Mattos revela como ‘vendeu’ Gabriel Barbosa para segurar Jesus
Na época, foi feito um acordo para o atleta permanecer no clube rival, mas, no fim, o centroavante seguiu para a Itália antecipadamente
O ex-diretor Alexandre Mattos é um dos mais emblemáticos nomes que passaram pelo Palmeiras. O cartola, que participou da reconstrução do clube em 2015 e saiu do clube em 2019, é marcado pelas badaladas contratações, mas, em entrevista ao programa Bola da Vez, da ESPN, revelou que também conseguia segurar peças importantes na equipe.
De acordo com Mattos, a venda de Gabriel Jesus ao Manchester City foi um processo complicado. Primeiramente, o dirigente teve de garantir a permanência do atleta até o fim de 2016, visando a conquista do título brasileiro.
– O Palmeiras vendeu o Gabriel Jesus no meio do ano para o Manchester City. E nós criamos que o Gabriel só iria se ficasse até o fim do ano, inclusive para tentar ser campeão brasileiro. E a gente convenceu o Gabriel primeiro, depois convencemos o City, fizemos o seguro. Dificuldade enorme, as regras da Inglaterra e tal, mas deu certo.
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– E ali umas das coisas que a gente teve que fazer é blindar o Palmeiras. Porque o assédio começou a ser muito grande, e o Palmeiras tinha um contrato que dizia que, se pagasse 8 milhões de euros, o Gabriel tinha que ir embora. E 8 milhões de euros por um jogador como o Gabriel, do jeito que ele foi meteórico, estava dado. Então para blindar isso, peguei o avião, fui pra Europa, fui nos principais clubes, falei: ‘Olha, tem que conversar com o Palmeiras, não dá, tenho que conversar com o Palmeiras.
O ex-diretor comentou, também, de um interesse da Inter de Milão pela Cria da Academia. Para ‘esfriar’ o negócio, Mattos utilizou uma tática inusitada, ‘vendendo’ o atacante Gabriel Barbosa, que, na época, pertencia ao Santos.
– Em uma dessas reuniões, a Inter de Milão queria muito o Gabriel. E cheguei a negociar valores astronômicos com a Inter… Fez a proposta, mas o Gabriel não queria. O Gabriel tinha dado a palavra para o Guardiola. Mas eu fiquei muito próximo lá da diretoria, especificamente do diretor da Inter de Milão.
– O Santos tinha aquele timaço, né. Lucas Lima jogando muito, Gabigol jogando muito, Ricardo Oliveira fazendo gol de todo jeito… Estava encaixado. E surgiu a oportunidade de dar uma mexida na água ali também, né – e completou – Então em um determinado momento, falei com o empresário italiano, que me levou pra discutir o Gabriel Jesus, e falei com o empresário do jogador e falei com o diretor: ‘Amigo, eu tenho a solução. O Gabriel Jesus não vai. Tem um jogador que até mais experiente que ele, que é o Gabigol’. E ele falou: ‘Mas é bom? Os caras estão me oferecendo’. E eu falei: ‘É bom não, é ótimo’. E eu acho mesmo. Haja visto o que o Gabigol está fazendo até hoje. Eles começaram a negociar, e o negócio deu certo, até por um valor menor que a Inter estava pagando pelo Gabriel Jesus. O negócio deu certo.
O dirigente lembra, também, que, por pouco, a estratégia não funcionou. Na época, foi feito um acordo para o atleta permanecer no clube rival, mas, no fim, o centroavante seguiu para a Itália antecipadamente.
– Eu estava na Academia de Futebol, e eu tenho até uma testemunha, que é o Maurício Galiotte, estava do meu lado. Quando eu estava lá: ‘E aí? Vendeu? Vendeu?’ Exatamente para desfalcar o Santos, né, que era um concorrente. Isso faz parte, não tem nada ilegal nisso aqui, né. E perguntando: ‘E aí? Está vendido? Está vendido?’ E eles falaram: ‘Está vendido. Só que, como você conseguiu segurar o Gabriel Jesus, o Santos quer que segure o Gabigol’. Pô, caiu a estratégia toda. E ainda colocou dinheiro lá. Ficou pior, né, pagou, está lá.
O dirigente, no entanto, seguiu em busca da liberação do atleta.
– Empresário do Gabigol: ‘Pô, tem que ir agora’. ‘Pô, mas o Santos não deixa’. Oh, diretor da Inter: ‘Tem que ir agora. O Gabigol é diferente do Jesus’. ‘Pô, tem que ir, tem que adaptar. Tem que ir, não sei o que, não sei o que’. Não foi isso só, mas eu tenho certeza que deu uma empurradinha e o Santos recebeu mais dois milhões de euros. Vou pedir minha comissão lá, hein. (risos).
– E o Gabigol foi imediatamente. E sem dúvida alguma, foi importante o Santos perder, para o Palmeiras, aquela peça ali. Como foi importante a gente segurar o Gabriel Jesus.
Alexandre Mattos foi diretor de futebol do Palmeiras entre 2015 e 2019, conquistando dois Brasileiros e uma Copa do Brasil.
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