma infância toda sendo a única, ela descobriu que o Palmeiras também a deixava arrepiada. Desde 2016, ela me acompanha no Allianz Parque, em todos os jogos, no Gol Norte. Passei o amor pelo Palmeiras para a minha mãe.

Meu avô sempre perguntava: “quem fez ela ser palmeirense?”. “Será que foi o tio Waldemar?” Não, a convivência era muito pequena. “Foi na escolinha?” Também não, eu era sempre a única palmeirense na sala. Foi Evair, como tive a oportunidade de dizer pessoalmente.

Foi Edmundo, o Animal, que um dia, vou dizer! Foi o gênio do rádio, Osmar Santos! As cores! Foi o Palestra Itália!

Domingo não tem bom dia. É cara fechada. Dois para cada lado. Sem risadinhas.

Há mais de uma década, dividimos a predileção por José Silvério e a Rádio Bandeirantes. E a tevê ligada, tudo ao mesmo tempo.

Não sei se veremos juntos ou se irei até a Caraíbas. Ainda residimos na Mooca, numa travessa da Paes de Barros.

E foi meu pai que me ensinou a amar o futebol.

Somos rivais, daqueles que batem boca para defender o seu lado.

Quando quero deixá-lo louco, digo que Sérgio foi melhor goleiro do que Ronaldo.

E se meu irmão Victor entra na discussão, aí é que pega fogo!

Mas quando acaba, torcemos um pelo outro, como deve ser.

Não é só futebol. É resistência. É família. É história.

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Vale a pena toda essa dedicação? https://nossopalestra.com.br/palmeiras/noticias/vale-a-pena-toda-essa-dedicacao/ https://nossopalestra.com.br/palmeiras/noticias/vale-a-pena-toda-essa-dedicacao/#respond Thu, 18 Jul 2019 17:00:00 +0000 https://nossopalestra.com.br/2019/07/18/vale-a-pena-toda-essa-dedicacao/

Foto: Futebol de campo.net Por Maxuel Souza – Torcedor Alviverde RelacionadasOpinião: ‘Quem gosta do Palmeiras é o palmeirense’Palmeiras promove tour na Academia de Futebol com desconto para sócios AvantiOpinião: ‘Marcos, Cássio e um futebol que não existe mais’Depois de uma desclassificação igual a esta de ontem, fiquei pensando nisso. Será que outros torcedores também pensam […]

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Foto: Futebol de campo.net

Por Maxuel Souza – Torcedor Alviverde

Depois de uma desclassificação igual a esta de ontem, fiquei pensando nisso.

Será que outros torcedores também pensam isso? Será que estou exagerando?

Vamos pensar: O torcedor é o maior bem de um clube, sem o torcedor nada faria sentido. Sem o torcedor não existiria a grandeza e motivos para investir e se tornar uma potência. Sem o torcedor o clube seria apenas mais um clube na cidade de SP. E olha, tem muitos por aí…

Bom, se o torcedor é o principal motivo, acredito que tudo seja feito e pensado para agradar este torcedor. E com isso os torcedores consomem tudo que é deste clube! Até aí acho que tudo segue em linha.

Afinal, pelo último balanço do Itaú vimos que nós torcedores, fomos o maior investidor do clube.

Fomos o “mecenas”, já que agora está na moda desmerecer nossos feitos.

Vamos voltar a questão. Vale a pena toda essa dedicação? Vale a pena abdicar dos compromissos para assistir na TV, no Allianz, ou seja lá onde for? Viajar para assistir jogos fora como muitos fazem? Dedicar mais tempo para o clube do que para muitas outras coisas? Ler e assistir tudo sobre o clube?

Só ter simpatia por um clube e comemorar quando este é campeão é uma coisa. Viver intensamente, consumindo diariamente tudo sobre ele é outra.

Acredito que a resposta seja SIM!

Desde que todos os envolvidos: Jogadores, comissão técnica e diretoria tenham brilho no olho, sangue na veia e dedicação total para a busca dos nossos objetivos.

Que no final de tudo é fazer a torcida feliz!

Mas tenho minhas dúvidas se isso está acontecendo.

Não podemos ser desclassificados de um campeonato sem ver uma dedicação plena.

Não podemos deixar de vencer clássicos jogando como se fosse amistoso.

Todos os jogos são importantes, mas um clássico e um jogo de mata-mata são diferentes, tem que entregar mais do que tem para entregar.

Perder um mata-mata ou um clássico entregando tudo que podem dói, mas passa.

Agora sem essa entrega dói muito e nos faz pensar se vale a pena toda essa dedicação…

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(Foto: César Greco/Ag. Palmeiras/Divulgação)

*Por Lucas Friolani

Falo aqui como torcedor, não como jornalista. Não que aqui alguém seja menos torcedor que eu, longe disso, mas hoje não é dia de analisar o futebol, é dia de sentir. Sentir com o coração de quem muito perdeu, mas que ganhou muito mais.

Nós torcedores, não podemos achar que todo campeonato está ganho. Mas devemos querer. Não devemos nos apegar no investimento, não temos de analisar números, posse de bola ou chutes no gol. Temos de analisar raça, vontade, alma.

E é isso que está faltando. Está faltando raiva ao perder. Mas não em nós, mas naqueles que nos representam dentro de campo. Não entendo e nem vou entender o fato do Dudu não bater um pênalti decisivo. Não entendo o fato do Artur não jogar. Não entendendo como sempre a desculpa para uma atuação ruim está pronta por todos. Hoje é o VAR, ontem foi a FPF e amanhã vai ser quem? Conmebol, CBF, FIFA?

Felipão, ame ou odeie! Acredito que para o lado do maior verde do Brasil, é amado. Mas não pode ser poupado de críticas. Não se pode cogitar tirar um time de campo devido a uma briga que o próprio Palmeiras comprou contra a FPF. E não se pode dizer, depois de uma eliminação dolorida para milhões de torcedores, que não iria sair do estádio chateado. Porra, como não?

Culpar o VAR por lances polêmicos e que na minha opinião foram acertados é fácil. Mas e o fato do time não render? E o fato do time não jogar? Se irritar na entrevista coletiva quando é perguntado sobre o Zé Rafael também é fácil. Difícil é entender como alguém pode não querer bater um pênalti. Entender como ontem o Zé Rafael se tornou a solução para os problemas que o time tem de uma hora para outra. Quis provar o que ontem com isso? Deixe de ser teimoso!

Cantamos em todos os jogos que conhecemos a batalha. Fugir dela não se deve ser cogitado, nunca. Estamos contra tudo e contra todos, e assim devemos seguir. Mas devemos jogar muita, muita bola! Perdendo com alma, a lamentação será menor. Mas a chateação, Felipão, NUNCA será.

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