Arquivos cat-Marcelo Mendez - Nosso Palestra https://nossopalestra.com.br/assunto/cat-marcelo-mendez/ Palmeirenses que escrevem, analisam, gravam, opinam e noticiam o Palmeiras. Paixão e honestidade. Fri, 08 Sep 2017 08:00:34 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.5.2 Me desculpa, Baroninho https://nossopalestra.com.br/palmeiras/noticias/me-desculpa-baroninho/ https://nossopalestra.com.br/palmeiras/noticias/me-desculpa-baroninho/#respond Fri, 08 Sep 2017 08:00:34 +0000 https://nossopalestra.com.br/2017/09/08/me-desculpa-baroninho/

Da minha mais tenra lembrança de torcedor Verde, consta o sofrimento no ano da graça de 1981, quando o time de todo mundo só tinha craque e o meu, pobre e velho Alviverde que outrora havia sido imponente, só tinha ele: Baroninho. Em meio a todas as dragas de Darinta, Toni Gato, Benazzi, Sena, Deda da […]

O post Me desculpa, Baroninho apareceu primeiro em Nosso Palestra.

]]>

Da minha mais tenra lembrança de torcedor Verde, consta o sofrimento no ano da graça de 1981, quando o time de todo mundo só tinha craque e o meu, pobre e velho Alviverde que outrora havia sido imponente, só tinha ele: Baroninho.

Em meio a todas as dragas de Darinta, Toni Gato, Benazzi, Sena, Deda da vida, Baroninho jogava muito com sua perna esquerda e sua impávida camisa 11. O quanto podia. No afã dos 11 anos, eu o xingava como se fosse do mesmo tacho dos caneleiros, naquele velho ímpeto de menino torcedor. Aí passou o tempo…

Veio o futuro e agora, pasmem, eu cuido da saúde.

Correndo ali pelo Campo do Nacional perto de minha casa, eu vi Baroninho treinando o sub-alguma coisa do Santo André no campo ao lado, do Nacional. Ele então é o técnico da molecada e por ali, passava treinos de fundamento para seus atacantes imberbes. Então, lá pelas tantas, cansado de tanto ver coisa ruim, ele resolveu bater na bola.

Com a velha canhota, dos 10 chutes que deu, guardou oito no ângulo, no trinco mesmo. Deu bronca no seu atacante, riu do seu goleiro e como que se soubesse de meu passado de seu difamador, me lançou um sorriso e um desafio ao me ver sozinho na arquibancada do campo do Nacional, onde acontecia o treino.

“Viu como faz, Barbudo? Gosta disso? Dá uns chutes aqui com a gente…”

Desafiado como quem guarda um milhão de amores perdidos, lá fui eu. Junto dele bati na bola. Dos cinco chutes que o músculo da minha coxa deixou dar, guardei quatro. No final, ele comentou.

“Olha que para o tamanho da sua barba e da sua pança, até que você manja da coisa”.

Sorri. Era o fim do treino. Ele pegou uma garrafinha de Gatorade e me ofereceu um gole. Aceitei. Saímos do campo, conversando, caminhando juntos como se fossemos amigos, que as coisas da ludopédia não nos deixou ter sido.

Ao me despedir, ele me deu a mão. Eu apertei e como que por impulso, disse a ele.

“Me desculpa, Baroninho”.

Sem entender nada, ele me desculpou…

O post Me desculpa, Baroninho apareceu primeiro em Nosso Palestra.

]]>
https://nossopalestra.com.br/palmeiras/noticias/me-desculpa-baroninho/feed/ 0
Um menino e uma vida de 103 anos https://nossopalestra.com.br/palmeiras/noticias/menino-uma-vida-103-anos/ https://nossopalestra.com.br/palmeiras/noticias/menino-uma-vida-103-anos/#respond Sat, 26 Aug 2017 09:59:31 +0000 https://nossopalestra.com.br/2017/08/26/menino-uma-vida-103-anos/

Na minha vida de menino, teve uma vez que saí do Morumbi triste depois de uma partida insólita em que o Palmeiras não venceu a Inter de Limeira. Chorei, mas não tive dúvida: RelacionadasEm tom de despedida, Endrick festeja último título pelo Palmeiras: ‘Time que confiou em mim quando não tinha nada’Leandro Pereira se declara […]

O post Um menino e uma vida de 103 anos apareceu primeiro em Nosso Palestra.

]]>

Na minha vida de menino, teve uma vez que saí do Morumbi triste depois de uma partida insólita em que o Palmeiras não venceu a Inter de Limeira. Chorei, mas não tive dúvida:

Eu sou Palmeirense. Sempre com P maiúsculo.

Sou porque foi na miséria ludopédica plena que esse amor se consolidou. Amor de Trapo e Farrapo, minha bandeira de guerra, meu pé de briga na terra, meu direito de ser gente, como cantou Paulo Vanzolini. O Palmeiras é isso na minha vida:

“Meu direito de ser gente”.

Pelo Palmeiras eu vivi tudo; eu ri, chorei, xinguei, amei, odiei… Vivi a plenitude da existência e entendi que isso faz parte não só do esporte, mas da vida. Por isso, mais do que qualquer outro vivente do mundo, eu sei o gosto bom de ser Palmeirense.

Sei pelo paradoxo disso tudo, do contrário que pode acontecer, ou seja; sei por que não preciso de nada… de mais nada além da paixão, para me sentir feliz pelo meu verde.

Sei, porque o Palmeiras é muito mais do que um clube de futebol para mim.

Sei por entender há muito tempo que o Palmeiras é um pouco de tudo que há no futebol e na vida. O Palmeiras é um drama, como na Cavaleria Rusticana, o Palmeiras é um sonho como num filme de Akira Kurosawa, o Palmeiras é uma tragédia como Carmen de Bizet, o Palmeiras é lindo como a Nona Sinfonia de Beethoven, como a peça Jesus Alegria Dos Homens de Bach, é triste como o fim do primeiro namoro. É pleno como a fúria de uma paixão.

Hoje, no dia do aniversário do Palmeiras, com tudo que vem acontecendo nesse ano, fiquei a pensar nisso tudo que vivemos, nessa nossa relação, na coisa de não ser mais menino, mas aí cheguei à conclusão de que não, nunca vai rolar de eu deixar de ver o Palmeiras com os olhos de menino. É impossível.

Nada na vida do homem de seus 45 anos, escritor, jornalista, fã do Lou Reed, do Truffaut e do João do Vale, estará dissociado do menino Palmeirense dos anos 70. Tudo que faço, tudo que sinto, tudo que eu sou, vem do menino. O jeito latino, a malandragem do bem, o gosto pela poesia, a incessante disposição na busca por encanto, o Palmeiras…

Tudo é o menino.

Tudo é festa. Afinal são 103 anos. No teu aniversário Palmeiras, mais do que parabéns eu te agradeço por tudo que vivemos juntos, por tudo que vamos seguir vivendo.

Muito obrigado por cada um dos seus 103 anos, Palmeiras.

Palmeiras…

 

O post Um menino e uma vida de 103 anos apareceu primeiro em Nosso Palestra.

]]>
https://nossopalestra.com.br/palmeiras/noticias/menino-uma-vida-103-anos/feed/ 0
Ser Palmeirense. A necessidade de seguir cantando e vibrando https://nossopalestra.com.br/palmeiras/noticias/ser-palmeirense-necessidade-seguir-cantando-vibrando/ https://nossopalestra.com.br/palmeiras/noticias/ser-palmeirense-necessidade-seguir-cantando-vibrando/#respond Sat, 19 Aug 2017 11:55:44 +0000 https://nossopalestra.com.br/2017/08/19/ser-palmeirense-necessidade-seguir-cantando-vibrando/

É… A eliminação da Libertadores ainda dói. RelacionadasOpinião: ‘Abel é português. Merda é quem acha isso ruim’Opinião: ‘Imagem de Leila Pereira transcende presidência do Palmeiras’Rômulo explica negociação com Palmeiras enquanto defendia Novorizontino: ‘Fui profissional’Para ajudar nisso, ainda teve o empate contra o Vasco em clima de uma ressaca absurda. Não anda fácil a vida nossa […]

O post Ser Palmeirense. A necessidade de seguir cantando e vibrando apareceu primeiro em Nosso Palestra.

]]>

É…

A eliminação da Libertadores ainda dói.

Para ajudar nisso, ainda teve o empate contra o Vasco em clima de uma ressaca absurda. Não anda fácil a vida nossa de palmeirense. Em uma quarta-feira agitada de Copa do Brasil, por exemplo, nosso peito era só desolação.

Então se passaram os dias, veio essa manhã chuvosa de sábado, e enquanto passo um café penso nisso tudo, do porque continuar insistindo em torcer em um jogo que será jogado domingo à noite em casa, contra a Chape e tudo mais.

Alguns goles de um bom café me clareiam as idéias pra falar disso tudo. Simples:

Tenho 46 anos de idade. Sou brasileiro, comedor de tabule, fã do Lou Reed, apaixonado pelo The Clash, jornalista, escritor e rocker. Mas antes de saber de tudo isso, muito antes, em minha mais tenra idade eu tinha uma única certeza na então recente vida:

Que eu era Palmeirense.

Esse tipo de coisa você de alguma forma já nasce sabendo, melhor; nasce sentindo.

Porque futebol é isso. Sentimento.

O Palmeiras faz parte da minha vida há 46 anos. Nesse tempo todo, vi desde o Deda e Darinta afundarem esse meu time, ao Mario Sérgio com a 10 jogando o fino, até a fase áurea (que minha idade me permitiu viver) dos anos 90 quando a Parmalat montou um time que entraria para história, vencendo três paulistas, dois brasileiros, uma Copa do Brasil e uma Libertadores.

Evair, Edmundo, Alex, Mazinho, Roberto Carlos, César Sampaio, Antonio Carlos, Edilson, Rincón, Zinho, Marcos, Rivaldo, Alex, Djalminha entre outros marcaram esse período.

Pelo Palmeiras eu ri muito e chorei muito.

Não tenho o menor medo de dizer que as minhas mais sinceras lágrimas, só me escorreram a barba pelo meu Verde de Parque Antártica. Claro que amo, amei e fui amado.

Mas é diferente.

De alguma forma, o amor é um sentimento lógico.

Quando você ama sua mulher, imediatamente vem a coisa do respeito, da divisão, do ceder espaço ao amado, da compreensão, do entendimento, do equilíbrio, coisas que alguns entendem como vital para que esse amor perdure, ou seja: é uma racionalização.

Paixão não…

Quando estou apaixonado, eu não tô nem aí pra nada! Esqueço de pagar a internet, a conta de luz atrasa, alguém me visita, lembra “pô, o ralo da pia da cozinha tá entupido?” e eu respondo “Deixe assim, entupido é lindo!!!””

Na paixão num tem essa de dividir, respeitar, ceder, entender, equilibrar, compreender porra nenhuma! Quero tudo pra mim! Quero minha mulher para mim o tempo todo, tudo meu, amando o dia todo, que se danem as horas, as responsabilidades o mundo!!!

EU TÔ APAIXONADO!

Claro que isso passa.

Acaba.

Se amor que é amor é para sempre, paixão que não acaba nunca foi paixão. E aí que tá a beleza do futebol!!!

A única forma de paixão que não acaba é justamente a paixão do torcedor pelo seu clube de futebol de coração. Qual outra explicação? Que amor resistiria há um clube que fica 16 anos na fila sem títulos como o meu? E o respeito? “Eu só te dou amor e em troca vêm essas decepções? E POR 16 ANOS?!?!” Que amor resiste a isso? Que lógica?? Seria divórcio na certa e briga por pensão das bravas!

Mas não… O torcedor é um eterno apaixonado.

Como tal, estarei nas tribunas para empurrar o time contra a Chapecoense. Sem Evair, mas com Deyverson que seja, isso não é novidade para quem vive esse sentimento que falei por toda uma vida. Sim, um revés como o que tomamos na libertadores dói. Mas a vida segue…

Força, palmeirense!

Esse Verde precisa de você…

O post Ser Palmeirense. A necessidade de seguir cantando e vibrando apareceu primeiro em Nosso Palestra.

]]>
https://nossopalestra.com.br/palmeiras/noticias/ser-palmeirense-necessidade-seguir-cantando-vibrando/feed/ 0
O Betinho que há em todos nós https://nossopalestra.com.br/palmeiras/noticias/betinho-que-todos-nos/ https://nossopalestra.com.br/palmeiras/noticias/betinho-que-todos-nos/#respond Fri, 18 Aug 2017 10:35:28 +0000 https://nossopalestra.com.br/2017/08/18/betinho-que-todos-nos/

Antes do jogo, o fim do amor: Saí daquela relação com três discos do Humble Pie, um livro do Leminski, uma camisa do Neil Young e o gosto da pele dela na minha boca basca… RelacionadasPalmeiras treina de olho no Botafogo-SP, e Mayke valoriza Paulistão: ‘Estadual mais difícil que tem’Opinião: ‘Se ela não te quer, […]

O post O Betinho que há em todos nós apareceu primeiro em Nosso Palestra.

]]>

Antes do jogo, o fim do amor:

Saí daquela relação com três discos do Humble Pie, um livro do Leminski, uma camisa do Neil Young e o gosto da pele dela na minha boca basca…

Era uma noite gelada de 2012 e antes da final da Copa do Brasil ela me mandou embora.

Caminhei trôpego, detonado, arrebentado mais por dentro do que um blues, mais Ian Curtis do que Caetano, pela Sampa dura, nada desvairada e triste. Carreguei todas as minhas dores de mágoas e amores para o primeiro bar que me achou pela Pompeia sem classe e entrei. Joguei os discos do lado na mesa, olhei pro balcão, um sujeito me perguntou:

“E ae? Vai beber o que?”

“Cicuta..”

“Isso não tem, velho. Mas tem uns conhaques bons aqui…”

“Que conhaque que você tem ae, que não é bom?”

“Ah… Tem umas garrafas aqui de São João da Barra que vendo pros nóias e tals…”

“Então me dá uma garrafa desse ae, um copo, não me pergunta meu nome e não me trata bem…”

“Tá…”

Fui para a mesa. Dela, vi a TV ligada no jogo de futebol que era a única coisa que me restou de alegria naquela noite; O Palmeiras. Sempre o Palmeiras…

Era o dia de decidir a Copa do Brasil em Curitiba. Enfrentaríamos então um time chato que era chegado a nos dar sustos, que acreditava que podia reverter o 2 x 0 que tinham levado aqui na primeira partida da decisão. O jogo começou.

Do nada que acontecia, o que me chamou atenção para ali foi um gol de falta que levamos numa cobrança de um lateral direito que depois viria me dar dor de cabeça, um tal Ayrton.

Festa no buteco! Os cachaças secadeiras vibravam e então inevitavelmente um pensamento me fulminou a cuca:

“Perdi a mulher porque sou um escroto e pra ajudar, meu time toma uma sapatada desse outro time meia boca e vai perder o titulo” – Era o roteiro trágico previsível, mas daí então entra o personagem que muda tudo isso:

Betinho…

Não sabíamos nada dele. De onde veio porque chegou, e o que diabo fazia no comando do ataque palestrino. Nem de longe lembrava a fina estirpe da tradição da camisa 9 verde. Era um tanto desengonçado, meio atrapalhado, a impressão que me dava é que ele tinha umas 8 pernas e uns 7 braços de cada lado. Um problema.

De todas as dificuldades que Betinho tinha para jogar futebol, a maior de todas era ter que se relacionar com a bola…

Todavia, saiu uma falta para Marcos Assunção bater.

Da perfeição dos seus pés a bola poderia escolher qualquer parábola a ser feita. Poderia encontrar desvios, redes, curvas e tudo mais. Mas acontece que o Palmeiras tem idiossincrasias únicas em sua história…

Marcos Assunção bate; a bola chega na área do Coritiba e caprichosa que só, escolhe a cabeça de Betinho para desviar. Ele resvala, a bola passa por todo mundo e encontra a rede no pé da trave. Gol! Gooooolllllll!!!

No meio de tudo de muito ruim que me acontecia, o Palmeiras empatava o jogo, forçava a Coritiba a tentar marcar mais três gols, coisa que jamais aconteceria. Campeão! O Palmeiras era campeão da Copa do Brasil e Betinho… Ah Betinho…

Do mesmo jeito que veio, Betinho se foi. Pouco soube dele depois, passagens aqui e acolá, todas discretas, porém honestas. Como falei acima ele é o ultimo dos heróis que eu pensava ter, mas sim, o Betinho é um herói do Palmeiras, seja la pelo viés que for.

Porque no mundo do futebol serão raros e especiais os momentos que teremos um César, um Evair, um Servílio, um Mazzola para vestir a camisa 9 de nosso time. Por vezes, o que vai nos restar será um Jorge Preá, um Helio Caipira, um Deyversom, ou um Betinho para torcermos. Nessa hora a gente faz a nossa parte.

Porque no fundo, no fundo, enquanto torcedores, todos nós temos um pouco de Betinho.

Sigamos, portanto…

PS: E ouçam o Humble Pie que é muito bom…

O post O Betinho que há em todos nós apareceu primeiro em Nosso Palestra.

]]>
https://nossopalestra.com.br/palmeiras/noticias/betinho-que-todos-nos/feed/ 0