Arquivos Destaque Fixo Home - Nosso Palestra https://nossopalestra.com.br/assunto/destaque-fixo-home/ Palmeirenses que escrevem, analisam, gravam, opinam e noticiam o Palmeiras. Paixão e honestidade. Thu, 23 Jul 2020 17:33:21 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.5.2 Fotógrafo do Palmeiras escolhe 15 momentos especiais dele em mais de uma década de clube https://nossopalestra.com.br/palmeiras/noticias/fotografo-do-palmeiras-escolhe-momentos-especiais-mais-de-uma-decada-de-clube/ https://nossopalestra.com.br/palmeiras/noticias/fotografo-do-palmeiras-escolhe-momentos-especiais-mais-de-uma-decada-de-clube/#respond Tue, 09 Jun 2020 11:03:00 +0000 https://nossopalestra.com.br/2020/06/09/fotografo-do-palmeiras-escolhe-momentos-especiais-mais-de-uma-decada-de-clube/

Foto: Bruno Ulivieri Cesar Greco chegou ao Palmeiras em 2009 e acompanhou de perto toda reconstrução alviverde. Dos milagres de São Marcos e a despedida do antigo Palestra, até os quatro títulos nacionais que reafirmaram o Verdão como maior campeão do Brasil. RelacionadasApós Paulistão, quarteto assume liderança de maiores campeões pelo PalmeirasWeverton pode se tornar […]

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Foto: Bruno Ulivieri

Cesar Greco chegou ao Palmeiras em 2009 e acompanhou de perto toda reconstrução alviverde. Dos milagres de São Marcos e a despedida do antigo Palestra, até os quatro títulos nacionais que reafirmaram o Verdão como maior campeão do Brasil.

Em todos os momentos, do triunfo no alto da Glória até mais um triste rebaixamento, Cesar estava lá. Registrando cada momento e eternizando em imagens a história para o torcedor.

Cesar atendeu o pedido do Nosso Palestra e separou aquelas que pra ele são as 15 melhores fotografias que ele tirou em 11 anos de clube.

Cada uma delas contém uma grande história. Confira!

1. Amém Marcos!

Sport x Palmeiras, 12 de maio de 2009

01

O Palmeiras foi a Recife para o prélio da Libertadores de 2009 contra o Sport. Eu trabalhava para agência de fotografia Foto Arena e nem fazia ideia de que, no próximo compromisso do verde na competição, no mês seguinte, estaria como fotógrafo oficial do Palestra Itália.

Não sabia porquê, mas queria cobrir o jogo. Algo me dizia que deveria fazer esse jogo. Manifestei minha vontade à agência. A resposta deles foi de que não havia orçamento para a viagem, embora houvesse interesse no jogo. Conseguiram uma verba de ajuda de custo. Da minha parte, arrisquei. Na época, meu irmão trabalhava para uma companhia aérea. Consegui uma daquelas passagens de benefício para funcionários a custo baixo, sem garantia de embarque.

Para Recife fui no voo das seis da manhã, com chegada prevista para o meio-dia. Desembarquei com a roupa do corpo e o equipamento, mas, no melhor estilo bate e volta, sem grana para o hotel. Fiz uma refeição no aeroporto e enrolei o quanto pude. Segui no fim da tarde para a Ilha do Retiro.

Pênaltis. Marcão no gol. E como era de costume, três defesas do grande ídolo palmeirense. Na última, Marcos correu para o lado onde estava a torcida do Palmeiras. Correu apontando para os torcedores. Nesse instante de comemoração, tomei uma decisão errada: troquei a longa trezentos milímetros para uma grande angular. E perdi a foto. A imagem do herói da partida.

Não podia acreditar que, depois de tamanho esforço para cobrir o jogo, eu havia cometido tão notável engano. As vendas das fotos é que iriam, no mínimo, compensar o investimento feito na viagem. Prometi a mim mesmo que faria de qualquer jeito uma foto do principal personagem do jogo.

Os colegas estavam todos ocupados no envio da foto do jogo que havia perdido. Marcos atendia os repórteres no campo. Fiquei alí próximo a ele aguardando. Acabou as entrevistas e ele logo foi em direção ao túnel do vestiário. Chamei umas três vezes por ele – Marcos, Marcos, Marcos… Sem sucesso. Ele estava concentrado e me ignorou completamente. Do nada, ele se virou em direção à torcida, levantou os braços e os agitou, soltando o último sentimento de vibração.

Eu estava na frente dele. Foi o tempo de levantar a câmera com a grande angular, mal encaixá-la no olho e fazer a foto. Exclusiva! Com ângulo, expressão e momento de comemoração diferente dos conseguidos pelos colegas. Apenas eu tinha a foto, porque era o único que ainda precisava uma boa imagem e não estava ocupado com o envio do material. Havia cumprido o prometido.

Corri para enviar as fotos. Estava atrasado. Enviei. Finalizei o material fotográfico do jogo. Segui para o aeroporto para o voo das três da manhã. Troquei uma camiseta que havia levado pela suja e suada do trabalho, lavei o rosto, fiz um lanche e segui para São Paulo.

Quando se trabalha como freelancer, a gente vive buscando as publicações com nosso trabalho. A primeira coisa que fiz foi passar na banca de jornal do aeroporto de Guarulhos. Nas capas dos jornais, nos cadernos de esportes, de todos eles, lá estava a foto exclusiva. Valeu a pena a insistência. Era a única foto diferente conseguida pelos que cobriam a partida – e talvez por isso amplamente utilizada. Presente do Santo.

Mais tarde, com a aposentadoria do Marcanzinho, como carinhosamente o chamo, a foto ilustrou a capa do livro de fotos sobre o goleiro craque do Palmeiras intitulado “Amém, Marcos! O livro oficial de fotos do Santo”.

2. O apagar das luzes de Palestra Italia

Estádio Palestra Italia, 22 de maio de 2010

02

Fim de partida. O Palmeiras havia vencido o Grêmio pelo por 4 a 2 pelo Brasileiro de 2010, no que marcaria na história o fim dos jogos oficiais do Estádio Palestra Italia.

A noite estava diferente. A temperatura estava agradável como nunca. Pairava no ar um sentimento de saudade misturado à alegria da vitória e de tanta história daquela praça esportiva que daria lugar a uma arena novinha.

Fiquei ali, à beira do gramado, terminando de cuidar das fotos do jogo quando, como por um pedido, o céu me chamou a atenção. Estava lindo, exuberante, com uma cor estrelada de laranja. Tomei fôlego e deixei as fotos por um instante para observar aquele céu. Em silêncio, sem mais nem menos, me veio à cabeça: “Esse céu está me pedindo uma foto!”.

O campo ainda estava parcialmente iluminado. Montariam um evento e por isso ainda havia luz de parte das torres. Perfeito. O gramado e arquibancadas iluminadas, o céu oferecendo um espetáculo de cores.

Não perdi tempo e logo fui até o último lance da arquibancada da ferradura, de frente para o placar. Improvisei um tripé com o banquinho de trabalhar e fui tentar a foto que marcaria o apagar das luzes do Palestra Italia. Foto bastante emblemática e marcante. A história estava garantida.

3. Torcida, a gente de Palestra Italia

03

Palmeiras x Boca Juniors, 9 de julho de 2010

O Estádio Palestra Italia viria abaixo. Em seu lugar, se ergueria uma arena das mais modernas. Antes disso, despedida do seu torcedor em um jogo comemorativo contra o Boca Juniors. E lá estavam os apaixonados palestrinos enchendo as arquibancadas do saudoso Palestra em festa para dar o adeus.

Para o palmeirense, as peculiaridades da sua casa estão sempre à memória. O gol da piscina, o gol da Libertadores, a ferradura, as cadeiras cobertas e descobertas, os corredores do Jardim Suspenso todo ladrilhado com paralelepípedos sextavados, o placar, os túneis do vestiário, os brasões atrás dos gols, as tribunas e tantos outros cantos singulares que o Palestra Italia marcava no coração do palmeirense.

Havia também um elemento externo que completava o cenário de uma partida no Palestra: as torres da Casa das Caldeiras das Indústrias Matarazzo. Ficavam ali, guardando o costado do arco da ferradura como monumentos de titãs protegendo sua gente. Quase gêmeas. Três delas. Imponentes. Como muralha a abrigar o Palestra e seu povo de bom coração. Além de ilustrar o cenário de uma típica partida, as torres tinham forte representatividade para a história dos imigrantes italianos e também do Palmeiras.

Foram os Matarazzo, donos do maior complexo industrial da América Latina nos anos 1920, que ajudaram o sonho da compra do Parque Antarctica pelo clube. As torres, além de serem parte do patrimônio visual do Palestra Italia e da cidade, têm vários simbolismos. Era o local de geração de energia para as Indústrias Matarazzo, energia para edificar, construir. Simbolizava a força de trabalho do imigrante italiano e dos brasileiros, o povo, o proletário, o pensamento de vanguarda dos que edificaram o Palmeiras e o tornaram gigante. Verdadeiros monumentos que guardavam a essência da Sociedade Esportiva Palmeiras.

As torres estavam lá, adornando o cenário visual do estádio, defendendo a sua gente que em festa levantavam seus mosaicos e cores para darem adeus ao Palestra Italia.

4. Última comemoração do Santo

04

Atlético Goianiense x Palmeiras, 5 de maio de 2010

Rememorar é viver, dizia meu pai. Razão dos mais experientes. Construímos nossa história com os momentos da vida sem perceber que esses instantes provavelmente serão duradouros e podem representar uma marca eterna.
Marcos, nosso goleiro ídolo, das pessoas mais distintas que já conheci, estava lá para mais uma vez defender não um, nem dois, mas três pênaltis em uma decisão de vaga para a próxima fase de uma Copa do Brasil, contra o Atlético Goianiense, em Goiânia.

Comemorou ao seu modo tradicional, com a humildade de um homem ajoelhado apontado para o céu em agradecimento ao Pai. O que eu não sabia é que as fotos que estava fazendo, das defesas de pênalti e principalmente da comemoração, representariam as últimas desses momentos da carreira de tanto sucesso e destaque do Santo.

Quando Marcos se aposentou, as publicações de imprensa utilizaram intensamente essa foto para anunciar o pendurar das chuteiras nas diversas matérias que contextualizaram a sua carreira. A torcida fez um bandeirão com a foto e nas festividades em homenagem a Marcos pós-aposentadoria fiquei um tanto orgulhoso de vê-la tremulando em festa. A silhueta da imagem foi amplamente utilizada graficamente – inclusive estampando a camisa oficial do Palmeiras com a qual os jogadores entraram em campo no jogo em homenagem ao Santo, contra o Ajax. A foto foi estampada no manto, é um negócio sério!

No mesmo dia das festividades, da procissão de São Marcos, dia do jogo contra o Ajax, fotografei um estêncil em um muro do entorno do Palestra com a foto. Até nos dias de hoje essa foto é utilizada.

A foto do singelo agradecimento a Deus, talvez por ter sido a última de uma história tão bonita, acabou tornando-se icônica. Não fazia ideia que estava tendo tamanha sorte e privilégio em tê-la feito.

5. Copa do Brasil 2012

05

Coritiba x Palmeiras, 11 de julho de 2012

Fazia muito frio no Couto Pereira. Casa cheia. Final da Copa do Brasil de 2012. Jogo tenso. O time da casa saiu na frente, empolgando a torcida. Mas logo na sequência, com cobrança de falta de Marcos Assunção e leve desvio de cabeça de Betinho na grande área, o ânimo do estádio desabou. Para desconsolo da torcida local, o Palmeiras fatalmente sagrar-se-ia campeão da competição.

A ansiedade já me preenchia com a eterna dúvida: será que conseguiria boas fotos da comemoração naquela velha disputa campal que se forma no gramado entre repórteres fotográficos e cinegrafistas em busca da melhor imagem?

A melhor foto é aquela que tem história. Nem sempre é a melhor tecnicamente, mas a que consegue contar a história e tem na sua feitura outra história. Foi o que aconteceu.

Em meio a um verdadeiro batalhão de colegas agrupados disputando o mesmo espaço (caso um caia, todos caem, de tanta gente no mesmo lugar), entre esbarrões e apertos em busca da imagem do técnico Felipão que levava a taça para comemorar com a torcida palmeirense… Não faço ideia como aconteceu, mas a lente desprendeu da câmera.

Foi o tempo de percebê-la caindo no escuro Couto Pereira, olhar para baixo, ter muita sorte em encontrá-la entre tantos pés para lá e para cá, resgatá-la do gramado ligeiramente enlameado, verificar se havia areia no encaixe (na baioneta não poderia haver nenhum tipo de sujeira, do contrário poderia destruir a câmera), voltar a lente na câmera e fotografar o momento em que Felipão levantava o troféu para a torcida muito emocionado. Foram segundos inacreditáveis.

Estava feita a capa do livro das fotos da competição que seria lançado alguns meses depois, intitulado “O Brasil É Alviverde Inteiro, Palmeiras campeão invicto da Copa do Brasil 2012”.

A foto tinha vários problemas técnicos. Pelo frio e pela queda no gramado molhado, a lente embaçou; o foco estava discutível; mas, sem dúvida, era a foto que representava a conquista de Palestra Italia, a emoção, a taça, a vitória. Foram segundos inacreditáveis e de muita sorte. No fim a foto cumpriu o papel de registar a história.

6. Primeiro ato

06

Allianz Parque, 30 de outubro de 2014

O Allianz Parque estava pronto. Passados pouco mais de quatro anos de construção, uma arena suntuosa estava de pé para ganhar a alma vencedora palmeirense. Dentro de poucos dias, aconteceria a partida inaugural, e lá foram os representantes do verde de Palestra Italia para conhecer e, pela primeira vez, treinar na nova casa.

Nelson Coelho, repórter fotográfico das antigas, dos mais experientes, monstro do fotojornalismo brasileiro com vastas coberturas de competições esportivas no Brasil e no mundo em sua brilhante carreira, de quem gosto muito pela pessoa e profissional que é, sempre demonstrou grande interesse pela tradicional foto posada dos times antes do jogo. E ele tem razão: essa foto, além de tradicionalíssima, é o registro histórico de um time.

A imprensa estava presente em massa para cobrir um fato de relevância histórica, o primeiro contato da equipe do Palmeiras com a novíssima casa. Estava com a responsabilidade de não deixar passar nada. Tudo tinha de ser registrado, afinal, era história latente, viva e borbulhante acontecendo. Fotografei tudo que consegui.
Dos roupeiros aos jogadores, estavam todos lá. Sugeri que todos os presentes se juntassem no meio do campo para uma foto posada que não só resumiria em uma imagem a nova casa, como também registraria quem eram aqueles que inauguravam o campo para toda eternidade.

Fiz a foto e depois deixei a frente da pose para que os colegas de imprensa também tivessem a oportunidade de fazer a imagem. Agradeceram e a história da nova casa começaria a ser escrita a partir daquele momento.

7. Vitória da Conquista

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Vitória da Conquista x Palmeiras, 4 de março de 2015

Primeira partida da Copa do Brasil de 2015. Cheguei ao estádio umas quatro horas antes do início do jogo, como sempre faço. Vou com a rouparia para o campo, os ajudo como posso para descarregar a pesada “bausada”, arrumo meu metro quadrado de espaço para trabalhar no vestiário e aguardo tudo acontecer.

Ajeitei tudo e saí um pouco para espiar o campo. Fui tomado por uma imagem curiosíssima. O charmoso e bem cuidado estádio da cidade baiana era formado por um anel de arquibancadas em apenas uma das laterais maiores do gramado e todo cercado por fora por um bosque com árvores altas. A cena dava a impressão de um campo rebaixado em meio a uma selva densa.

A visão me cativou imediatamente e fiquei ali com os meus pensamentos acelerados que não paravam de me dizer: “Você tem de fazer uma foto disso! Você tem de mostrar isso de qualquer jeito!”. E sabia mesmo que teria de usar todo o poder do fotojornalismo para mostrar aquela curiosa e cativante cena. Mas também sabia que a tarefa era dificílima. Não há lente nem ângulo que permita com facilidade sintetizar a aquela cena e a informação que queria passar.

O grande barato da foto e da informação jornalística era o fato de que o Palmeiras, equipe normalmente retratada em cenários mais urbanos e em estádios na maioria tomados por concreto, agora estava submetido a um cenário de fundo bastante inusitado e diferente.

Tentei de todo jeito e estava difícil fazer uma foto que sintetizasse o pitoresco cenário. Mas, como a máxima do plantar e colher remete, Fernando Prass e o bom zagueiro Jackson sobem no segundo andar para rachar com o atacante da equipe local uma bola alçada na grande área. Fiz a foto, e quando a chequei no monitor da câmera, fui tomado por uma grande felicidade: havia conseguido o que queria, a síntese da informação, o fotojornalismo puro.

A foto foi um bom presságio. Boa foto do primeiro jogo da competição que venceríamos. Na partida final, consegui outra igualmente boa, representando um ciclo de início e fim de muita felicidade.

8. Divino

08

Academia de Futebol, 12 de outubro de 2015

O dia era das crianças. A Academia de Futebol estava cheia delas para um evento com os palestrininhos. Ademir da Guia e outros grandes ex-jogadores do Palmeiras estavam lá para interagir com a criançada. Fui até o campo 1 com a minha câmera em punho para ver se podia fazer algo interessante.

Fiz umas fotos aqui e outras acolá quando, de repente, observo o Divino paralisar por um momento a atividade que ministrava com um grupo de pequenos. Estava a alguns metros de distância e quando vi a cena corri para não perder a foto.

O apelido que Ademir da Guia ganhou não é por acaso e não poderia ser outro. Seu Ademir é de uma humildade e mansidão de coração sem igual. Uma pessoa doce que não se faz valer de sua monstruosidade como ídolo, atleta e conquistas grandiosas de sua história para estabelecer o seu valor. Não é necessário, a divindade é natural e própria da essência dele.

O Divino abaixara para amarrar o cadarço de um dos pequenos palmeirenses num gesto dos mais simples e lindos. Havia ido ao campo para fazer um registro simples das atividades e no final das contas fui presenteado por uma foto essencialmente palmeirense.

9. Copa do Brasil 2015

09

Palmeiras x Santos, 25 de novembro de 2015

Jamais tive tanta convicção em toda a minha vida sobre algo pertencente ao futuro quanto a certeza de que o Palmeiras chegaria e venceria a final da Copa do Brasil de 2015. A única ansiedade que sentia era a tradicional incerteza se conseguiria ou não boas fotos, bons registros, imagens que contassem a história.

Pênaltis. Prass, uma das principais figuras do título, ruma para cobrar. O burburinho da torcida era ouvido aos quatro cantos do Allianz Parque de Palestra Italia. O privilégio de acompanhar os treinamentos do Palmeiras é saber que Prass bateria o penal – e certamente converteria, pelo que eu havia visto em seus treinos de cobranças. Não me causava estranhamento Prass na última cobrança decisiva.

Nos pênaltis, os fotojornalistas buscam o melhor ângulo para fotografar a possível defesa do goleiro. Alguns metros à frente do escanteio na linha lateral. Mais ou menos na direção da linha da pequena área. Fui logo posicionando-me por lá. O fiscal não permitiria que ficássemos alí e indicou que fosse para a linha oposta.

Muito a contragosto e resmungando um bocado, fui para o outro lado. Quando cheguei lá, vi que muitos colegas tinham se posicionado exatamente onde eu queria ter ficado originalmente. A força da maior parte acabou vencendo a determinação do fiscal da Federação.

Fiquei bem bravo por ter seguido o indicado; no final das contas, poderia ter ficado lá. Caso perdesse a alguma comemoração importante, ficaria uma fera. Mas agora não havia mais nada a ser feito, a não ser contentar-se com o local onde eu estava e deixar nas mãos do destino. E que sorte eu tenho.

Fernando Prass posicionou a bola na marca da cal, tomou distância e soltou a pancada. Saiu correndo emocionado, a ponto de deixá-lo desnorteado de tanta explosão de sentimentos. Correu para o lado que estava. Bem na minha direção. Fiz toda a sequência da comemoração com a inigualável expressão que o rosto dele carregava.
Quando chegou bem próximo a mim, perto das placas da linha lateral, imagem que a minha lente 400 mm não mais podia enquadrar pela proximidade, saquei o mais rápido que pude a segunda câmera equipada com a grande angular, uma 16-35 mm, e fiz a foto que seria a capa do livro de fotos sobre a competição, intitulado “Da Vitória À Conquista, Palmeiras tri campeão da Copa do Brasil”.

Era o primeiro momento de comemoração de Prass com os outros jogadores que corriam a extensão do campo para abraçá-lo, o mais emblemático deles e da competição, com todo o cenário do Allianz Parque ao fundo efervescendo com a alegria dos torcedores. Estava ali do lado deles, atrás das placas de publicidade fotografando. Estávamos em pouco colegas por ali. Um ou outro conseguiu a foto. A maioria estava do outro lado. A história mais uma vez estava garantida.

10. O cajado de Moisés

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Corinthians x Palmeiras, 17 de setembro de 2016

Moisés ganhara o apelido de Profeta da torcida palmeirense. Um dia qualquer no vestiário lá estava ele se preparando, concentrado, aguardando sua vez para fazer uma botinha ou algum outro preparativo para enfrentar mais um prélio, quando disparou – Cesinha, onde você fica no campo? Expliquei e em seguida ele completou –Vou fazer um gol e pegar a sua câmera para simbolizar um cajado. Fiquei surpreso e disse que era só ir até mim que passaria a câmera no monopé a ele.

O tempo passou e ele fez um gol. Comemorou. Imaginei que havia esquecido da comemoração sugerida por ele. Passou um pouco mais o tempo e fomos ao estádio do rival para uma partida valiosa rumo à conquista do Brasileiro daquele ano. O jogo tinha um simbolismo e importância enorme, era um clássico, contra e na casa do adversário mais tradicional, valendo a continuidade da liderança e um passo precioso para a conquista do título.

Moisés cabeceou de peixinho após rebote e saiu para comemorar. Estava no lance e já iniciava a sequência de fotos da comemoração quando o reduzido quadro da minha quatrocentos milímetros mostrou ele apontando e olhando diretamente para mim em meio a emoção do gol. Surpreso, apenas pensei: “Ele lembrou e vai vir pegar a câmera”.

Fotografei o quanto pude até o quadro não comportar mais a sua proximidade enquanto corria a mim. Entreguei o monopé com a câmera equipada com a 400 mm, já sacando a reserva com a grande angular para fotografar o gesto do cajado. Foi muito legal a comemoração. Deu para me ver direitinho nas imagens da televisão.

A torcida do rival ficou atônita em silêncio assistindo a alegria do Profeta e seu cajado. Quando a comemoração acabou, um torcedor gritou intimidador – Estou de olho em você, hein! Profissional que sou, fingi que não ouvi e segui meu trabalho.

Vencemos a partida por 2 a 0 e, no final, o campeonato, somando nove conquistas de Brasileiros. O Profeta jogou muito. Mais tarde, em entrevista após deixar o Palmeiras, Moisés declarava que aquele gol foi o mais marcante que fizera na passagem dele pelo clube.

11. Brasileiro 2016

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Palmeiras x Chapecoense, 27 de novembro de 2016

Era dia de levantar a taça. Em pleno Allianz Parque de Palestra Italia cheinho de corações vibrantes, o Palmeiras venceu a Chapecoense e apoderou-se do título de Campeão Brasileiro pela nona vez em sua história. A festa estava completa.

O jogo marcava também a despedida de Gabriel Jesus. Negociado com o Manchester City, o menino Jesus deixaria o Palmeiras. Havia vencido recentemente a primeira medalha olímpica da seleção brasileira de futebol nos jogos do Rio 2016. Fernando Prass, também convocado para aquela seleção, machucou-se, desfalcando não só a seleção como o Palmeiras. Em seu lugar, Jailson fechou o gol e com méritos venceu o Campeonato Brasileiro.

Para apoiar o colega de clube e de seleção, Gabriel Jesus homenageou Prass nas comemorações da conquista da medalha olímpica. Em retribuição, na celebração campal que acontecia pelo título brasileiro, Fernando Prass pôs Jesus em seu ombro e desfilou com o menino. Muito emocionado, saudava os torcedores em tom de despedida e agradecimento. Fiz também uma boa foto desse momento.

Receberam todos as medalhas. Dudu, o capitão, levantou a taça em grande festa, e quando correu com o caneco para a volta olímpica, para apresentar a recente conquista aos torcedores, lá estava eu correndo para registrar os primeiros momentos do emocionante ato.

Fui o primeiro a chegar na frente da cena, Dudu carregando a taça em meio a um leve trote com um sorriso solto acompanhado dos companheiros de time. O símbolo do triunfo.

A imagem do sorriso espontâneo do capitão dirigindo o olhar para a torcida, os fogos disparados ao fundo iluminando o céu e anunciando a glória, os camaradas de equipe no entorno correndo no mesmo ritmo acompanhando a marcha vitoriosa, ainda imersos na emoção de serem campeões, dizendo algo feliz uns para os outros.

Foto que representa o primeiro instante de comunhão entre clube, time, torcida e o sentimento de ser campeão. Exclusiva, nem melhor nem pior do que aquelas conseguidas pelos colegas que estiveram lá para cobrir a conquista do Palmeiras, mas a que consegui, que ganhei de presente para ajudar a eternizar mais um sucesso da rica história do Palmeiras.

12. Cobertura

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Palmeiras x São Paulo, 11 de março de 2017

Em 2015, Robinho havia mandado um petardo do meio da rua e garantido a placa por um golaço de cobertura em pleno Allianz Parque, num clássico vencido por 3 tentos a 0 contra o time vizinho da Academia de Futebol. Ele repetiu a dose meses depois em pleno Morumbi.

Do primeiro gol, tenho a foto do momento exato em que a bola encontra o pé de Robinho ao chute para então viajar para o fundo do barbante. Do segundo, não tenho a foto; estava no lance, mas infelizmente outros jogadores ficaram na frente, impedindo a imagem.

O terceiro, alguns anos depois, foi de Dudu. O baixinho bom de bola e um dos principais jogadores do elenco palmeirense ficou com a responsabilidade de marcar mais um gol de cobertura à longa distância contra o rival. Após pressão de Egídio sobre o adversário, a bola sobrou para Dudu, que teve tempo de observar o goleiro adiantado e chutar. Golaço.

Foram gols marcantes e representados aqui pelo último, o de Dudu, no momento decisivo em que ele acabara de chutar e a bola tomava o rumo pelo ar em direção ao gol, ao fundo das redes para a explosão dos torcedores.

13. Segunda Academia

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Academia de Futebol, 28 de agosto de 2017

Em 1972, nem nascido era e o palmeirense já admirava a formação da Segunda Academia. Foi de perder a conta quantas vezes ouvi comentários saudosos daquele time. Todos começavam com a escalação na ponta da língua, depois vinham as descrições de jogadas e gols e logo em seguida a preferência por um ou outro jogador. Aquilo tudo intrigava meu imaginário. Tanto saudosismo e emoção para descrever um time. Enquanto criança, queria entender aquele sentimento.

O tempo passou e inacreditavelmente cabia a mim reproduzir a foto da Segunda Academia do Palmeiras feita lá nos idos da década de 70 com todos os ex-atletas que participaram daquele time. Foram escalados mais uma vez para remontar a foto como fora feita a época. Seriam também homenageados no banquete de aniversário do clube. Reunião que deu conta de uma porção de memórias.

O riso era fácil. Não abandonava o meu rosto. Finalmente entendi o porquê de tanto saudosismo. Foi mesmo um grande privilégio participar de um momento tão singular da história do Palmeiras, a reunião daqueles que marcaram época de tantas conquistas e glórias.

E lá estavam Ronaldo, Eurico, Leão, Dudu, Luís Pereira, Alfredo Mostarda, Zeca, Polaco e Mario Motta (em pé); Edu Bala, Levinha, Cesar Maluco, Ademir da Guia e Nei (sentados), como na foto do passado, todos vivos e ostentando o brasão de Palestra Italia no peito mais uma vez.

14. La Bombonera é nossa

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Boca Juniors x Palmeiras, 25 de abril de 2018

O jogo era na Bombonera. Seria a primeira vez que, em tantos anos de futebol, eu cobriria um jogo naquele estádio que povoa o imaginário dos que gostam e acompanham o esporte. Comigo não era diferente, tudo que tinha na cabeça era o que ouvira dizer a respeito da praça esportiva e suas peculiaridades.

Estava mesmo preocupado com a estrutura que teria para trabalhar. Ouvia sempre de colegas que conheciam o estádio os problemas enfrentados pela falta de espaço para trabalhar e a proximidade com o alambrado e os torcedores. Jogo fora, em outro país, jamais sabemos ao certo o que vamos enfrentar.

No final, tudo acaba dando certo.

A Bombonera é mesmo bastante curiosa e interessante, mas, pelo menos de dentro de campo, não igualou as expectativas do meu imaginário, e a proximidade com o alambrado e os torcedores e o pouco espaço de recuo para trabalhar não foram problema. Preocupação a menos para concentrar-se nas fotos do jogo.

Estreei com pé direito. Vencemos o Boca em plena Bombonera. Assim como o Palmeiras em sua casa, o time argentino é muito difícil de bater em suas dependências. E vencemos. Gols de Keno e outro belíssimo de Lucas Lima que me presentou pelo debute com uma foto bem legal de sua emoção pelo tento marcado.

Comemorou bem próximo onde eu estava posicionado, ali de frente com a bandeira de escanteio. Quando recebeu o abraço dos companheiros de time, saquei da segunda câmera velha de guerra equipada com a grande angular para fazer a foto que mostrava o abraço do grupo com Lucas Lima de costas apontando para cima. O ângulo que fiz a foto sugeria que o meia palmeirense estava apontando para a torcida do Palmeiras, que estava acomodada no anel superior oposto do estádio logo acima da do time da casa.

Entre imaginário e realidade, a experiência no estádio foi das melhores por conta da vitória e da foto que havia feito.

15. Deca Brasileiro 2018

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Palmeiras x Vitória, 2 de dezembro de 2018

Mais uma vez o Palmeiras estava no topo da tabela, disputando ponto a ponto um título brasileiro. O dia de soltar o grito de campeão aconteceu no estádio do Vasco. Sensação das mais gostosas para o apaixonado torcedor. Do campo foi inesquecível.

A torcida de Palestra Italia estava no canto oposto ao gol onde o tento determinante foi marcado. O torcedor local do time carioca emudeceu as suas dependências com o gol contra a sua equipe, e lá ao longe ouvi as galerias do verde levantarem o grito em ápice de alegria.

Como sinfonia comandada pelo maestro, os sons da emoção palmeirense iniciaram ao longe, chegando ao clímax orquestralmente com o silêncio dos adversários em meus ouvidos. Muito legal e curioso sentimento.

Receberíamos a taça em casa, no próximo jogo, último do campeonato, quando então a festa estaria completa. Vencemos o Vitória da Bahia com casa cheia para assistir o capitão Bruno Henrique alçar o caneco aos céus e explodir o coração da gente de Palestra Italia de satisfação.

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Foto: Arte Palestrina

A espera acabou!

Após uma semana de muito trabalho de toda a nossa equipe e cinco teasers divulgados no youtube, é com muito prazer que anunciamos a estreia do Especial 20 anos em 20 minutos: Uma conquista mais Palmeiras do que qualquer troféu!

No dia em que a épica classificação alviverde completa 20 anos, você torcedor palestrino, recebe esse presente do Nosso Palestra.

Mais do que 180 minutos.

Duas décadas de aniversário.

Um dos Dérbis mais emocionantes da história do maior clássico do Brasil.

Reunimos os personagens alviverdes daquele encontro para tentar te resumir o que foi aquele 6 de junho de 2000.

Teve raiva, determinação, superação e acima de tudo: PALMEIRAS!

Até hoje, Palmeiras e Corinthians se encontraram duas vezes em uma eliminatória de Libertadores. As duas em anos consecutivos e sempre o mesmo final.

Isso vale mais do que qualquer troféu!

Assista o especial completo pelo link:

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Dossiê Dinheiro: uma análise sobre o Palmeiras desde 2015 https://nossopalestra.com.br/palmeiras/noticias/dossie-dinheiro/ https://nossopalestra.com.br/palmeiras/noticias/dossie-dinheiro/#respond Fri, 22 Nov 2019 02:50:00 +0000 https://nossopalestra.com.br/2019/11/22/dossie-dinheiro/

Toda e qualquer conversa sobre Palmeiras, desde sempre, chegará ao tema ‘negócios’. Os que deram certo, os que foram um fracasso retumbante. E, desde 2015, com a chegada estrelada de um dirigente com status de ídolo, esse tema mudou de proporção e se tornou o mais delicado e polêmico assunto quando se fala em futebol […]

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Toda e qualquer conversa sobre Palmeiras, desde sempre, chegará ao tema ‘negócios’. Os que deram certo, os que foram um fracasso retumbante. E, desde 2015, com a chegada estrelada de um dirigente com status de ídolo, esse tema mudou de proporção e se tornou o mais delicado e polêmico assunto quando se fala em futebol do alviverde.

Seria ele o culpado pelas decepções ou herói das conquistas? Gastou, rendeu, fez bom uso, fez tratos errados? Manteve padrão, criou uma cultura de transferências? Quais foram os problemas e os milagres? Fomos a fundo pra saber como foram os cinco anos de Alexandre Mattos, de Crefisa, de Leila Pereira, de muito dinheiro  e muitas mudanças no mundo verde.
Chegada com moral

No dia 6 de Janeiro de 2015, o Palmeiras, inaugurando o segundo mandato de Paulo Nobre, anuncia a chegada do novo dirigente de futebol para a vaga do então diretor José Carlos Brunoro. Vindo de Minas, após dois anos de títulos brasileiros com o Cruzeiro, Alexandre chegou para andar com a reconstrução de um elenco que flertou com a Série B no ano anterior. E os recursos não eram lá grande coisa.

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Montagem de 2015

Usando da criatividade e do bom entendimento dos jogadores sem contrato, o planejamento daquele ano começou ainda cedo. Antes mesmo de chegar a São Paulo, Alexandre já havia fechado com o zagueiro Vitor Hugo, o lateral-esquerdo João Paulo, os volantes Amaral, Andrei Girotto e Gabriel, o lateral-direito Lucas, o meia Zé Roberto e o atacante Leandro Pereira. Deste todos, apenas o matador custaria algo aos cofres alviverdes. Pouco mais de 1,5 milhão de euros.

Empréstimos e jogadores livres de vínculos eram as opções para aquele projeto que contava com pouca grana. E esse padrão seguiu com o resto dos 25 reforços que chegariam ao longo da montagem. De todos os nomes, quatro foram em compras. Robinho, por 2,5 milhões de reais, Thiago Santos por 1 milhão de reais. Além deles, Dudu e Barrios completam a lista. Mas merecem especial atenção.

Operação Crefisa

Recém-chegada ao Palmeiras, Leila Pereira e sua empresa, patrocinando o Palmeiras, tiveram o primeiro grande ato com a chegada de Lucas Barrios. O camisa nove que disputava a Copa América daquele ano foi contratado com status de herói.
Custando 40 milhões de reais no valor final entre transação, luvas e salário dos quase três anos em que lá esteve, o paraguaio foi a mostra de que aquele projeto abria horizontes além do poder – à época pequeno – do clube e ia além dos muros da Academia.

É importante lembrar que o primeiro acordo de patrocínio era algo em torno de 23 milhões de reais por ano. Foi o primeiro ‘chapéu’ dado no rival São Paulo, que também negociava a chegada do aporte.

Antes, a tacada de gênio

Antes que o elenco se tornasse grande e sem ainda visualizar o poder da Crefisa, Alexandre Mattos teve seu apogeu e sua transformação em herói com a contratação bombástica de Dudu. Destaque gremista, o camisa 7 havia se entendido com o Corinthians logo após ser desejado pelo São Paulo. Eram favas contadas a ida do futuro ídolo para um arquirrival. Eram.

Até que em um domingo cedo pela manhã, com aval do presidente Paulo Nobre, Alexandre se reuniu com Dudu e apresentou a ele o projeto ousado que mudaria pra sempre o destino dele, do jogador e do clube. Chegava, por 3 milhões de euros, o cara desse novo Palmeiras. Mattos se torna incontestável. O Palmeiras mostrava ao Brasil que mudava de status. Queria ser protagonista.

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Mittos

O final daquele ano, de taça nos braços, trouxe resultados financeiro e esportivo maravilhosos. Gastando pouco mais de 50 milhões de reais em 25 reforços, o Palmeiras voltava a ser campeão nacional, revelava Gabriel Jesus ao mundo, e conquistava o respeito de torcedores e de rivais. Voltava a ser importante. Mattos se consolida como ‘Mittos’. Chega até a ser garoto propaganda do programa Avanti nos comerciais de televisão.

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Sucesso do Avanti

Propulsor definitivo do maior poder de compra da equipe, o programa de sócios-torcedores, o Avanti, uma iniciativa muito querida por Paulo Nobre, teve um crescimento de quase 70 mil sócios ao longo de 2015, atingindo a marca de 120 mil adesões. Liderou o ranking no país e foi top 10 no mundo. E o dinheiro arrecadado foi revertido também em ações com os associados, como visitas ao CT, estádio e pré-jogos, e no investimento para o departamento de futebol. Um sucesso retumbante.

Torcida na rua

O final de ano trouxe um episódio que talvez seja o mais importante momento pré-jogo que o novo Allianz Parque viveu. Com um ano de vida, o estádio, que já era uma fonte de receita poderosa, viu sua gente mobilizar dois estádios para a final da Copa do Brasil. Com 40 mil pessoas dentro do estádio e pouco mais de 60 mil nos arredores, a noite daquela taça foi a mais impecável relação torcedor e clube. E seria a última vez.

Fenômeno Allianz

O primeiro ano completo na nova casa trouxe um acrescimento de renda muito importante. Com relação a 2014, houve um crescimento de 270% no faturamento com bilheteira. Com 35 jogos, a renda líquida foi de 43 milhões de reais. Em 2014, com jogos no Pacaembu, a renda atingiu pouco mais de 11 milhões de reais.

A média de público, por sua vez, acompanhou o crescimento vertiginoso. Em 2014, o Palmeiras recebeu, em média, 16.897 mil torcedores. Já em 2015, o número subiu para 29.445, mesmo com o ticket médio tendo disparado de R$ 37.66 para R$ 71.75. A renda líquida de 2015, por fim, liderou o quesito no país com 32 milhões de reais.

Contas no azul

O Palmeiras fechou 2015 com lucro de R$ 10,5 milhões. Com renda líquida em bilheteria, o time pulou de R$ 23,1 milhões em 2014 para R$ 87,2 milhões em 2015, representando um aumento de 276%. Há, também, os R$ 43 milhões de patrocínio da Crefisa e da FAM. Era o começo de um ciclo virtuoso que dava resultados em campo e convencia nos números fora dele. Direção prestigiada.

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Sarrafo sobe – 2016

Campeão e com mais poder de contratação, o Palmeiras começa o ano em busca de qualificar o elenco vencedor e aposta em continuidade. Presidente, diretor, treinador. Todos continuam para o novo ano e o planejamento conta com a manutenção dos principais destaques do time campeão. Era hora de contratar menos, mas caprichar na qualificação.

Apostando na mesma mescla de jogadores livres e gastos mais elevados em certos nomes, o Palmeiras faz um negócio que impressiona pelos números. Traz Erik, destaque do Goiás, por 13 milhões de reais e com contrato de cinco anos. Além dele, Jean, experiente jogador do Fluminense, e o desconhecido Moisés chegaram por negócios envolvendo valor de transação. A janela de verão ainda contou com Edu Dracena, Fabiano, Fabrício, Vagner, Roger Carvalho, além de Regis, que chegou sem custos. Observação e habilidade de mercado.

Mau início. Mão no bolso.

Após um Paulistão frustrante em 2015, Marcelo Oliveira deixa o comando técnico do Palmeiras. Cuca assume seu lugar para que as fichas todas ficassem no Brasileirão. A Libertadores havia sido um sonho sem sucesso. Com o novo comando, Alexandre foi ao mercado e trouxe negócios caros – e efetivos. Yerri Mina e Roger Guedes custaram quase dezenove milhões de reais aos cofres verdes. Além de Tchê Tchê, que chegou sem custos.

O sucesso veio em forma de título histórico. 22 anos depois, o Brasil era verde de novo. A tacada de tiro curto, mais uma vez, pelo segundo ano seguido com dois treinadores, o Palmeiras fechava o ano com uma conquista. Era o final da era Paulo Nobre e também o final do contrato com Alexandre Mattos. Eles deixavam um balanço recorde. O auge do clube que havia se refeito.

Azul. Muito azul. Verde!

De acordo com balanço publicado pelo site oficial do clube, o Verdão teve quase R$ 90 milhões de lucro em 2016, sendo uma receita operacional recorde: R$ 468,6 milhões (R$ 117 milhões a mais em relação ao ano anterior, quando foi registrado lucro de "apenas" R$ 10 milhões). O Palmeiras rendia por todos os lados. Era uma máquina de fazer dinheiro.

Dívida da confusão

Por mais que o clube tivesse lucrado muito e com sócio-torcedor fazendo históricos R$ 30 milhões de renda e com todos os débitos bancários quitados, Paulo Nobre deixava o clube no final de 2016 com algo pendente. Um empréstimo de 112,9 milhões de reais que o mandatário injetou no clube em forma de contratações e aporte financeiro.

A dívida seria paga através de parcelas e com a venda dos jogadores que ele havia ajudado a contratar. Ainda com a condição especial de que em caso de lucro na venda, o valor seria do clube e, se rolasse prejuízo, ele, Paulo, arcaria com a depreciação.

É importante lembrar, entretanto, que o aporte financeiro de patrocínio também já se elevava naquele momento. Foram R$ 90,6 milhões recebidos pelo clube com os patrocinadores anexos e a dupla Crefisa e Faculdade das Américas. Em 2015, o montante havia sido de R$ 69,7 milhões, dos quais 23 eram de Leila Pereira e suas empresas. Dois lados gastavam. Um só continuaria.

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Rompimento oficial

Presidente idolatrado pela torcida, Paulo Nobre encerrou seu mandato com dois títulos e com o sucessor eleito. Maurício Galliote, vice de Paulo e fiel escudeiro do ex-presidente, assumiu o comando do alviverde no começo de 2017 e uma atitude mudou toda essa relação umbilical. O novo mandatário não impediu que Leila Pereira se candidatas ao Conselho Deliberativo do clube por meio de discutível manobra de bastidores. A “traição” deu start a uma nova era de investimentos da patrocinadora e pôs fim ao envolvimento de Paulo Nobre com a gestão.

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Fenômeno Leila Pereira

Leila já mostrava a ambição de se envolver profundamente com o clube. Essa medida de fazer parte do Conselho foi viabilizada pela manobra de Mustafa Contursi, presidente lendário do clube, que atestou ter dado a Leila, em 1996, um título de sócia benemérita e por isso avalizado sua candidatura (requerem-se dos candidatos, oito anos de associação). O lado de Paulo Nobre, que havia vetado a candidatura, afirmava que ela só havia se tornado sócia em 2015.

Divergência à parte, em 11 de Fevereiro de 2017, com votação recorde de 248 sócios, ela foi eleita pro conselho. Era parte da chapa ‘Palmeiras Forte’, do grupo de Mustafá. O reflexo dessa eleição veio a galope com transferências milionárias.

O cerco

Apesar da elogiada gestão, Paulo Nobre foi responsável pela implantação de algo que revoltou torcedores e opinião pública. Com apoio da Ministério Público de São Paulo e direção do clube, a Polícia Militar passou, desde o dia 23 de Outubro de 2016, a fechar as ruas que ficam ao redor do estádio, em dias de jogo. Só passa pelo bloqueio quem tem ingresso comprado ou quem comprove ser residente da região. A medida visava, segundo a diretoria, melhorar a segurança do pré e do pós-jogo no Allianz Parque e expulsar cambistas e ambulantes, mas os números são confusos sobre esse cenário.

Acelerando o tempo dessa análise, em março de 2017, o já presidente Maurício Galliote afirmou ao portal UOL que cerca de 100 ocorrências eram registradas, por jogo, no Allianz Parque/Palestra Italia. No entanto, de acordo com o 23º Distrito Policial, durante os doze meses de 2016, foram registradas apenas 11 ocorrências na Rua Palestra Italia, e apenas quatro foram em dias de jogos. Para se ter uma ideia, na região, até o final de 2018, 48 ocorrências foram registradas. Na prática, a justificativa da violência não teve fundamento.

A polêmica que começa em 2016, na gestão Paulo Nobre, se estenderá por todos os anos dessa análise. A parte que mais gerou críticas e protestos.

Preços e público

O Palmeiras fecha o ano de 2016 com uma média de 29.014 pessoas por jogo, número levemente abaixo dos 29.445 de 2015, mas com média de ocupação em crescimento, chegando a 68%. Arrecadou 59.6 milhões de reais com bilheteria, um recorde do clube. As coisas seguiam bem com as contas do alviverde. O Avanti, inclusive, representou 71% do público do Palmeiras nos jogos da equipe. Liderou o país com maior número de adeptos ao programa. O crescimento era incontestável.

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Dinheiro pelos ares – 2017

Sobravam condições para planejar 2017, mas faltava um treinador. Com problemas pessoais, e, também, problemas internos no clube, Cuca não deu andamento ao trabalho campeão. De contrato renovado pela primeira vez, Alexandre Mattos escolheu Eduardo Baptista, que havia feito bom trabalho no Sport Recife, como novo comandante. E daria a ele muitas novas opções.

Desfilando emprestados pelo Brasil, começava neste momento um aumento de jogadores com vínculo com o Palmeiras, mas que atuariam em outros clubes. No elenco do campeão brasileiro, um aporte de 81,5 milhões de reais, em valores atuais de conversão, foi feito em contratações, mas com uma mudança definitiva: o dinheiro de Leila Pereira.

**Mais do que um patrocínio
**

Dias antes da eleição para o Conselho acontecer, o Palmeiras anunciou a chegada de Alejandro Guerra, melhor jogador da Libertadores de 2016 e campeão da competição pelo Atlético Nacional. Com a ajuda da Crefisa, foram pagos 10 milhões de reais na transferência do meia. Ainda houve a apresentação de Guerra na sede da FAM e com a presença de Leila para entregar a camisa alviverde para o venezuelano. Havia nesse momento um marco de participação dela no mundo do Palmeiras

Porco de Ouro

Insatisfeito após perder Gabriel Jesus, ainda que por bons 121 milhões de reais pagos pelo Manchester City, o Palmeiras buscava um camisa 9 para a temporada de 2017 e foi atrás do maior destaque do continente (no segundo semestre de 2016…). Miguel Borja recusaria a China para vir ao Brasil e esse negócio multimilionário só foi possível porque a rainha do condado palmeirense se dispôs a investir em um nível nunca antes visto.

Com pouco mais de 32 milhões de reais pela transferência e também 200 mil reais mensais para compor os 313 mil reais de salários do colombiano, mais 1 milhão de dólares de luvas pela assinatura, ela bancou o pacote do novo camisa 9. O jogador mais caro da história do clube. Após Barrios, Vitor Hugo e Guerra, Borja se tornaria a quarta, e maior, contratação da dupla Crefisa e FAM. Dessa vez, com aditivo de gastos com patrocínio para acrescer a quantia dos salários.

Renovação com benefícios

Partindo para 72 milhões de reais pelo ano de exposição de suas marcas, as empresas de Leila Pereira passaram a ter novos investimentos. Eles se davam da seguinte forma: a comissão do clube determina o atleta e as empresas são acionadas para o pagamento. O dinheiro é repassado ao clube na compra de propriedades de marketing do Palmeiras.

Planejamento confuso e dependente

A Crefisa definitivamente bancou a ida do Palmeiras ao mercado de transferências em 2017. O zagueiro Juninho, por exemplo, custou 3 milhões de euros (R$ 11 milhões). Já outros 3,7 milhões de euros (R$ 14 milhões) foram pela compra de 50% de Dudu junto ao Dínamo de Kiev, além de mais 2 milhões de euros (R$ 8 milhões) por Fabiano, lateral que veio do Cruzeiro, sem contar os 10 milhões de reais investidos em Luan, zagueiro do Vasco. Isso apenas na gestão de Eduardo Baptista.

Raphael Veiga, Keno, Antônio Carlos, Felipe Melo, Michel Bastos, Mayke, Hyoran e William foram os nomes que, entre gastos e empréstimos, completaram o mercado de verão do Palmeiras para a busca do bi nacional e da Copa Libertadores. Pouco menos de 20 milhões vieram apenas do cofres alviverdes.

O problema veio dentro de campo. Com campanhas conturbadas na Copa e no Paulistão, Eduardo não resistiu à sombra de um Cuca desempregado e disposto a trabalhar. A volta do ex eram favas mais do que contadas. Com ele, mais um pacote de reforços viria e faria números estrondosos nos gastos de Crefisa e Palmeiras.

120 milhões

Com as chegadas de Bruno Henrique e Deyverson, além das luvas pagas para o retorno de Cuca, a empresa atingiu impressionantes 120 milhões de reais investidos no futebol do Palmeiras naquele ano. O problema viria meses mais tarde, com uma notificação da Receita Federal. Isso mudaria muito o futuro.

Multa. Mudança no contrato

Multada em 30 milhões de reais por ter descrito os valores gastos em transferências como “despesas” e assim ter evitado a tributação completa do valor, a Crefisa mudou seu modelo de contrato. Antes, os jogadores eram resguardados pelo Palmeiras e ligados à empresa como “propriedade marketing”, para que tivesse a chance de explorar a imagem dos contratados.

O contrato inaugurado no final de 2017 configura que os atletas, então, passariam a ser emprestados pela empresa ao clube. Em caso de venda abaixo do valor gasto, o Palmeiras teria 24 meses para quitar a dívida. Caso algum atleta tenha seu contrato expirado, o clube também deverá pagar em até 24 meses pelo valor gasto. Forma-se uma dívida sem tempo para acontecer, mas inevitável. Crefisa dependência.

Decepção em campo.

O Palmeiras não aconteceu em 2017. Muito próximo de uma reviravolta histórica, mas que esbarrou no título do arquirrival Corinthians, o ano acabou na seca para os palmeirenses. E com mais dois treinadores demitidos. Alberto Valentim era o sexto comandante dos três anos de Mattos no Palmeiras. 2018 viria e mais uma busca pelo comandante de um Palmeiras que voava nas finanças.

Azul. De novo.

Em 2017 o Palmeiras ultrapassou a casa dos R$ 500 milhões em receita. Houve aumento em todos os quesitos: TV, patrocínios, bilheteria e venda de atletas, o que lhe permite aproveitar o farto dinheiro do patrocinador para investir em formação de elenco – e não para fechar as contas correntes. O clube conseguiu atuar para reduzir sua dívida bancária e pagou o que devia ao ex-presidente Paulo Nobre.

Até por conta das desavenças políticas, a nova gestão fez questão de zerar a dívida com o antigo mandatário. Mesmo com parcelamento a juros minúsculos para até 10 anos, em apenas um o débito foi extinto. Poderia ser motivo para celebrar, mas na prática, o que aconteceu foi a mudança de conta a ser paga. Sai Nobre, entra Leila Pereira. Quase um seis por meia dúzia. Quase.

113 vs 120

O Palmeiras de 2017 e começo de 2018 usou 113 milhões de reais para quitar uma dívida parcelada para até 10 anos com depósito de 10% da renda bruta anual do clube – para fazer uma nova dívida de 120 milhões a serem pagas em até 24 meses após a venda ou expiração de contrato. Em termos práticos, em média, de cinco a sete anos. Uma troca que parece muito mais convincente no aspecto político e de orgulho do que no sentido lógico de administração responsável.

Bilheteria e Avanti

Com 29.660 pessoas por jogo, o Palmeiras manteve sua média de público na casa das 30 mil pessoas, o que representava uma ocupação de 75% do estádio – um número bem satisfatório para o que o clube planejava. Ainda com ticket médio mais caro do país, 58 reais, o Palmeiras bateu, no Brasileirão, uma renda de 33 milhões de reais, a segunda melhor arrecadação do campeonato. No Avanti, o resultado foi uma renda de R$ 47 milhões, pouco mais de R$ 3 milhões acima do registrado no ano anterior. O aumento com sócio-torcedor ficou em 7,5%.

2018 e um estilo preciso

Nas mãos de Alexandre Mattos, que havia recebido apoio em forma de ameaça de Leila Pereira – “se Mattos sair, eu vou rever meu patrocínio” -, o dirigente se segurou no cargo mesmo após os maus resultados do ano que havia passado e comandou uma janela de transferências com menos apostas e negócios mais “certeiros”.

Gastando pouco menos de 25 milhões de reais em nomes de maior impacto como Gustavo Scarpa e Weverton, o Palmeiras foi pontual, mas também investiu nos bastidores para ter jogadores que movimentaram a janela, como o meio campista Lucas Lima, que chegou sem custos de transferências, mas com o bolso abastecido pelos vencimentos milionários após assinar com o alviverde. São 47 milhões de reais previstos para os cinco anos de contrato, até 2022.

Com as próprias pernas

O valor investido na montagem do elenco que viria a ser campeão brasileiro é 5 vezes menor do que foi gasto para compor o time que saiu zerado de 2017 e isso se deve, também, à não participação da Crefisa nos negócios do clube. Desde a mudança de contrato, o Palmeiras adotou uma postura mais comedida quanto ao envolvimento da empresa nos gastos de transferências, afinal, eram, ali, mais de 120 milhões de reais em dívidas com a patrocinadora, que viveria seu quarto ano ao lado do alviverde do Palestra.

Ainda assim, vendas em profusão

O Palmeiras se desfez de jovens promessas. Daniel Fuzato foi transferido para a Roma, da Itália, por R$ 2,2 milhões. O atacante Fernando, de 19 anos, acertou com o futebol ucraniano por 5,5 milhões de euros – o Verdão lucrou R$ 21,6 milhões por ter 90% dos direitos econômicos.

No time dos garotos, o lateral João Pedro foi vendido para o futebol português. A negociação foi fechada em 4 milhões de euros, dos quais R$ 9,2 milhões ficaram com o Verdão, que era dono de 50% dos direitos econômicos do jogador de 21 anos.

Na turma dos mais velhos e consagrados, o atacante Keno foi vendido para o futebol do Egito por quase 40 milhões de reais. O meio campista Tchê Tchê foi para a Ucrânia por 20 milhões de reais e Roger Guedes, para a China, por 43 milhões de reais. O montante de vendas atingiu a casa dos 150 milhões de reais. Recorde da gestão.

Máquina de triturar treinador

Roger Machado fazia boa campanha na Libertadores, mas não resistiu à má fase no Brasileirão e foi mais um técnico demitido por Alexandre Mattos. Para o seu lugar, pelo quarto ano seguido alguém assumindo no segundo semestre, chegou Felipão. Nas mãos dele, o Palmeiras se sagraria Decacampeão nacional. Sucesso dentro de campo. Dinheiro do lado de fora.

Azul, ainda

No fim das contas, a equipe do Palestra Italia ainda fechou o ano no azul: além de ter conquistado o Campeonato Brasileiro, encerrou 2018 com lucro de R$ 30,7 milhões. O patrimônio líquido acumulado foi de R$ 59,6 milhões.

A manutenção de atletas de maior salário dentro do elenco gerou alto custo. Em relação a 2017, quando o gasto com salários, direitos de imagem e contratações foi de R$ 247,1 milhões, em 2018 esse montante subiu para R$ 335,2 milhões. Essa nova conta exigia maiores resultados em campo. A conquista segurou a onda, mas o Palmeiras flertava com o vermelho. Os gastos se elevaram muito, mas os resultados foram iguais aos de 2016, quando pagava-se muito menos.

A gestão ainda negociou a chegada da Puma. Após mais de uma década de parceria com a Adidas (desde 2006), o Palmeiras 2019 vestiria a outra marca alemã. Uma novidade muito interessante financeira e moralmente falando para um Palmeiras, que iria para 2019 com a missão de ganhar ainda mais. Queria ganhar a América.

Missão tripleta

Vivendo ótimos momentos, o comando do Palmeiras aprovou uma mudança estatutária importante. Com um bloco formado por Maurício Galiotte, pela conselheira Leila Pereira, dona da Crefisa/FAM, o ex-presidente Luiz Gonzaga Belluzzo e também Seraphim Del Grande, presidente do CD, o grupou conduziu a proposta para que a eleição presidencial, em novembro, já elegesse alguém para os próximos três anos, em vez de dois, como até então.

No dia 21 de maio, portanto, ficou aprovada a mudança. Entre os 224 conselheiros que votaram – são 280 aptos para tal responsabilidade -, 143 a favor, 79 contra e houve duas abstenções. Caminho aberto para que a o projeto de Leila e Maurício pudesse avançar até 2021, quando a conselheira poderá se candidatar para o cargo máximo da SEP.

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Patrocínio problemático

Às vésperas da votação presidencial, Genaro Marino, opositor do eleito Maurício, apresentou ao clube proposta da Blackstar, empresa disposta a pagar R$ 1 bilhão por um contrato de patrocínio válido por dez anos. Em ação pela suspensão que receberia – afastado do clube – meses depois de a proposta fracassar, Genaro citou uma possível saída de Leila Pereira. O futuro, porém, mostrou que ela faria o maior contrato da América Latina e que a Blackstar teria sua idoneidade contestada.
PresiLeila

Desde a chegada ao Conselho, como você leu por aqui, Leila falava com temor sobre ser presidente. Aos poucos, foi trocando o tom de negação pelo de possibilidade. Em maio, no entanto, organizou um jantar luxuoso para conselheiros, diretores e sócios do Palmeiras em um hotel cinco estrelas em São Paulo, no qual defendeu a alteração do mandato para três anos.

A mudança esteve estagnada desde 2013 e foi retomada por Galiotte, que tinha o tema como uma das linhas de frente de sua campanha.

Valores, valores

O Palmeiras gastou R$ 590,5 milhões com seu departamento de futebol em 2018. O número representa um aumento de R$ 181,8 milhões nas despesas em relação a 2017, quando esse custo havia sido de R$ 408,7 milhões.

Foram arrecadados em 2018 R$ 688.572.176,00, mas houve queda no superávit em cerca de R$ 57 milhões em 2017 para aproximadamente R$ 30 milhões em 2018. A despesa total no ano foi de R$ 657.884.006,00. O Palmeiras viu, à época, como algo equilibrado. Nota-se, entretanto, uma queda vertiginosa desde 2016, quando o superávit foi de 90 milhões.

Há, também, um salto no valor das dívidas com empréstimos a longo prazo – de R$ 22 milhões em 2017 para R$142,6 milhões em 2018, devido ao investimento da Crefisa na contratação de atletas, como detalhamos ao longo desse texto.

Avanti degringola

Após liderar o ranking de sócios torcedores no Brasil e ser top 10 do mundo, ultrapassando os 130 mil adimplentes, o Palmeiras desceu a ladeira. Entre os 20 clubes com mais sócios, o verde não divulga mais a quantidade atual. A última atualização ocorreu por meio de um relatório do Conselho de Orientação Fiscal (COF) do Palmeiras que, de acordo com o GloboEsporte.com, é de 60,4 mil adimplentes. Menos da metade do que já teve antes. A respeito do tema, no final de 2018, inclusive, o programa aumentou em 20% todos os valores das mensalidades em todos os níveis de associação.

Tudo perfeito – 2019

Era o ano mais promissor destes todos, da nova fase endinheirada e estruturada do Palmeiras. Virou o ano com o título brasileiro debaixo dos braços, com o treinador campeão mantido no cargo e ainda fez um esforço lendário para manter suas maiores estrelas. Segurou Dudu quando a China o quis e ainda manteve o capitão Bruno Henrique, desejo substancial também dos chineses. A trinca direção de futebol, comissão técnica e corpo de atletas passava intacta pela janela de transferências e começava 2019 com o pacote dos sonhos.

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Pacote pesadelo

A ida do Palmeiras ao mercado foi bastante ágil na virada de ano. Antes mesmo de a temporada começar, a equipe já havia apresentado seu pacotão 2019. Matheus Fernandes, por 13 milhões de reais; Zé Rafael, por 14 milhões de reais; Mayke, em definitivo, por 14 milhões de reais; a permanência de Gomez, por 25 milhões de reais; o fico de Marcos Rocha, por 8 milhões de reais; a chegada de Arthur Cabral, por 5 milhões; e os incríveis 23,9 milhões de reais por Carlos Eduardo. Além de Felipe Pires, que chegou por empréstimo. Estava montado o elenco para o novo ano por 114,5 milhões de reais.

Pouco para o maior patrocínio das Américas

No dia 23 de janeiro, Maurício e Leila, em coletiva, anunciaram que a Crefisa havia renovado seu patrocínio ao Palmeiras por mais três anos, o maior prazo já acordado entre as partes. É a mesma duração do mandato do reeleito Maurício.

O novo acordo prevê: 81 milhões de reais anuais, 15 milhões de luvas pela assinatura da parceria, 6,8 milhões de reais em propriedades de marketing (ajuda no salário de atletas) e uma premiação por temporada de 34 milhões reais, totalizando cerca de 136 milhões por ano. No total do contrato, podem-se atingir impressionantes 410 milhões de reais.

O Palmeiras, então, projetava um orçamento de 650 milhões para o novo ano. O mais robusto já visto pelas alamedas.

Pioneirismo com EI

Paulo Nobre, em entrevista ao final de seu mandato, afirmou que havia esgotado os termos possíveis com a Globo antes de fechar um acordo pioneiro com outra televisão: o Esporte Interativo.

"Vocês (Globo) foram a primeira televisão com quem conversamos, então entendam que da mesma maneira como vocês supervalorizam Corinthians e Flamengo, pode ter uma televisão que queria nos supervalorizar também"

O resultado dessa opção foi a assinatura com o canal de televisão a cabo em um acordo complexo e de altos valores. A começar pelas luvas de 100 milhões de reais pela assinatura, em 2016.

O acordo previa alguns pontos importantes que não estavam presentes nos acordos habituais com a Rede Globo, como o uso do nome “Allianz Parque”, a divulgação do programa ‘Avanti’ em todas as redes do canal e também uma parceira para internacionalizar a marca Palmeiras.

No dia 13 de Dezembro de 2016, momentos finais da gestão Paulo Nobre, foi fechado esse complexo e lucrativo contrato. Por fim, havia uma cláusula extra que dizia: caso não haja acordo com Globo, a consequente exclusividade do EI, o alviverde embolsaria MAIS 34.5 milhões de reais. A Vênus Platinada reagiria.

Guerra Global

Longos e longos meses, campeonato já em andamento, jogos sem transmissão, uma guerra nunca antes vista e uma resistência elogiável. O Palmeiras não cedia, não abria mão de ter valores semelhantes aos de Flamengo e Corinthians, a dupla que sempre teve a primazia nos pagamentos da televisão. Era uma rebeldia inimaginável.
Ela chega ao fim com a conquista desejada. Palmeiras e TV Globo fecham contrato pelos direitos de transmissão do Brasileirão de 2019 a 2024 em 23 de maio. Diante do desejo alviverde, a Globo cedeu e subiu a cota do Palmeiras para um valor estimado em R$ 100 milhões.

A emissora ainda concordou em não aplicar ao clube o redutor de 20% do contrato (R$ 9,6 milhões em vez de R$ 12 milhões) por ter assinado com Esporte Interativo, uma imposição do Palmeiras para assinar o contrato.

“Informo aos nossos milhões de torcedores que entramos em acordo com a TV Globo sobre os direitos de transmissão para tevê aberta e pay per view em relação ao Campeonato Brasileiro. Tivemos os nossos pleitos atendidos a contento e assinamos um contrato com duração de seis anos”, disse Mauricio, presidente do Palmeiras, em nota.

Caso Goulart

Era a coqueluche do torcedor. Cereja do bolo. “Cadê o Goulart?”, diziam. O Palmeiras trouxe da China o seu mais representativo reforço. Em 15 de janeiro, o alviverde chegou a um acordo complexo para que o atacante vestisse verde. Por empréstimo de um ano e salário divulgado de 600 mil reais, cerca de um quarto dos vencimentos que ele recebia no clube chinês, Goulart viria também com a opção de compra – por dez milhões de euros – ao final dos 12 meses do empréstimo, mas o sonho de verão duraria bem menos.

Em 29 de abril, Ricardo sente uma lesão no joelho direito após um lance de jogo. Ele passou por uma artroscopia para solucionar uma contusão do menisco lateral. O novo problema sucederia a questão médica que já o afligia antes mesmo de se tornar atleta do Palmeiras. Desde outubro de 2018 tratando um problema na cartilagem do joelho, ele passava por cuidados especiais, mas a lesão no menisco o afastaria, no mínimo, por três meses.

No dia 23 de maio, foi anunciada a rescisão de Goulart com o Palmeiras. Em meio aos boatos sobre sua contusão ser mais séria do que o informado, o meia recebeu uma oferta do seu clube, na China, para retornar imediatamente sob o argumento de receber um aumento importante em seus vencimentos e prorrogar seu contrato por mais cinco anos. O Palmeiras, por sua vez, recebeu a compensação por todo o gasto envolvendo luvas, comissão e salários gastos com essa operação.

Ele encerrou sua pequena passagem após doze jogos, quatro gols e duas assistências. Em progresso para atingir o posto de protagonista ao lado de Dudu, o camisa 11 sai e deixa vaga a lacuna de referência técnica. Problema pra Scolari.

Paulista ruim. Arrancada histórica

Por mais que a eliminação do Paulistão tenha sido dolorida, diante de um rival, o Palmeiras de Felipão resolveu estilhaçar marcas e arrancou de forma arrasadora no Brasileirão. Deixando cinco ponto de vantagem para o segundo colocado e oito para o futuro campeão, a parada deixava clara e límpida a sensação que o bicampeonato era algo de muito provável. Tudo seguia conforme o previsto. Ou melhor.

Movimentos de base

2019 foi o ano para se falar sobre base no Palmeiras. O início do ano trouxe uma das maiores polêmicas. Arthur, revelação alviverde foi cedido ao Bahia para que houvesse espaço para Carlos Eduardo, transação de 23,9 milhões de reais.

Pouco tempo depois, o clube se desfez de Luan Cândido, lateral esquerdo que fazia ótimo percurso de base. Considerado uma das cem maiores promessas do mundo, o jovem que recém completava 18 anos foi transferido para o RB Leipzig, da Alemanha, por 8 milhões de euros, mais dois milhões de euros quando Luan fizesse o quinto jogo pelo clube e também 15% em uma venda futura. Pode-se considerar um valor final na casa dos 43 milhões de reais.

Vitão, zagueiro do Palmeiras e da Seleção Brasileira de base, foi vendido por 18 milhões de reais para o Shakthar Donetski, da Ucrânia. Ele não chegou a ter sequência no time profissional. Foi exportado sem jogar.

Vale lembrar que essa sequência de garotos vendidos começou em 2018, com a saída de Fernando, que iniciava sua trajetória na equipe principal do verde, por 21 milhões de reais, também para o Shakthar Donetsk. Para efeito de comparação, Carlos Eduardo custou 3 milhões a mais aos cofres alviverdes.

Daniel Fuzato, ainda em 2018, foi vendido à Roma por 2,2 milhões de reais. Hoje, ele integra a Seleção Brasileira.

É importante lembrar que Gabriel Furtado, Yan, Papagaio, Vitinho e Pedrão, nomes que foram multicampeões nas categorias de base, hoje estão emprestados para clubes do Brasil e do mundo e nenhum deles integra o elenco profissional.

Iván Angulo, considerado um fenômeno jovem da Colômbia, chegou ao Palmeiras em um contrato de empréstimo junto ao Envigado, pequeno clube local, mas, diante do sucesso do garoto, o alviverde fechou a compra dele 11,6 milhões de reais, através de cláusula no contrato de empréstimo. Apesar do ótimo desempenho, ele também jamais atuou pela equipe principal.

Segunda fase do mercado

O hiato de campeonato trouxe novidade para a esquadra alviverde. A primeira delas foi Ramires, experiente volante que atuava no futebol chinês e chegou sem custos, mas com quase um ano de inatividade.

Vitor Hugo, desejo da torcida, retornou do futebol italiano após deixar a equipe em 2017. Por 25 milhões de reais e um contrato de cinco anos.

Henrique Dourado chegou por empréstimo e com zero custo ao Palmeiras. A ideia era recuperá-lo fisicamente após fratura.

Luiz Adriano veio como solução. Era a contratação mais importante dessa janela e foi em uma negociação sem custos ao alviverde, que pagaria luvas e salário.

Quatro atletas por 25 milhões.

Mesmo assim, crise.

Queda na Libertadores em uma virada inesperada dentro de casa, queda na Copa do Brasil quando tudo parecia caminhar pra classificação, queda no Brasileirão e perda da liderança. Goleada sofrida para o Flamengo, que abria larga vantagem sobre quem o superava, antes, por oito pontos. Crise instaurada. Felipão é demitido. Oitavo treinador que perde o cargo nessa gestão de Alexandre Mattos. Média de um treinador a cada sete meses. Nenhum deles esteve no cargo por uma temporada completa.

Isolamento político

O Palmeiras de 2019 degringola. Não se acha, apesar dos números serem bons. Entra em rota de colisão com parte de sua torcida. Protestos pesados, até certo ponto violentos. Alexandre Mattos é eleito o culpado. Cúpula alviverde pressiona pela demissão. Presidente o mantém e abaliza a chegada de Mano Menezes. Por isso, ficam ilhados.

#ManoNão

Explode nas redes sociais a campanha do alviverde contra a chegada do treinador. A diretoria banca. E como dito, o trio presidente, diretor e treinador fica isolado. Sozinho. Leila Pereira não banca mais a dependência de Alexandre. Não se manifesta a favor do trabalho. “Não sou eu quem contrata”, diz. Restam os três. A dona da Crefisa parece se realinhar politicamente para se proteger da chuva que atingiu a atual gestão. Missão presidente?

Aliança 2021

Presidente do Conselho, Seraphim Del Grande declarou, recentemente, em outubro, que Leila estava insatisfeita com Mattos, bem como ele também está. Eles foram vistos, por exemplo, na Festa Junina do clube, na mesma mesa. Já há quem garanta que saia dessa união o encaminhamento bastante óbvio para Leila candidata a presidente nas próximas eleições do Palmeiras.

Folha Salarial

Conforme apurado por esta publicação, o Palmeiras de 2019 tem a maior folha salarial do Brasil, ao lado do Flamengo. O alviverde gasta 9 milhões de reais, contando apena o valor de carteira. O número, por exemplo, somado aos gastos com direitos de imagem, beira os 20 milhões de reais. Com folga, o maior valor gasto dentro do Brasil. O Flamengo, para efeito de comparação, bate na casa dos 18 milhões.

Finança contestada

Ainda que o presidente Maurício tenha afirmado ao Globo Esporte que “as finanças do Palmeiras estão sob controle. O clube está financeiramente estável, equilibrado, fazendo uso exclusivo de receitas correntes, sem qualquer antecipação de recebíveis ou recursos de terceiros”, o prejuízo de 33 milhões de reais no balanço de agosto causou preocupação sobre como iam as contas do alviverde.

A resposta da direção sobre esse déficit diz respeito à variação cambial, despesas financeiras acima do planejado, receitas com patrocínios, direitos internacionais, placas e bilheterias abaixo do que estava previsto em orçamento.

Fomos atrás de porquês

O balanço do mês de agosto fala em 147 milhões de reais a serem pagos para outros times por negócios realizados e também para intermediários (pessoas que fazem parte da negociação com atletas). Deste valor, 110 milhões vencem num curto prazo de tempo, ou seja, precisam de solução rápida. Nesse momento, diante da baixa bilheteria, da qual falaremos, e falta de premiações por títulos, que não foram conquistados, o empréstimo bancário surge como opção quase única.

Quando falamos em bilheteria, há algo a ser pontuado. Por mais que já se tenha faturado quase 60 milhões em renda bruta com o público dos jogos, o Palmeiras tem, hoje, seu pior índice de ocupação no estádio. Abaixo de 70% da capacidade. Em 2018, para efeito de comparação, o clube atingiu 80 milhões de renda com 75% de lugares ocupados.

A direção, no entanto, acredita que esses números reflitam apenas a ausência da equipe nas semifinais da Copa Libertadores e da não disputa, ou quase, no Brasileirão. Essas retas decisivas poderiam, de fato, mudar completamente os números. A gestão ainda cita 2019 como o ano de maior diversidade de ações com torcedores mirim e feminino dentro do estádio.

Precificação

Com o famoso contrato entre Palmeiras e WTorre, empresa que administra o Allianz, toda a renda de bilheteria vai para o clube, enquanto o custo de uso do estádio é do Palmeiras. Esse gasto está entre R$ 1 milhão e R$ 500 mil. Neste ano, por exemplo, a arrecadação média de jogos está em cerca de R$ 1,7 milhão.

Também por isso, o Palmeiras tem o ingresso mais caro do Brasil. Com ticket médio girando em torno de R$ 57. Como comparação, os rivais têm ingressos mais baratos: Corinthians (R$ 50), São Paulo (R$ 49) e Santos (R$ 36). O Flamengo tem um preço médio de R$ 44.

Apesar da imensa onda de reclamações, a direção do clube se defende sob o argumento de prestigiar o Avanti e seus descontos, afinal, se o clube praticar descontos, segundo eles, o torcedor poderia deixar de se unir ao programa e comprar entradas de forma avulsa. Controle de mercado, dizem os especialistas. Lembrando que o Avanti não tem mais seus dados divulgados, mas pudemos apurar que hoje o clube tem cerca de 60 mil sócios adimplentes, número que deixa o Palmeiras fora até do Top-5 do país neste quesito. Para quem já teve 130 mil, 60 mil é pouco.

2020 e a projeção

O clube mantém sigilo sobre contas e sobre ideias, mas essa longa e extensa análise permite imaginar alguns cenários.
Com um déficit conhecido no mês de agosto e sem fonte de renda extra, há que se imaginar que a situação se perpetue até o final do ano, afinal, a tendência é não haver conquistas até lá. Sabe-se, porém, que cerca de 30 milhões de reais chegarão ao vice campeão nacional, a posição provável do Palmeiras para esse campeonato.
Sem tanta robustez de receita, o clube pode seguir os modelos 2015 e 2016, além do segundo semestre de 2019, quando encontrou bons nomes em fim de contrato.

Base

O olhar para a base, ENFIM, deve surgir nesse próximo ano. Gabriel Verón, Gabriel Menino, Henri, Patrick de Paula e Esteves são nomes que a direção e a comissão entendem com potencial necessário para atuarem em 2020. Destaques da seleção sub-17 e sub-20 do Brasil, os jovens farão o chamado intercâmbio no final desta temporada e início da próxima para integrarem o elenco principal.

Entendimento do autor

O Palmeiras teve enormes acertos e se equivocou em algumas decisões secundárias. O clube, que poderia estar falido e esquecido, está no topo do país, mas não mais com supremacia. É contestado e precisa cuidar das contas que estão, desde 2017, sendo levadas a uma condição exigente de conquistas para valer o alto investimento. Com bons contratos de patrocínio, transmissão e material, o clube precisa olhar para a canteira e desfazer contratos pouco úteis. Não será mais permitido falhar. 2020 exige precisão.

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