Rumo ao título: Náutico 1 x 3 Palmeiras, Taça Brasil-67

 

Depois de eliminar em três jogos o Grêmio hexa gaúcho na semifinal da Taça Brasil-67, o Palmeiras enfrenta na decisão nacional o pentacampeão pernambucano. Náutico que seria hexa estadual em 1968 com a melhor equipe de sua história. Belo time que havia eliminado em três partidas na semifinal de 1967 o Cruzeiro de Tostão e Dirceu Lopes, campeão da Taça Brasil de 1966.

O primeiro jogo foi no Recife, dia 20 de dezembro. A volta seria no dia 23, no Pacaembu. Mas as duas equipes e federações estaduais enviaram solicitação a João Havelange, presidente da CBD, para que fizesse a partida depois do Natal. Para não atrapalhar as festas dos atletas do Náutico e Palmeiras.

 

A delegação paulista foi de Electra da Varig para Recife. Náutico não queria Armando Marques apitando. Pretendia Antônio Viug. FPF era contra. CBD teria de definir. Como mandava o bom senso que nem sempre comandou o futebol brasileiro.

Cardosinho, em grande fase, não poderia jogar pela ponta-esquerda. Servilio também não. Mesmo motivo: lesão muscular. Jair Bala seguia fora. A boa nova eram os retornos de Suingue e Rinaldo do empréstimo ao Fluminense. Eles estavam inscritos para a fase final. Porém, a papelada atrasou no Rio, na CBD, e não tiveram condição regular de jogo para a primeira partida. Valdir e Djalma Santos seguiam entre os reservas por opção de Mário Travaglini. Eles foram titulares do time alternativo do Palmeiras que venceu por 2 a 1 o Juventus, no domingo à noite, no Pacaembu (com o menor público de todo o SP-67). O Verdão terminou o SP-67 no quarto lugar. O título estadual seria vencido pelo Santos na quinta seguinte, em jogo-extra contra o São Paulo. O clube do Morumbi ficaria mais um ano na fila por ter levado no domingo um gol do corintiano Benê faltando 30 segundos para acabar o Majestoso. O 1 x 1 levou o São Paulo à partida-desempate que deu o título de 1967 ao Santos.

A bola rolou 21h15 na Ilha do Retiro. Travaglini optou pelo retorno de Lula na ponta. E foi muito feliz. O jogador emprestado pelo Fluminense foi quem definiu o placar de 3 x 1 Palmeiras. No meio-campo, O pernambucano Zequinha voltou à equipe, liberando o Divino para atuar mais próximo de Tupãzinho. Cadenciando o jogo e ajudando o Palmeiras a realizar a melhor partida dos últimos meses.Fala Dudu: “não fizemos um bom Paulista. O time não estava se acertando. Mas aquela vitória em Pernambuco mudou tudo”.

O Náutico fez 1 a 0 quando era dominado pelo campeão paulista de 1966, que já desperdiçara duas chances com Tupãzinho. Aos 17, em posição de impedimento, Nino fez o gol de sem pulo para o dono da casa.

O Palmeiras manteve o pique e empatou logo aos 23. Lindo lançamento de Ademir para César. O goleiro Lula dividiu com o atacante. No rebote, Scalera acreditou e, da linha de fundo, colocou a bola na cabeça do Maluco.

Dudu e Ademir continuavam muito bem, mais à frente. O gol da virada foi do cabeça de área Zequinha. Ele avançou por dentro e, sem marcação, chutou de longe. O bom goleiro Lula aceitou. 2 a 1 Palmeiras, aos 37.

 

O treinador Duque resolveu equilibrar o jogo deixando o Náutico mais ofensivo com Paulo Choco no lugar de Salomão, ainda no final do primeiro tempo. Mas não deu nem pro primeiro minuto na volta do vestiário. Com 14 segundos, Lula recebeu lançamento na ponta, ganhou na corrida de Fernando (substituto do titular Gena, que estava lesionado), e bateu cruzado. O goleiro Lula deu rebote, e o xará ampliou. 3 a 1.

O Náutico só levou perigo em cobrança de Paulo Choco, aos 11. Pérez fez defesa sensacional. Mesmo tirando o pé do acelerador, o Palmeiras teve mais chances até o final do que o Náutico oportunidades para diminuir o placar.

Ademir, Dudu, César e Lula foram os destaques no Recife. Na volta, no jogo remarcado para o dia 27, no Pacaembu, o Palmeiras jogava pelo empate para conquistar o segundo título nacional em 1967.

 

NÁUTICO 1 X 3 PALMEIRAS, primeiro jogo da final da Taça Brasil-67

Quarta-feira, 20/dezembro (noite)

Estádio: Ilha do Retiro.

Juiz: Arnaldo César Coelho (RJ)

Renda: NCr$ 91 510

Público: 23.335 pagantes

NÁUTICO: Lula; Fernando, Mauro, Fraga e Clóvis; Salomão (Paulo Choco) e Ivã; Miruca, Ladeira, Nino e Lala. Técnico: Duque.

PALMEIRAS: Pérez; Geraldo Scalera, Baldocchi, Minuca e Ferrari; Dudu, Zequinha e Ademir Guia; César, Tupãzinho e Lula. Técnico: Mário Travaglini.

Gols: Nino 17, César 23 e Zequinha 37 do 1º; Lula 14 segundos do 2º.