Acabou o suspense. Miguel Borja fará parte da delegação colombiana que vai disputar a Copa do Mundo da Rússia no próximo mês.

O artilheiro do Palmeiras no ano com 15 gols será o único representante do clube alviverde no Mundial da FIFA.

Borja ‘brigava’ com outros quatro atacantes pela vaga de reserva imediato da Colômbia e foi o escolhido do técnico argentino Pekerman.

O último jogador palmeirense a representar o clube em uma Copa do Mundo também era estrangeiro. Jorge Valdívia defendeu o Chile em 2014, quando a Roja foi eliminada pelo próprio Brasil no Mineirão.

O último brasileiro a representar o Palmeiras numa Copa foi o ídolo São Marcos, que honrou a camisa 1 e ajudou o Brasil a conquistar o pentacampeonato no Japão.

O Brasil nunca ganhou uma Copa do Mundo sem um atleta da Sociedade Esportiva Palmeiras no elenco.

Do atual plantel, somente o meia Lucas Lima fez parte das eliminatórias, ainda quando atuava pelo Santos, mas acabou perdendo espaço nos 23 de Tite.

Obviamente, 80 minutos de superioridade numérica foi fator determinante para que, na Colômbia, o Palmeiras conquistasse a larga vitória por 3 a 0 sobre o Junior Barraquilla. Evidentemente, Bruno Henrique merece elogios pela atuação e pelos dois gols marcados. Ninguém precisa ler uma análise para entender o óbvio, mas certamente vale a pena ler um texto cujo objetivo é mostrar um oculto fator também determinante para a vitória.

1 – A consciência tática de Willian foi fundamental durante a partida

Alguns estranharam o posicionamento de Willian no início da partida, aparecendo quase sempre do lado direito do ataque, já que usualmente atua do lado oposto. Entretanto, no decorrer do jogo, mais do que aparecer na esquerda, o mapa de calor do camisa 29 mostra quão versátil ele foi, jogando até mesmo no miolo do sistema defensivo quando foi necessário auxiliar.

2 – O espírito da competição em Willian foi fundamental para o 2º gol do Palmeiras

O placar de 1 a 0 sobre o Junior Barranquilla era, sim, perigoso. Ainda mais com o final do primeiro tempo em que a equipe colombiana rendeu muito mais do que o Palmeiras, mesmo com um jogador a menos. Diante disso, a segunda etapa exigiria uma postura diferente do time de Roger Machado. Se acomodar com o resultado não poderia ser opção, assim como Willian não se acomodou na jogada do gol que ampliou a vantagem no placar.

Embora Borja tenha balançado as redes, a jogada tem início em uma disparada de Willian pela direita, na qual ele claramente sofre uma penalidade máxima não marcada. A cômoda sensação da injustiça de não ouvir o apito marcando a infração poderia fazê-lo ficar no chão reclamando, o que não aconteceu. Logo após ser derrubado, ele não titubeia em levantar, recuperar a bola e, a partir dali, iniciar a jogada responsável por matar o jogo.

Willian combinou os dois ingredientes necessários para vencer a Libertadores

Na Copa Libertadores da América, assim como em qualquer torneio, vitórias são fundamentais. Mas elas não culminam em título se a equipe não entender e encarnar o espírito da competição. É preciso se desdobrar em campo, independentemente da situação do placar. É preciso esquecer as manhas e surpreender o adversário sempre que possível. É preciso unir tática e determinação, assim como Willian uniu e foi fundamental na única vitória de um brasileiro até agora dentro da rodada de abertura da Copa Libertadores da América 2018.

Dentro de casa, o Junior Barranquilla não admite que um adversário mande na partida.  O Palmeiras terá de encarar o inédito desafio no ano de enfrentar uma equipe sem o poder da bola ou encontrar um caminho para se impôr e travar o jogo adversário.

Grande exemplo do poder da posse de bola colombiana aconteceu no último confronto do Junior Barranquilla em casa pela Copa Libertadores da América, na vitória diante do Guaraní-PAR por 1 a 0.  A superioridade foi gigante em todos os critérios.

• Posse de bola:  Junior 67% x 33%  Guaraní
• Finalizações: Junior 24 x 7 Guaraní
• Passes certos: Junior 471 x 136 Guaraní

Diante do Corinthians, por exemplo, o Palmeiras passou boa parte do 1º tempo com menos de 35% da posse de bola. Não conseguiu desenvolver nada daquilo que apresentou diante de adversários muito mais fracos, quando o Palmeiras controlou os jogos.

Vale destacar que o Junior Barranquilla não abriu mão de seu estilo de jogo nem mesmo quando atuou longe de casa, contra o Olimpia, na 2ª rodada de mata-mata da primeira fase da Libertadores 2018. Por mais que tenha saído de campo com a derrota por 1 a 0, o Junior também foi superior nos números.

• Posse de bola: Olimpia 44% x 56% Junior
• Finalizações: Olimpia 12 x 14 Junior
• Passes certos: Olimpia 222 x 348 Junior

Depois de se provar forte contra adversários de menor expressão, o novo desafio do Palmeiras é confirmar que pode se impôr contra rivais de qualidade técnica semelhante, independentemente do local em que acontece o jogo. O Grêmio, por exemplo, conseguiu se impôr no Uruguai, diante do Defensor, e só não saiu com a vitória por conta de uma falha defensiva nos minutos finais do jogo.

Contra o Santos, o Palmeiras venceu abrindo mão da bola em alguns momentos do jogo. Contra o Corinthians, o Palmeiras perdeu sem nem mesmo passar perto de ter o controle da partida. Contra o Junior Barranquilla, o Palmeiras abrirá mão da posse da bola? Se sim, por quanto tempo? O jogo será mais um grande teste para entender como essa equipe vai encarar adversários que também gostam de ter a bola durante os 90 minutos.