O Palmeiras não sofria uma derrota por dois gols de diferença desde outubro do ano passado, quando deixou a Bombonera com um 2 a 0 para o Boca. O revés de mesmo placar contra o Ceará, aliás, não me pareceu um acaso. A equipe de Felipão sofreu quatro gols nos últimos três jogos. Além disso, Weverton também apareceu como nunca no ano. Antes, não era necessário. Porém, defensivamente o Palmeiras tem cometido deslizes suficientes para permitir ao adversário boas oportunidades de finalização. Separei algumas imagens que me parecem mostrar problemas recentes no sistema defensivo alviverde: espaço para finalização e erros de marcação.

ESPAÇO PARA CONCLUSÃO DAS JOGADAS NO MEIO RENDEU GOLS E PERIGO:

CEARÁ X PALMEIRAS – GOL DE MATEUS GONÇALVES – Espaço que Mateus Gonçalves teve para finalizar já apareceu outras vezes antes.

A intensidade defensiva do Palmeiras, de um modo geral, não permitia nem que o adversário cogitasse ajeitar uma bola para finalizar com calma. Não foi assim com Mateus Gonçalves, por exemplo, na abertura de placar do jogo de ontem.

Repare na imagem abaixo que há uma linha de cinco palmeirenses dentro da grande área, sendo que há apenas um atleta rival devidamente marcado. Fora da área, outros três jogadores alviverdes estão sozinhos, próximos do meio-campo. Entre eles, dois atletas do Ceará (um deles é Mateus Gonçalves) estão em condições de receber uma assistência para finalização, condição que tirou o zero do placar no Castelão.

INTERNACIONAL X PALMEIRAS – LANCE PERIGOSO – Contra o Internacional, uma imagem muito parecida com essa do gol de Mateus Gonçalves aconteceu com Edenílson: seis jogadores do Palmeiras estão dentro da área para impedir a participação de três atletas colorados no lance. Entretanto, Edenílson consegue arriscar, sem marcação, quando a bola sobra, mas falha na mira e perde o gol. Confira o que descrevi na imagem abaixo:

INTERNACIONAL X PALMEIRAS – LANCE PERIGOSO – No mesmo confronto, mais uma vez o erro aparece: cinco jogadores palmeirenses estão em cima de três atletas do Internacional na área, mas ninguém está marcando D’Alessandro, que recebe livre para arriscar e exigir boa defesa de Weverton. Confira o que descrevi na imagem abaixo:

INTERNACIONAL X PALMEIRAS – GOL DE PATRICK – Há quatro jogadores do Palmeiras praticamente no mesmo lugar da grande área em frente a dois atletas do Inter. Na sobra de bola, Patrick recebe com espaço no meio para concluir a gol. A zaga ainda tenta salvar, mas o desvio acabou sendo decisivo para que a bola subisse e passasse por cima de Weverton. Confira o que descrevi na imagem abaixo:

QUANDO ESPAÇO NÃO APARECEU, ERRO DE MARCAÇÃO INDIVIDUAL PREJUDICOU

SÃO PAULO X PALMEIRAS – GOL DE PABLO – Contra o São Paulo, lance parecido com esses três mencionados acima acontece, mas a marcação está posicionada: o gol tricolor sai em falha individual. Repare na imagem do lance, onde é possível perceber que os dois atletas invadindo a área pertencem aos dois defensores que estão na área. Os quatro homens da linha defensiva estão com algum "responsável", assim como os dois jogadores do São Paulo que vem de trás também estão com dois marcadores alviverdes (até mais a frente deles). Confira o que descrevi na imagem abaixo:

A falha é de um zagueiro do Palmeiras. Ela acontece na finalização, quando Pablo consegue se antecipar a Antônio Carlos (em bola que veio na direção do defensor) e chutar para as redes, como você pode ver na imagem abaixo, que é sequência da apresentada acima.

CEARÁ X PALMEIRAS – GOL DE LEANDRO CARVALHO – A defesa está devidamente posicionada e o lançamento vem de um tiro de meta do goleiro do Ceará. Felipe Melo tenta o corte, mas a bola raspa sua cabeça e segue em direção ao gol do Palmeiras. O problema é que Leandro Carvalho estava mais esperto do que Diogo Barbosa e ganhou na corrida, mesmo saindo atrás, finalizando por cima de Weverton: mais um gol envolvendo falha individual. Confira a vitória individual de Leandro na sequência de imagens:

SÃO PAULO X PALMEIRAS – LANCES PARECIDOS E PERIGOSOS – Espaços e falhas na intermediária do setor defensivo estão acontecendo e o início de grande parte das jogadas que terminam em finalização a gol está nas laterais defensivas, onde o adversário tem usado para se aproximar do gol de Weverton.

Os gols sofridos diante de São Paulo e Internacional tiveram origem em lances pelas pontas. Contra o Ceará, o primeiro gol também foi assim. Porém, Weverton foi decisivo em dois lances construídos pelo meio-campo do São Paulo que poderiam ter gerado uma sequência de três derrotas ao Palmeiras. Como você pode ver nas duas imagens abaixo, Tchê Tchê e Pato recebem, pelo lado, cara a cara com o goleiro em lance construído pelo meio:

Em resumo: espaços na intermediária quando o adversário cria pela ponta, espaços na ponta quando o adversário cria pelo meio e erros individuais quando o posicionamento está bem postado. Esse elenco não havia visto adversários pisarem tanto na sua área quanto nos últimos três jogos. O sistema defensivo do Palmeiras ainda não encontrou o equilíbrio de outrora, quando o adversário tinha a bola consigo, mas olhava para as linhas alviverdes e não sabia o que fazer com ela.

A pausa para a Copa América pode ter trazido ao time de Felipão uma quebra forte de ritmo e intensidade. Suficiente para desequilibrar as ações defensivas e trazer, em alguns lances, impressão de falta de entrosamento dos atletas no momento defensivo. Duvidar da capacidade desse sistema que funcionava (e muito bem) é esquecer o trabalho do 1° semestre, porém constatar que ele ainda não se achou na segunda metade do ano é mais do que razoável.

Foto: Reprodução/Esporte Interativo

A goleada por 5 a 0 do Palmeiras sobre o Novorizontino despertou expectativa no torcedor palmeirense, claro, pelo resultado. Porém, o desempenho da equipe chamou a atenção e muitos querem entender os motivos de terem visto uma equipe que conseguiu satisfazer o desejo tão subjetivo do "jogar bem" ou "jogar aquilo que todos esperavam". Por que o Palmeiras jogou tão bem contra o Novorizontino? Eu explico.

O time foi vertical usando quatro jogadores ou mais na linha de frente, sem isolar o centroavante, o que deu ao time possibilidades de enfrentar o Novorizontino em igualdade numérica já na intermediária ofensiva. Além disso, não esperou a equipe do interior chegar ao meio-campo para tentar roubadas de bola. Foi intenso na marcação já próximo da área do Novorizontino, lembrando até a postura que dos times de Cuca, o que também foi fundamental para endossar a boa atuação e mostrar a qualidade e o repertório que tem esse badalado elenco alviverde. Para que você visualize tudo isso que expliquei, preparei um vídeo com lances do jogo, no qual explico cada um desses pontos. Confira!

Foto: Reprodução Esporte Interativo/Blog do Fragoso

O Choque-Rei foi uma partida de dois tempos bem distintos. No primeiro deles, embora o Palmeiras tivesse posse de bola superior ao São Paulo, não soube usá-la e acabou sofrendo mais do que oferecendo perigo. O Tricolor incomodou pelo alto, nas bolas paradas e também nos contra-ataques, porém sem construir pelo meio. O time de Felipão basicamente não conseguiu atacar.

No segundo tempo, as mudanças de postura da marcação e de Carlos Eduardo por Borja fizeram a diferença para que os papeis se invertessem e o Palmeiras passasse a criar e controlar melhor o São Paulo. Contando com um camisa 37 inspirado como nunca, já que as primeiras atuações de Carlos Eduardo foram terríveis no ano, o time de Felipão conquistou a vitória no Pacaembu. Para visualizar e entender passo a passo o que expliquei nesse breve texto, assista a análise que produzi com lances da partida.

Foto: Cesar Greco/Ag. Palmeiras

O placar mais elástico do Palmeiras no ano não aconteceu por acaso. Vencer o Melgar no Allianz Parque estava no planejamento de Luiz Felipe Scolari, porém havia também mais um objetivo a ser cumprido: aumentar a eficiência do ataque palmeirense sem sofrer sustos. E ele foi atingido.

O time acumulou 16 finalizações, com oito em direção ao gol e três mexidas no placar. O equilíbrio foi fundamental para ser a noite mais eficiente do ano. Na derrota para o Corinthians por 1 a 0, por exemplo, o Palmeiras finalizou 25 vezes, mas só acertou o gol em uma dessas tentativas. Finalizou mais, claro, porém sem qualidade e eficiência.

Na outra partida em que também acertou oito vezes o gol, balançou as redes as mesmas três vezes, mas sofreu muito mais do que gostaria defensivamente. Foi contra o Ituano, único adversário a marcar dois gols no Palmeiras nesse ano, e terceiro que mais incomodou a defesa alviverde em chutes a gol, somando 13 ao fim da partida (um a menos do que Junior Barranquilla e Red Bull). O Melgar, porém só concluiu seis jogadas em todo o duelo.

O time que entrou em campo na noite da última terça-feira caminha para ser a linha titular de Luiz Felipe Scolari. Diferente da estreia na Libertadores diante do Junior Barranquilla, apenas Deyverson substituindo Borja. Dificilmente os quatro homens de frente perderão posição (Dudu, Scarpa, Goulart e Deyverson), enquanto o Antônio Carlos deve deixar a equipe para a entrada de Luan, quando estiver recuperado. Os laterais podem variar de acordo com o adversário, mas a chamada base titular inicial parece já estar definida para 2019.

Foto: Cesar Greco/Ag. Palmeiras

Como escrevi aqui após a vitória do Palmeiras sobre o Bragantino, Gustavo Scarpa deu muita dinâmica ao meio-campo do Palmeiras e permitiu que a equipe pudesse fugir do vício envolvendo o jogo pelas pontas. Diante de sua lesão, Lucas Lima apareceu como a opção para levar essa evolução do time, mas contra a Ferroviária não obteve sucesso.

Lucas Lima tem como característica a jogada de bola enfiada entre as linhas da zaga no ponto futuro do atacante, para que ele receba já de frente para o gol, em condições de finalizar. Durante 45 minutos, essa jogada surgiu três vezes e poderia até ter resultado em gol, mas não aconteceu. O problema é que Lucas aprensentou apenas isso de grande relevância durante todo o jogo, bem diferente de Scarpa. Além disso, em alguns momentos deixou buracos no meio, entrando na última linha de ataque.

Produzi, então, uma análise mostrando esses lances característicos do meia e os erros que ele cometeu em lances teoricamente mais fáceis. Além disso, claro, trouxe uma jogada para exemplificar o buraco na intermediária ofensiva em dois momentos muito próximos. Confira!

Nessa terça-feira, o atacante Ricardo Goulart foi anunciado como reforço do Palmeiras. Foi emprestado pelo Guangzhou Evergrande por um ano e deve estar recuperado de sua lesão no joelho em março, podendo aparecer entre as escalações de Luiz Felipe Scolari. Enquanto isso, Felipão já montou duas possibilidades em jogo-treino diante do Comercial. Aproveitei, então, para mostrar as duas escalações e também uma terceira, utilizando atletas que não apareceram nessas formações. Além disso, as possibilidades da equipe titular com Ricardo Goulart.

FORMAÇÃO NÚMERO 1: Essa formação foi a primeira utilizada por Felipão em 2019. Ela esteve em campo durante todo o 1º tempo do jogo-treino diante do Comercial. Felipe Pires tem impressionado a comissão técnica nos treinamentos e por isso iniciou a partida.

FORMAÇÃO NÚMERO 2: Essa formação foi utilizada no 2º tempo do confronto com o Comercial e teve o revezamento de posições entre Scarpa e Zé Rafael. Além disso, Yan e Arthur Cabral entraram no decorrer da segunda etapa. Borja marcou o gol da vitória.

FORMAÇÃO NÚMERO 3: Essa formação jamais foi montada por Felipão. Esses atletas não participaram do jogo-treino por seguirem um cronograma diferente de preparação para a temporada ou por estarem atrás dos concorrentes em suas posições, mas fazem parte do elenco atual. Edu Dracena e Moisés, por exemplo, seguem cronogramas específicos. Portanto montei uma possibilidade de terceira equipe do Palmeiras.

FORMAÇÕES NO 4-2-3-1 COM RICARDO GOULART: Sem modificar o atual esquema, Ricardo Goulart apareceria atrás do atacante, no lugar de Lucas Lima, ou pela ponta, no lugar de Felipe Pires.

FORMAÇÃO COM RICARDO GOULART MODIFICANDO O ESQUEMA: Ricardo Goulart poderia aparecer ao lado de Lucas Lima, que terminou o ano com muita moral na avaliação de Felipão, caso o técnico optasse por uma equipe no 4-1-4-1. Nesse caso, o jogador da extrema direita poderia ser qualquer um dos três colocados, assim como esse primeiro volante também poderia ser qualquer um dos três citados, dependendo do adversário e da proposta. Pela esquerda, para reforçar defensivamente o time, Victor Luis poderia aparecer no lugar de Diogo Barbosa.

De acordo com Felipão, o elenco do Palmeiras terá cerca de 30 jogadores, mas conta com 37 nesse momento, portanto algumas peças devem sair e diminuir as possibilidades desse quebra-cabeças de pranchetas. Certo é que Felipão tem muitas possibilidades de time para montar. Com as qualidades de Goulart, tem até novas possibilidades táticas.