O amigo mais leal da Família Palmeiras

A gente não escolhe o Palmeiras. Ele nos acolhe.

Como tem vez que a gente pensa que acolhe, mas, de fato, somos os escolhidos.

Matheus e Marília se conheceram há 4 anos em Laranjal Paulista, 157km da capital paulista, “onde o Verdão impera. Todo mundo conhece todo mundo aqui. Cidade pequena. Mas o amor pelo Palmeiras é muito maior”, diz Matheus. Ele e Marília namoraram rapidamente pelas afinidades.

A maior delas? A maior delas.

⁃ O que gente mais se entendeu de primeira foi pelo Palmeiras. A família inteira da Marília é palmeirense. Quando conheci o pai dela, uma das primeiras coisas que ele me perguntou foi qual era o meu time. Aí não teve como não ter o casamento aprovado pela família.

Festança em Laranjal Paulista, em 30 de setembro de 2017. Parecida com aquelas de título do Palmeiras. Ou quando veio a Mancha no Carnaval da cidade deste ano. Ou quando uma caravana vai ao Allianz Parque. Ou quando muitos se reúnem com o The Orange Counsil Hooligans para ver os jogos pela TV. O Consulado Verde de Laranjal Paulista que sabe fazer uma festa pelo amor de todos.

A cerimônia seria ao ar livre em um clube da cidade. Mas a chuva pesada mudou os planos. Numa tenda improvisada, apareceu um vira-lata. Molhado e sujo, o bicão era convidado a se retirar. Mas quando alguém chegava mais perto, ele se deitava de barriga para cima pedindo cafuné. Como fazer?

Marcha nupcial. Hora da entrada da noiva. E o cachorro desfila garboso. Marília não podia sair do carro. Não sabia o que estava acontecendo.

— Pensei: “Meu Deus, não querem que eu entre! Acho que o noivo sumiu”!, disse ao jornal EXTRA.

O cachorro enfim saiu de cena. Cerimônia liberada. Até que na bênção das alianças, o reverendo parou a fala e parte dos convidados começou a rir. O vira-lata deitou sobre o véu da noiva.

⁃ Parece que ele sabe que gosto de animais!

Na volta da lua de mel, o casal procurou pelo cachorro que foi uma das atrações da festa. Uma vizinha do clube onde foi feita a cerimônia o encontrou e conseguiu recolhê-lo. No começo da semana, Marília e Matheus foram buscar o primeiro filhote do casal.

Snoopy.

Ele já havia caído nas graças da família. Na foto, na cerimônia no clube, seu Milton e o novo membro dos Pieroni.

O avô de Marília tem 94 anos. Na cozinha da casa, o amor de Milton pelo Palmeiras se vê nos pôsteres da foto abaixo.

Nas grandes decisões é lá que se reúne a família para assistir ao amor de avô para netos. Dos dois lados.

O pai do pai de Matheus foi quem plantou Palmeiras na família. Luiz Salomão defendeu com unhas e chuteiras essa paixão. Foi centroavante do Rio Claro no final dos anos 40. Chegou a treinar no Palmeiras. Mas não ficou. Dinho, o Diabo Loiro, como era chamado pelos longos cabelos, era atacante “dos bão”, como se dizia por lá. Sabia fazer gols de bicicleta como Leônidas da Silva. Mas era palmeirista de coração, como também se dizia por lá. Foi jogar no Velo Clube da cidade (que fica a 102km de Laranjal Paulista). Teve uma proposta para jogar no Olympique de Nice. Preferiu ficar com a família no Brasil. Tem um campo na cidade com seu nome. Foi depois alfaiate, marmorista. Foi sempre Palmeiras.

Destino verde que não se escolhe. Em Rio Claro ou Laranjal Paulista. É acolhido. Como um vira-lata que escolheu um casal num dia de chuva para passar o resto da vida sendo leal a um amor incondicional. Aquele que Ele une e não se separa. Como verde e branco. Palestra e Palmeiras. Periquito e porco. Marília & Matheus e Snoopy