Se existe um inimigo de todo torcedor que quer ir pra Abu Dhabi acompanhar o Palmeiras no Mundial de Clubes, ele é o exame RT-PCR. Pré-requisito obrigatório para o embarque, o certificado trouxe drama, celebração e muita correria para os incontáveis torcedores que vão atravessar o mundo.
No Aeroporto de Guarulhos, ao longo da última sexta-feira (4), vi pessoalmente acontecer uma série de histórias que vão do êxtase à tristeza profunda. Flávio e Paula moram no interior paulista e foram a São Paulo com malas e esperança, mas sem exame. Meio dia, colheram amostras no laboratório do GRU e esperaram pelo resultado ao longo do dia.
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Enquanto estive com eles, foram pelo menos 20 refreshs no site para ver se o diagnóstico havia sido liberado. No mesmo voo que eu, só fui saber deles que o negativo veio próximo das 16h20, quando o embarque já estava em andamento. A mensagem era de plena euforia e alívio. O casal vai viajar atrás do time do coração, ainda que sem o filho, de 2 anos, que já cantarola ‘Palmeeeeilas’, mas que vai ficar com os avós
Na fila do embarque, Guilherme aparece perto de mim e conta a um amigo em comum que seu exame era antígeno, mas o modelo é inválido. Ele havia acabado de fazer um PCR no Aeroporto, cujo resultado pede até 4 horas para ser liberado. Apesar dos pedidos para antecipação, o relógio, àquela altura, marcava 14h15. Ele não pôde dividir viagem conosco. Vai precisar encaixar uma remarcação.
E esse não foi o único caso. Moisés já tinha malas no carro rumo a Guarulhos quando recebeu um resultado positivo pra Covid-19. Ficou em casa e, apesar da imensa frustração, vai tentar refazer diariamente o PCR em busca de sinal verde para ver o time pelo qual torce ao longos dos seus 53 anos. Ele vai tentar até o dia 6 para poder chegar em tempo da semifinal.
Da comissária de bordo da LATAM, ouvi o relato de 12 casos de no-show, quando uma pessoa não comparece ao voo. Ela não soube precisar se todos eram motivados pelo caso positivo no teste, mas salientou que diariamente são alguns vários que ficam pelo caminho por conta do vírus. Uma situação que entristece todos que veem amigos impedidos de seguir viagem.
Na tentativa de auxiliar às pessoas que já estão curadas da doença, mas que por algum motivo tem seus PCRs positivados, circulou nos grupos de WhatsApp uma técnica de uso do enxaguante bucal Listerine aplicado no nariz para que o exame seja superado – sem prejuízos ao contágio de novas pessoas, afinal elas já cumpriram quarentena e estão clinicamente liberadas.
Existem relatos de sucesso no improviso, mas a peculiaridade da tarefa acabou fazendo do Listerine um grande meme das histórias de palmeirenses em Abu Dhabi. Se quem viajou não ouviu ao menos uma vez sobre isso, ela certamente é pouco sociável na internet (e na vida). Fato é que a vontade de viajar tem criado situações muito incomuns.
Entre celebrações e tristeza, o Brasil vai exportando diariamente centenas de palmeirenses para uma invasão histórica nos Emirados Árabes. O momento máximo da viagem é celebrar um gol, um título, mas as celebrações de um teste negativo não ficam atrás. É digno de festa. Basta ver o que acontece no Aeroporto de Guarulhos.
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