Edu Dracena transformou a lealdade em padrão

Crédito: Cesar Greco/Ag Palmeiras/Divulgação

Edu é Dracena por agradecimento ao lugar onde nasceu. Onde começou a desarmar as dificuldades de quem vem do interior e sonha ganhar o mundo pela bola. Eduardo virou Edu para ser mais simples. Virou Edu por ser tão querido por tanta gente. Começou no Guarani, em Campinas. Mais de 500 quilômetros para percorrer por quem sempre cortou caminho em campo. A elegância como característica. Algo raro para um zagueiro.

Encerra a carreira o Edu do Cruzeiro. Campeão de tudo em 2003. O suporte para Gomes. A saída de jogo de um time fantástico. Um grupo que jamais será esquecido. Era por Edu que as jogadas começavam. Era em Alex que a bola encontrava refúgio. Foi através da perna esquerda do camisa dez que a história foi escrita. Gol de cobertura, de fora da área, de letra. Passe para Deivid e Aristizábal. Dracena fez o Cruzeiro ser mais azul. O Cruzeiro que anda no vermelho. Edu era a voz de Luxemburgo. Era o grito do professor. O posicionamento.

Para de jogar o Edu do Santos. Que deu bronca em Neymar. Que encarou a maior joia do futebol brasileiro. Que abraçou o craque. Que levantou a taça da América depois de muito tempo. Ídolo eterno na Vila. Respeitado por todos os lugares em que passou. Encerra o ciclo o dono da faixa. O parceiro do Durval. O ponto de segurança da molecada plástica e brilhante. O ponto de equilíbrio de um time deliciosamente desequilibrado. Show atrás de show. Desarme e passe. Quase nunca chutão.

Sai de cena quem nunca abandonou suas convicções.

Apito final para o Dracena do Corinthians. Que poderia ter jogado mais. Mas que não reclamou. Ficou quieto no banco. Sem chiar, sem falar mal, sem cochichar. O Edu que aconselhou todo mundo no Parque São Jorge. Respeitado por Tite. Campeão brasileiro em 2015. Um capítulo sem tantas letras, mas poucas palavras resumem alguém vitorioso.

Diz adeus o Edu palmeirense. O parceiro de Mina e Gustavo Gomez. O professor dos meninos que sonham jogar o que jogou o Dracena. A experiência com Fernando Prass e Jaílson. Os anos na conta. Acabam as entrevistas calmas, as explicações lúcidas, a luz que os microfones procuram. Deixa o palco o protagonista discreto. O mocinho moderado. O herói modesto. O campeão comedido e cauteloso. Edu encerra seu ciclo sendo respeitado e querido por todos os clubes que passou. Finaliza como sinônimo de título. Virou marca.

Calando quem não acreditou nele quando veio.

Mas sem ter essa pretensão vaidosa. Calando em campo. Calando como desarma.

Calando sem fazer esforço.

Os narradores não dirão mais seu nome. Ficará um buraco.

Edu transformou a lealdade em padrão.