A despedida de Djalma Dias: Palmeiras 3 x 2 Cruzeiro, Robertão-67

 

 

A semana mineira começou com derrota feia para o Galo no Mineirão e vitória emocionante no Pacaembu contra o Cruzeiro, pela sétima rodada do primeiro Robertão, há 50 anos, em 2 de abril de 1967. Jogaço que marcaria a despedida de um dos maiores zagueiros da história. Djalma Dias. Pai de um dos melhores armadores de nosso clube. Djalminha. Na renovação de contrato, o zagueiro hábil e técnico foi afastado pela direção ao pedir alto. Ficou 10 meses sem jogar até ser negociado com o Atlético Mineiro. Coisas da Lei do Passe que quase sempre beneficiava o clube, não o atleta.

O Cruzeiro era o então campeão nacional. Em dezembro de 1966, vencera o Santos em duas decisões espetaculares da Taça Brasil. Tostão e Piazza (campeões mundiais em 1970), Dirceu Lopes (que também merecia estar no México), Raul, Natal, Evaldo e o ex-palmeirense Procópio na zaga. Um senhor time dirigido por Airton Moreira, irmão do nosso treinador Aymoré e de Zezé, técnico do Corinthians. Com 3 minutos, Tostão bateu falta no ângulo esquerdo de Valdir que só pôde olhar. Golaço. 1 a 0 Raposa.

O Cruzeiro resolveu apostar no contragolpe. O Palmeiras se atirou à frente. Havia uma mudança na escalação do estrategista Aymoré. Jair Bala começou como meia-atacante mais atacante que meia no lugar de Servílio. Ele atuou mais próximo a César, mas ainda dando um pé sem a bola no 4-3-3 do treinador. Tanto jogou à frente que Piazza foi quase o zagueiro que seria na Copa de 70. O volante deixou Dirceu Lopes e Tostão na armação celeste e se postou quase como um quinto beque, entre Vavá e Procópio. Gallardo fez bom duelo à direita contra Neco. Na esquerda, como sempre, Rinaldo recuava para dar um pé e desafogo a Ademir da Guia, mas também abria o jogo a dribles pela ponta, com o auxílio de Ferrari no apoio. Quando não era mesmo parado a pontapés por Pedro Paulo. Lateral que metia medo nos próprios companheiros do Cruzeiro, como adora contar Raul Plasmann.

O goleiraço da camisa amarela fechava a meta e impedia o gol de César e Jair Bala. Mas, aos 37, não teve como evitar o empate. Gallardo entrou mais uma vez em diagonal e fez 1 a 1, depois de passe de Ademir da Guia. No intervalo, Valdir foi mais uma vez substituído. Desta vez a lesão foi no tornozelo. Doná veio pra meta. O Palmeiras manteve o pique e o ataque. Aos 12, Gallardo fez todo o lance para Jair Bala virar o placar de canhota. Aymoré mexeu na frente. Dario foi dar mais força física na direita no lugar de Gallardo. Servílio substituiu César, avançando Jair Bala para o comando do ataque. Não muita gente entendeu. O Cruzeiro equilibrou o jogo. Aos 29, desatenção de Djalma Dias fez com que Dirceu Lopes tomasse a bola e servisse Wilson, que entrara no lugar de Hilton Oliveira ainda no primeiro tempo. O ponta-direita mineiro empatou o clássico dos Palestras.

O jogo ficou lá e cá até os 39, quando Jair Bala aproveitou rebote de tiro de Ademir para desempatar e completar a justa virada no domingo à tarde. Jair Bala, Djalma Santos, César e Ferrari, que atuou bem ofensivamente, relembrando os tempos de ponta-esquerda no Guarani, foram os melhores palmeirenses em campo, na vitória que fez a equipe reassumir a liderança do grupo B, com 10 pontos, um a mais que o Santos de Pelé.

O Palmeiras seguia com os principais artilheiros do Robertão: César (7 gols) e Rinaldo (6). Tinha o melhor ataque (seguido pelo Cruzeiro). Mas a defesa era uma das quatro mais vazadas do torneio. Um dos motivos também pela demora no acerto que não aconteceu mais com o imenso Djalma Dias.

Erro que seria compensado com a ascensão de um jovem zagueiro que teria na Copa de 1970 a chance que o próprio Djalma merecia naquele Mundial e, principalmente, em 1966. A camisa três teria um novo titular na próxima rodada: Baldocchi. (Na foto abaixo, da Revista do Esporte de maio de 1967, Servílio e Djalma Dias estavam insatisfeitos com a direção do clube, na renegociação de contrato de dois dos maiores ídolos da história palmeirense. Cortesia do imperdível blog TARDES DO PACAEMBU)