O desgate da maratona absurda de 40 jogos e uma decisão de mata-mata após a outra pesou. No domingo pela manhã, o Palmeiras jogava pelo empate contra o Santos, na partida de volta da semifinal paulista.

Vencia o time de Felipão por 2 a 0, no Morumbi. Na terça-feira à noite teria outra semifinal. Outra partida de volta. Outro clássico. Outro alvinegro. Outra Libertadores. No mesmo Morumbi. Mas então precisando vencer depois de ter perdido a ida por 4 a 3 para o Corinthians.

Talvez um certo relaxamento explique hoje a virada sofrida. E dolorida. Mesmo não sendo a prioridade o SP-00, claro que doeu. E abalou um pouco o moral do grupo que estava pilhado por Felipão para a Libertadores. Não para o Paulistão.

A própria torcida palmeirense queria era a revanche sul-americana. Tanto que foi minoria naquela manhã de domingo no Morumbi. Tinha mais santista entre os 25 mil presentes.

Argel fez de cabeça 1 a 0 para o Palmeiras, aos 32. Aos 8 do segundo tempo, Euller ampliou para o Verdão que estava praticamente completo. Não tinha porém seus melhores jogadores: César Sampaio e Alex, titulares do Brasil naquele mesmo domingo à tarde, em Lima, quando a Seleção dirigida por Wanderley Luxemburgo venceu o Peru por 1 a 0, pelas Eliminatórias.

Sim. Ainda tinha Seleção no meio das semifinais da Libertadores…

O treinador Giba botou o Santos mais à frente e foi feliz. Aos 24, uma das apostas dele chutou de longe e marcou um golaço. Eduardo Marques. Mas a sensação admitida pelos próprios santistas era de "gol de honra". Tanto que ninguém foi pegar a bola no fundo da meta de Marcos.

Anderson empatou de cabeça, aos 33. Aí o time santista passou a acreditar na grande virada que veio aos 45, com Dodô, depois de Claudiomiro ganhar de cabeça uma polêmica dividida com Marcos.

Ninguém do elenco falou depois da derrota frustrante. Ordem do treinador que estava muito abalado por não ter conquistado o Paulista.

Os jogadores foram liberados depois do jogo. Mas tiveram que se reapresentar naquela mesma noite para a concentração para o Derby da terça à noite.

(Foto: Divulgação/Palmeiras)

Camisa 24 do Palmeiras na Libertadores de 99, Euller fez uma confissão curiosa na live do Nosso Palestra deste domingo (31), ao declarar que gostava de ser reserva da equipe campeã continental:

"Eu gostava, cara. Eu gostava de ficar no banco, porque eu nunca tive pretensão nenhuma de poder ser titular. Mas eu gostava também do banco porque eu era pilhado pela torcida, a torcida gritava e aquilo ali inflamava, era uma injeção de ânimo.", disse o Filho do Vento.

Normalmente, os jogadores talentosos (como é o caso de Euller) ficam bravos por não serem titulares, pois consideram que estão sendo subestimados ou injustiçados. Contudo, o velocista palmeirense preferia ver as coisas de outra forma:

"Eu entrava e, na primeira velocidade, a torcida já gritava, e isso era bom, não era ruim. E ajudava também o time."

Embora fosse o reserva de Paulo Nunes à época, Euller entrava na maioria dos jogos durante o segundo tempo e, ainda assim, conseguia ser decisivo. Além de sua importância na reta final da campanha de conquista da Libertadores, foi protagonista de uma das maiores viradas da história do Palmeiras, um 4×2 contra o Flamengo, em 21/05/1999, pela Copa do Brasil, ao sair do banco e marcar dois gols.

Assista à curiosa declaração de Euller:

Foto: Daniel Augusto Jr/LancePress

6 de junho de 2000.

No próximo sábado, vamos completar 20 anos de um dos jogos mais emocionantes e históricos da Sociedade Esportiva Palmeiras. A classificação para a final da Libertadores de 2000 não poderia ter sido mais épica. Diante do maior rival. Buscando duas viradas. E pelo segundo ano consecutivo, eliminando ‘eles’ da maior competição do nosso continente.

Se tem uma imagem que retrata bem o que foi aquela noite no Morumbi, essa imagem é exatamente a foto que ilustra a capa dessa reportagem. Aos 38 minutos do primeiro tempo, Euller venceu Dida e abriu o marcador para o Palmeiras.

Na comemoração, o ‘Filho do Vento’ se ajoelhou na bandeira de escanteio. De frente para o camisa 7, estava o até então fotógrafo do jornal Lance!, Daniel Augusto Jr.

Em Live com o Nosso Palestra nesse último domingo, Euller admitiu que estava terminando de agradecer Deus no exato momento da foto.

Hoje com mais de 10 anos como fotógrafo oficial do Corinthians, Daniel Augusto era um fotojornalista naquela noite. Sem time, pelo menos durante o exercício de sua profissão. Sua paixão alvinegra não poderia atrapalhá-lo naquele momento.

Daniel foi mais fotojornalista do que nunca, e o click ganhou a página de abertura do Lance! do outro dia, entrou para a história da Sociedade Esportiva Palmeiras.

Leia o relato de Daniel Augusto Jr sobre a história dessa fotografia:

"Estádio do Morumbi; 06/06/2000; Semi-final da Taca Libertadores da América, Palmeiras X Corinthians, em jogo uma vaga na final…

As pessoas que me conhecem um pouco sabem que hoje sou fotógrafo oficial do Corinthians, mas nesse tempo eu trabalhava no Lance. E trabalhando em um jornal você faz todo tipo de pauta.

Corinthians tinha ganho o primeiro jogo por 4×3. Esse segundo jogo deu 3×2 “para eles” e a classificação nas mãos do Marcos.

Eu não me lembro essa foto do Euller foi feita quando ele marcou o primeiro gol, ou se foi na comemoração da classificação. O fato é que eu fiz essa linda imagem, triste para mim, mas muito jornalística.

Naquele tempo o filme era revelado e a imagem escaneada para poder imprimir. Me lembro quando entrei na redação do Lance, tarde da noite, zuando, dizendo o que todo jornalista sonha em fazer, relembrando uma frase que teria sido dita no filme de Orson Welles, Cidadão Kane: “Parem as máquinas (ou as rotativas) porque tenho "a foto".

Enquanto os chefes avaliavam se sim, se não, revelei o filme e escaneei. Uma outra imagem que já estava diagramada na página e pronta para ser impressa, foi trocada. Essa foto é horizontal e foi usada em página inteira na abertura da notícia. Você tinha que virar o jornal para vê-la inteira.

Jornalismo na veia!!!"

Na Live deste último domingo, 31, do Nosso Palestra, Mauro Beting e Euller relembraram essa foto histórica.

Para o jornalista palmeirense, essa é uma das fotos mais bonitas da história da SEP.

Assista ao papo completo com o Filho do Vento!

(Foto: Divulgação/Palmeiras)

Em live no canal do YouTube do Nosso Palestra, na tarde deste domingo (31), Euller revelou que bateu o pênalti no lugar de Paulo Nunes na final da Libertadores de 1999. Paulo não quis participar da disputa, contou o "filho do vento":

“Na hora das cobranças de pênalti, o Paulo Nunes não quis bater, e aí ele me perguntou (se eu queria). Eu falei assim: “Pô, tô dentro. Treinei pra isso. Treinei, tô com vontade.” Com muita fé, esperança, falei “vambora, eu tô dentro, tamo aí junto” e aconteceu de, no último minuto, poder ajudar o Palmeiras a conquistar a Libertadores. Não tem preço, não tem preço. Sou grato a todos, todos mesmo.”

Euller relatou a enorme pressão que sentiu quando se preparava e descreveu o momento da corrida para a bola:

“Nesse (pênalti) a apreensão era muito grande. Estavam em jogo ali muitas coisas. Era uma pressão enorme, enorme. Eu não me recordo de ouvir torcida, de ouvir alguma coisa. Eu não tenho na mente nenhuma lembrança de alguma coisa que eu tava ouvindo, torcida falando alguma coisa… acho que nem o apito do juiz eu ouvi. Fui lá e bati.”

Assista ao bate-papo completo com Euller:

Felipão poupou seis titulares no Palestra contra a Matonense: Arce, Júnior Baiano, Júnior, Galeano, Alex e Paulo Nunes. Chegou a ter dois jogadores a mais em campo. Teve pênalti não marcado para a equipe do interior. E não teve como vencer em jogo muito ruim tecnicamente.

"Não quero dar desculpas pela maratona que vivemos. Hoje jogamos muito mal e não merecíamos vencer. Até é bom que não vençamos jogos assim atuando tão mal", disse Felipão.

A boa nova era o retorno de Euller depois de lesão.

PALMEIRAS 0 X 0 MATONENSE

Competição: Campeonato Paulista/Segunda Fase

Data: sábado, 25/abril (tarde)

Palestra Italia

Cidade: São Paulo (SP)

Juiz: Antônio Cláudio Perin (SP)

Renda: não disponível

Público: 6 814

PALMEIRAS: Marcos; Rogério, Roque Júnior, Cléber e Rubens Júnior (Júnior); César Sampaio (Tiago Silva), Pedrinho, e Zinho; Jackson (Euller); Edmilson e Oséas

Técnico: Luiz Felipe Scolari

Expulsão: Cléber

Além de César Sampaio, que seguia de fora por lesão no tornozelo, Felipão lamentava perder Euller como opção de velocidade pelos lados. Submetido a uma artroscopia, o ponta ficaria mais de 45 dias fora do time. O treinador queria mais um atacante. O clube não queria. A Parmalat também não parecia disposta.

Depois de quatro jogos em apenas 8 dias (dois deles clássicos, e três válidos pela Libertadores), um pouco de "descanso" para a equipe na segunda-feira. Mas pedreira já na sexta, no Palestra: primeiro jogo do returno da fase de grupos contra o Olimpia, que uma semana antes vencera por 4 a 2, em Assunção.

O Palmeiras já estava eliminado do Rio-São Paulo-99 depois de quatro derrotas em cinco jogos (três delas com a equipe reserva). O clássico contra o Santos no Palestra era amistoso. Mas boa oportunidade para Felipão escalar o time mais titular possível para preparar para a estreia na Libertadores-99, contra o Corinthians, apenas dez dias depois.

O treinador, como a torcida e a imprensa, não estava muito animado com o estágio do Palmeiras. “O time está muito abaixo do esperado”.

Rivarola seria testado na zaga ao lado de Júnior Baiano. Cléber voltara mal ao time na derrota em São Januário, no sábado de Carnaval. Felipão cogitava também testar Roque Júnior como volante no lugar de Rogério.

Evair estava se recondicionando fisicamente. Mas Felipão achava que Oséas ainda estava gordo para fazer dupla com Paulo Nunes.

Jackson seguia fora por lesão. O contrato do volante Galeano se encerrara e ele pretendia continuar. O lateral e também volante Tiago Silva e o volante Ferrugem foram convocados para a Seleção Sub-20 para torneio na Tailândia.

Apenas uma boa nova para Felipão. Depois de empréstimo e lesão que o tirou dos campos por mais de seis meses, o atacante Euller (FOTO) estava em condição de ser usado como reserva para o ataque. E seria essencial na campanha de 1999.

Não é #atéoapifofinal. Pode ser antes. Acho mesmo que vai ser depois. Nos pênaltis. Depois do apito da última cobrança. Talvez como a de Zapata pra “fora” em 1999, como cantou a bola antes o Palestra Italia. Talvez como a do Prass em 2015 no Allianz Parque, quando ele nos fez tricampeões da Copa do Brasil depois do apito no chute da vitória contra o Santos.
De fato começa muito antes do apito final. Até do inicial. Começa aqui. Lá no estádio. Cá na rua. No corredor alviverde, na rua Palestra ocupada na esquina do nosso mundo com a Caraíbas. No grito de Palmeiras que antecede o do gol. No grito de vamos que processa nosso pensamento. No fôlego que perdemos pra apitar e pra cantar e vibrar. No ar que falta quando Palmeiras. Nosso Palestra que não falta nessas horas de decisão.
Não tem apito final. E que não tenha apito. Só mais uma final. Dá. E muito. Por isso precisamos nos dar as mãos e a alma como todo o time doará o corpo e as nossas almas.